The Voice Portugal- 2ª Gala: Top 24

Depois de uma arrasadora gala de estreia com a primeira tranche de finalistas, foi altura dos restantes 12 concorrentes em prova experimentarem as emoções do directo no The Voice Portugal. O balanço é muito bom, mas poderei, como sempre, dissertar afincadamente acerca do que passou de lá para cá. Foi assim que aconteceu:

Equipa Mickael Carreira

Concorrente mais votado: Nuno Ribeiro
Concorrente salvo pelo mentor: Mariana Bandhold
Concorrente expulso: Bernardo Gonçalves

Mariana Bandhold- Iniciar as actuações com a jóia reluzente do programa pode funcionar muito bem em termos de captação de audiência - afinal de contas, quem se atreveria a fazer zapping depois de ouvi-la? - mas a nível de espectáculo poderia ser pouco aliciante. Preferia que a tivessem guardado lá mais para o fim, de modo a que pudesse criar expectativa. Suspense gorado, o que restou foi apenas uma ténue apreensão de 5 segundos quanto ao que Miss Bandhold levaria ao palco na sua performance de estreia. Não fiquei propriamente encantado com a escolha, mas claramente que fiquei siderado, como sempre, com a sua magnífica interpretação, digna de uma finalíssima com garantia de troféu e promessa futura de encher coliseus e arenas por esse mundo fora. Creio que deslizou muito ao de leve no clímax da canção, mas não a censuro, pois no cômputo geral foi extraordinária (e aquele final então... wooow!). Fiquei foi pasmado por não ter sido a preferida do público! Na verdade, foi um bocado preocupante: imaginava-a a chegar à final com uma perna às costas... Seria o maior ultraje da competição se tal não sucedesse, por isso votem na moça para depois não se indignarem. Eu cá farei o mesmo.



Nuno Ribeiro- Ops, se calhar gastei demasiadas linhas com a Mariana... Como não gastar, certo? É impossível não me entusiasmar perante um talento destes. Falando do Nuno: fiquei algo decepcionado com a sua prestação. A canção era perfeita para levar o público presente e o lá de casa ao rubro. Na minha, pelo menos, houve bocejos, nas vossas não sei. Mas no estúdio foi visível a indiferença da plateia, que mais parecia estar na fila para o autocarro do que a transbordar de felicidade. Foi competente, mas faltou-lhe groove e o verdadeiro espírito livre, descontraído e inescapável da canção (só o senti na parte do "bring me down"). Valeu-lhe o forte apoio dos fãs, pois esteve longe de ser o "Dia D" do Nuno. Melhor sorte para a próxima, rapaz.

Bernardo Gonçalves- A meu ver, uma das surpresas da noite. Gostei muito do que fez em "I Heard It Through the Grapevine": foi totalmente inesperado e muito bem executado, estabelecendo uma perfeita simbiose entre voz e guitarra. Era um dos concorrentes que menos gostava do lote dos 24, mas o certo é que conseguiu - primeiro no Tira-Teimas e agora na gala - mudar progressivamente a opinião que tinha a seu respeito. E fico contente que assim tenha sido, pois não gosto de guardar ressentimentos. O seu caso leva-me a pensar na quantidade de outros concorrentes que também não gostava e não tiveram oportunidade de se redimir: há aqueles que nos conquistam logo à primeira e outros que levam uma segunda, terceira ou quarta vez. Com o Bernardo demorou, mas cheguei lá. Boa sorte!

Melhor em palco: Mariana Bandhold
Classificação geral da equipa: 2º lugar

Equipa Anselmo Ralph

Concorrente mais votado: Rui Drumond
Concorrente salvo pelo mentor: Rita Seidi
Concorrente expulso: João Parreira

Rita Seidi- Depois daquela impressionante actuação da D. Omeleta no Tira-Teimas, estava preparado para vê-la arrasar, mas acabei por ver apenas uma Rita a meio gás. A culpa foi da canção que, apesar de herculeamente escolhida, não foi a mais indicada para o seu registo de cantora soul, apesar de, volta e meia, tentar impregnar-lhe essa aura. Enfrentou maiores problemas no refrão, se bem que em algumas partes não adjacentes também a senti um pouco à deriva. Mas continuo a gostar da sua postura em palco e considero que foi sensato da parte do mentor tê-la salvo.

