O Balanço do Rising Star

Se muitos de vocês franziram o sobrolho ao lerem o titulo do post, não vos censuro. É legítimo. Afinal de contas, só falei uma vez do Rising Star, nos dias que antecederam a sua estreia. Com que direito ou interesse venho então eu para aqui fazer um balanço de um programa que, supostamente, ignorei?

Pois acontece que o ignorei apenas aqui no blog, comprometido que estava com as análises ao The Voice Portugal, a que preferi dar prioridade não apenas porque começou a ser emitido mais cedo, mas também porque superava em termos de qualidade o seu congénere da concorrência. Apesar de assistir sempre em diferido, o certo é que não perdi um programa do Rising Star - por isso posso, quero e vou dizer neste post tudo aquilo que há cerca de três meses trago guardado no peito.

Anunciado como "o programa do ano" que iria revolucionar a televisão portuguesa, é seguro dizer que o Rising Star falhou logo à partida, fruto de um problema de expectativas. Desde os apresentadores aos berros na gala inicial, ao painel de jurados sem química alguma, passando pelos concorrentes que deixavam muito a desejar ou até à própria mecânica do programa, repleta de aborrecidos compassos de espera - pouco ou nada havia de bom. A única proposta de valor era mesmo a total interactividade com o espectador. 

Mas eis que, semana a semana, o Rising Star foi tomando consciência da suas falhas e melhorando a olhos vistos, chegando à fase das galas com um leque de concorrentes bastante decente e um ritmo muito mais dinâmico e apetecível. Os apresentadores conquistaram o seu espaço, os jurados lá se conseguiram entrosar e a própria qualidade das actuações não ficava nada aquém das do The Voice. E assim dei por mim, lentamente e inesperadamente, a apaixonar-me pelo programa.

Importa agora falar das figuras que o compõem - e esta é sim, a parte verdadeiramente emocionante - ou, seja, dos 4 finalistas que no próximo Domingo disputarão a vitória: Bruno Correia, Nélson Sousa, Bruno Ribeiro e Los Romeros, todos eles do meu agrado e que dignamente chegaram até esta fase. Vamos por partes:

Bruno Correia - Não é estranho nenhum para mim nem para este blog, daí que mal o vi aparecer no programa disse logo "pára tudo, já temos o vencedor". É o meu favorito desde o início (aliás, já no tempo da OT era) e estou mesmo a torcer para que seja ele a levar o troféu para casa. Acho que é uma das melhores vozes masculinas do país, estando ao nível de um FF ou Ricardo Soler - tecnicamente irrepreensível, emocionalmente arrebatador e um performer de mão cheia. Só não tem ainda o mesmo reconhecimento que estes têm, mas depois disto certamente que ficará na memória colectiva do povo. Quanto ao seu percurso no programa, foi completamente imaculado e sempre apoteótico. Não é por acaso que obteve quase sempre as percentagens mais elevadas da votação e os elogios mais rasgados do júri. Eleger a sua melhor actuação é uma tarefa nada fácil, mas pessoalmente gostei muito de o ouvir em "I Believe I Can Fly", "Papel Principal", "Fame" (com a coreografia aux point) e, claro, o incontornável "All by Myself" que me voltou a arrepiar tanto ou mais que da primeira vez.


Nélson Sousa- Um rapaz cheio de pinta e que tem crescido imenso com o programa. Também sempre gostei bastante dele, do timbre e presença, bem como das escolhas musicais. Acho que se sabe "defender" muito bem, escolhendo temas que se adaptam à sua voz e personalidade artística. Quanto às melhores performances, destaco "A Minha Música, "When a Man Loves a Woman", "Eu Não Sei Quem Te Perdeu" (aquele momento em que o ecrã sobe no derradeiro segundo foi épico) e "A Vida Faz-me Bem". Nem sempre é imune a problemas de afinação, mas dá gosto ouvi-lo em temas mais expansivos, quando solta a voz e a sustenta lá em cima. Estou indeciso quanto ao lugar que melhor lhe assentaria, se um 3º ou 4º. Dependerá de como os respectivos oponentes se comportarem na final.




Bruno Ribeiro- Lembro-me de ter aparecido logo no primeiro programa, de ter ficado muito bem impressionado com a sua performance de "The Show Must Go On" e de ter pensado que só por ele, já ia valer a pena assistir ao Rising Star: havia sido o diamante de uma noite desoladora. 12 semanas volvidas, pode-se dizer que o Bruno fez uma trajectória incrível mas muito subvalorizada, já que as pontuações que foi obtendo raramente condiziam com a grandiosidade das suas actuações. É um intérprete incrível, extremamente versátil, de uma força e garra tremendas, que dá todo um novo significado à expressão "cantar com as entranhas". Não houvesse um Bruno Correia pelo caminho e eu atribuir-lhe-ia a vitória, mas este pode ser o último comboio para o Correia, enquanto ele tem a vida toda pela frente e um futuro auspicioso que só poderá culminar com a Broadway, como é o seu desejo. Assim sendo, gostava que ficasse em 2º lugar, apesar de ser um cenário muito pouco provável, tendo em conta o historial de votações. Ficarão para sempre guardadas na minha memória as suas actuações de "Feeling Good", "Cry Me a River" (tão incompreendida que foi) e um assombroso trio em português - "A Máquina", "Desfolhada" e "Gaivota".




Los Romeros- A grande surpresa do programa. Como grande parte dos espectadores, começei por olhar para eles com relativa indiferença, sempre à espera que mais semana menos semana fossem directos para casa. Mas eles tinham outros planos. Foram conquistando o seu espaço, evoluindo a olhos vistos e agora têm toda uma nação a torcer por eles. O salero e flamenco inteiramente presente nas suas primeiras actuações era engraçado, mas cedo se percebeu que seria preciso mais do que aquilo para seguirem em frente no programa. E não é que eles esgrimiram argumentos de sobra para tal? Primeiro com "Tudo o Que Eu Te Dou" e depois com "We Found Love", trocaram-nos as voltas e revelaram toda a capacidade vocal da Paula, que do alto dos seus 17 anos mostrou ser uma intérprete e pêras, dona de um fabuloso aparelho vocal e uma presença de palco magnética. Convém não esquecer os dois rapazes que a acompanham, que apesar de não cantarem, conferem a assinatura tão característica e única dos Los Romeros. Mas a Paula tem ali qualquer coisa de especial, algo que ficou bem claro quando se lançou herculeamente a "Senhora do Mar", momento estupendamente magnífico que tão cedo não me sairá da cabeça. Quão "devoto" estou aos Los Romeros? Bem, na última gala queria tanto que passassem à final, que me iam brotando lágrimas quando o raio do ecrã subiu a meio de "Ó Gente da Minha Terra" e a Paula desabou num choro compulsivo. Admiro-os pela bravura demonstrada e pela forma como conseguiram apaixonar o povo, mas continuo a dar primazia aos Brunos. Mas, quem sabe, se têm a destreza de escolher um reportório excepcional, ainda levam o caneco para casa...



Como espectador, faço um balanço positivo do programa: demorou a impôr-se mas, quando o fez, mostrou ser arrebatador em termos musicais e emocionais. Já numa perspectiva mais racional da coisa, acho que deixou muito a desejar. O investimento foi avultado, as audiências bastante paupérrimas para o canal em questão e a interactividade talvez ainda não seja a ferramenta mais justa para este tipo de concursos, sendo propícia a decisões baseadas no impulso, para além de que exclui desde logo todos aqueles que não lidam habitualmente com tablets e smartphones. Não me parece que a TVI volte a apostar, nos próximos tempos, neste formato, mas talvez um dia mais tarde faça sentido recuperá-lo. Por agora, deixemo-la entregue à criação de outro tipo de estrelas, nos quais parece ser perita - as decadentes.

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Comentários

  1. Em meu nome o meu MUITO OBRIGADO...UM GRANDE E FORTE ABRAÇO...Bruno Correia.
    DE CORAÇÃO Obrigado.

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    1. Ora essa, de nada! Obrigado eu pela mensagem, as palavras já têm meses mas a opinião e estima mantêm-se. Parabéns pela vitória e felicidades para o teu percurso :)

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