João Parreira- Talvez por ter sempre as expectativas tão em baixo relativamente a este concorrente, acabo sempre por ficar impressionado perante o que faz. Descoberto o nicho de cantor latino que tão bem lhe assenta, seria expectável que enveredasse por esse registo, mas jamais que escolhesse um tema que seria à partida sinónimo de espatifanço. Qual quê? Não é que ele o cantou minimamente bem?! Para ter corrido melhor, só faltou mesmo acompanhar à guitarra. Claramente que concordo com a sua saída, mas é seguro dizer que não envergonhou ninguém com o seu percurso no programa. Improvável mas sem ser ao acaso: foi fruto da dedicação e uma boa compreensão daquilo que é enquanto artista.

Rui Drumond- Expectavelmente, o grande trunfo do Anselmo brilhou como só um artista do seu calibre poderá brilhar. É verdade que esperava um tema mais aliciante, mas o senhor Rui também não é parvo algum e sabe que nestas coisas também pesa muito a escolha do tema. Foi um "Wake Me Up" versão esplanada mas com os habituais ornamentos vocais da sua autoria que transformam qualquer cantiga, tenha ela o pedigree que tiver, na mais bela e faustosa das canções. Creio que a sua escolha também poderá ter estado condicionada pelo desafio lançado pela produção - deduzo eu que só possa ser - de levar os candidatos a desconstruir semanalmente canções de Avicii. Então, na semana passada foi "Addicted to You", nesta "Wake Me Up" e na próxima será a vez de "Hey Brother" ou "Silhouettes", não? Gosto do desafio, mas será que podemos mudar de DJ?



Melhor em palco: Rui Drumond
Classificação geral da equipa: 4º lugar

Equipa Rui Reininho

Concorrente mais votado: Alexandre Casimiro
Concorrente salvo pelo mentor: Constança Gonçalves
Concorrente expulso: Ricardo Costa

Ricardo Costa- Once more, with feeling - gostei da escolha, da interpretação e da entrega. Parece que estou sempre a repetir-me quando falo dele, mas isso é porque as suas actuações são sempre muito lineares e agradáveis. É outro caso que, não tendo uma voz espectacular, sabe exactamente aquilo que faz e como chegar ao público. Tendo em conta a fasquia do programa, creio que foi uma boa altura para sair de cena, sendo que já foi improvável - mas merecido - ter chegado a esta fase. Espero que continue a espalhar a sua filosofia musical por esse mundo fora e conserve o respeito e paixão que nutre pela música. Boa sorte!

Alexandre Casimiro- Com que então temos um defensor do rock da velha guarda, hein? Deve possuir uma criteriosa e peculiar colecção de discos para ter desencantado tão raríssima pérola. Eu, pelo menos, nunca a tinha ouvido e julgo que a grande maioria de vós também não. Mas nem isso foi um impedimento para disfrutar da grande actuação que protagonizou, por sinal a melhor da sua equipa. É verdade que ele facilmente passa por um dos membros dos One Direction, mas depois sai-se com cada actuação mais magmática e a destilar confiança por todos os poros, que uma pessoa até fica a modos que confusa. Com ele, as aparências enganam. Já o potencial não: tem fibra para disputar o último lugar da sua equipa juntamente com o Garrinhas naquilo que será um duelo de rockers improváveis. Oxalá que assim seja.



Constança Gonçalves- Outra das surpresas da noite. Mas o mais surpreendente é estar a dizê-lo, uma vez que nunca morri de amores pela irmã sem harpa. Mas hoje, pela primeira vez, tudo fez sentido: adorei a sua versão avant-garde de "Fame" e a própria cenografia que a rodeou. Quer dizer, adorei pelo menos durante o primeiro minuto, que quase me levou a suster a respiração de tão mágico e delicado que foi, em que a fragilidade da sua voz foi utilizada como fio condutor para um transe que apenas se quebrou quando a canção adquiriu os seus moldes habituais - e perdeu muito com isso, na minha opinião. Assim sendo, ficou a meio caminho de uma actuação imaculada. Se souber escolher o seu repertório, as coisas poderão funcionar muito bem para ela, caso contrário, também poderão rapidamente descambar. Será uma questão de sensibilidade e bom senso, porque o talento está lá. 

Melhor em palco: Alexandre Casimiro
Classificação geral da equipa: 3º lugar

Equipa Marisa Liz

Concorrente mais votado: Nuno Pinto
Concorrente salvo pelo mentor: Bruno Vieira
Concorrente expulso: Ricardo Morais

Bruno Vieira- Se há actuação que poderá rivilizar com a da Mariana será esta. E vou mesmo elegê-la como o grande momento da noite não só por ter sido cantada na nossa língua, a que verdadeiramente fere, rasga e queima o peito, mas por ter sido cantada da forma que foi - sem filtros, reservas ou hesitações. Foi simplesmente assombroso: o timbre é belíssimo, a dicção irrepreensível, a postura é de cantautor consagrado, as modulações são formidáveis e a forma como geriu os silêncios e a intensidade da canção foi de mestre. Nem devíamos esperar outra coisa: afinal de contas, este é o rapaz que pôs Portugal inteiro a cantarolar os "Aviões" e que em boa hora regressou para dar continuidade ao que começou. Nada menos do que um excelente intérprete e notável defensor da língua portuguesa que merecia chegar à final e ganhar isto tudo, tal como outros quatro concorrentes. E acho que depois disto, a probabilidade desse cenário ser favorável ao Bruno acaba de aumentar. Venham mais assim.



Ricardo Morais- Eu só pedia que não me viesse a manear as ancas e deixasse o sexappeal arrumado a um canto - é que se o público feminino lhe conseguisse resistir, temia pelo que as hormonas da Marisa poderiam fazer. Felizmente que o rapaz até foi bastante contido na sua actuação de "Roxanne", preferindo focar toda a sua pujança na prestação vocal, que teve picos verdadeiramente interessantes. A par da sua Batalha, este foi mesmo o momento em que mais gostei de o ouvir. Infelizmente para si, havia um Bruno em topo-de-forma que ninguém conseguiria igualar.

Nuno Pinto- Também fiquei positivamente surpreendido com a prestação do Nuno. Inicialmente achei a canção imponente e atmosférica, mas rapidamente senti que por si só não seria suficiente. Era preciso algo mais. Pelos vistos ele também percebeu isso e em boa hora se lembrou de tocar bateria, naquilo que me pareceu ser uma reviravolta épica e revolucionária nos meandros dos talent shows: não me recordo de alguma vez ter visto um concorrente a fazer o que ele fez, e só por isso já merece bastante crédito. Nem o facto de lhe ter saltado uma baqueta da mão prejudicou uma actuação deveras crispada e ousada. Não gostei que tivesse sido escolhido pelo público, mas agradou-me o facto de ter aumentado a fasquia. Agora a questão é: será ele capaz de mais e melhor?

Melhor em palco: Bruno Vieira
Classificação geral da equipa: 1º lugar

Quanto às parcerias de equipa com mentor, destaco a do Anselmo e Marisa, que foram muito bem conseguidas, mesmo. Já as do Rui e Mickael foram algo estranhas de se ver e ouvir. Mas sempre é melhor ouvir os mentores e os seus pupilos cantarem do que assistir às intervenções na sala "Mais Música" (ah que engraçado, é que lá eu só oiço tagarelar) que quebram o ritmo do programa, são enfadonhas e pecam pelo excesso de apresentadores (proponho que coloquem também uma giraça só para segurar os microfones, já agora).

Para a semana actuarão pela primeira vez as equipas já completas. Relembro o top 16:

Equipa Mickael Carreira – Jéssica Cipriano, Carlos Costa , Nuno Ribeiro e Mariana Bandhold
Equipa Marisa Liz – Bianca Barros, Luís Sequeira, Nuno Pinto e Bruno Vieira
Equipa Anselmo Ralph – Leonor Andrade, Pedro Garcia, Rita Seidi e Rui Drumond
Equipa Rui Reininho – Tiago Garrinhas, Sara Ribeiro, Alexandre Casimiro e Constança Gonçalves

Já conhecem os meus favoritos e as minhas apostas, por isso resta apenas esperar que se revelem acertadas e que todos eles façam um bom trabalho. Até para a semana!

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