Christina Aguilera- A Diva Camaleónica, II

As canções

"Lady Marmalade", Moulin Rouge! Soundtrack

- Lançado a 27 de Março de 2001
- nº1 nos EUA, UK, Austrália (2x platina), Alemanha, Grécia, Irlanda, Nova Zelândia (platina), Noruega (platina), Roménia, Espanha, Suécia (platina) e Suíça

Esse dedo no ar se "voulez-vous coucher avec moi (ce soir)" foi a primeira expressão francesa que aprenderam na vida. Pop culture -1, ensino básico -0. "Lady Marmalade" é um original das Labelle de 1974, tentador o suficiente para ser regravado por três ocasiões: Sabrina fê-lo nos anos 80, as All Saints recontextualizaram-no para a década de 90 e no começo dos anos 00 foi a vez deste quarteto fantástico mas tão inusitado (do qual Christina Aguilera será a pièce de résistance) o readaptar para o novo milénio com estrondoso sucesso em linguagens mais urbanas e figurinos reveladores. Serviu de cartão de visita a Moulin Rouge! (2001), ilustre musical de Baz Luhrmann, e figura ainda hoje como um dos acontecimentos mais marcantes para a pop culture do séc. XXI. 




"Dirrty", Stripped

- Lançado a 14 de Setembro de 2002
- nº1 no UK, Irlanda e Escócia; nº2 na Holanda; nº3 na Noruega (platina), Espanha e Suíça; nº48 nos EUA

A mãe de todos os hinos das good girls gone bad. Britney Spears já lá tinha chegado um ano antes com "I'm a Slave 4 U", mas é seguro dizer que Christina Aguilera descobriu um novo mínimo para a vulgaridade. Decidida a abandonar de vez as raízes teen pop e a aura inocente da estreia, a cantora apresentou ao mundo a sua nova versão despudorada com uma canção suja, agressiva e um vídeo para-lá-de-escandaloso a condizer com a ausência de integridade física e moral. A intenção para além do choque, dizia ela, era a de celebrar a sua "sexualidade" e o facto de "possuir o controlo de tudo em seu redor". O conceituado David LaChapelle assina a controversa película, depósito de danças suadas/depravadas, boxe feminino, lutas na lama e todo um sem fim de actos proibidos à luz do dia. Dirrrrrrty mais dirty não há.




"Beautiful", Stripped

- Lançado a 16 de Novembro de 2002
- nº1 no UK, Austrália (platina), Canadá, Irlanda, Nova Zelândia, Roménia e Escócia; nº2 nos EUA (platina) e Holanda

Como suceder a uma canção ridiculamente porca? Com uma das canções mais bonitas e inspiracionais dos últimos 15 anos - não fosse Stripped um disco de grande profundidade e diversidade sónica. "Beautiful" seria mesmo lançado como resposta à fraca recepção do single anterior e desde logo se tornou num hino de auto-estima e valorização, apto contra qualquer forma de discriminação ou preconceito. O vídeo realizado pelo sueco Jonas Åkerlund desempenhou um papel muito importante na propagação da mensagem ao abordar temas como a homossexualidade, bullying, anorexia ou a identidade de género, pouco explorados nestes meandros. Consta que a interpretação que aqui se escuta foi captada logo ao primeiro take de forma a soar crua e imperfeita - e o certo é que concede a Christina Aguilera o momento de ouro da sua carreira.




"Fighter", Stripped

- Lançado a 13 de Março de 2003
- nº3 no UK e Canadá; nº20 nos EUA (platina)

Segue-se novo hino motivacional a despertar o guerreiro interior que habita em cada um de nós. "Fighter" é uma tempestade sónica de rock e R&B, assistido à guitarra por Dave Navarro dos Jane's Addiction e com uma impiedosa Xtina ao comando do microfone, a canalizar episódios abusivos familiares e más experiências na indústria musical. No vídeo realizado por Floria Sigismondi a cantora segue o ciclo de vida de uma traça, simbolizando a passagem e evolução de um estado frágil para um pleno de força e vigor. O que mais dizer? É outro dos melhores temas e vídeos de Miss Aguilera. 



Os álbuns

Stripped (2002)

- 4º álbum de estúdio (26 de Outubro, 2002)
- 12 milhões de cópias vendidas
- nº2 no UK (6x platina), EUA (4x platina) e Irlanda; nº3 no Canadá (3x platina) e Holanda


Stripped assinala o momento em que Christina Aguilera agarra as rédeas da sua carreira e adquire total controlo criativo da sua música e imagem. Sonicamente é um álbum riquíssimo de pop e R&B onde se escutam influências de soul, rock, hip hop, gospel e música latina, enquanto liricamente é bastante confessional e íntimo, versando sobre a condição feminina, liberdade sexual e respeito próprio. Concede-lhe alguns dos melhores singles da sua carreira, múltiplos louvores e uma performance estrondosa nas tabelas (no Reino Unido figura ainda como o 40º álbum mais vendido do milénio). Há quem defenda que Stripped veio demasiado cedo na sua carreira (à altura da sua edição Christina contava com 21 anos) o que ajudou à quebra da qualidade e aclamação comercial das obras que editou posteriormente. Para todos os efeitos permanece como o seu melhor disco - 13 anos depois continua absolutamente fantástico.

Sabiam que?

  • Stripped é tido como o seu 2º álbum oficial mas, na verdade, é o seu quarto registo discográfico: antes dele Christina Aguilera editou um inteiramente composto em castelhano, Mi Reflejo (2000), e um outro festivo, My Kind of Christmas, meses mais tarde. 
  • "Make Over" incluído no alinhamento de Stripped valeu-lhe um processo judicial no Reino Unido pela samplagem não autorizada de "Overload", single de estreia das Sugababes. 
  • É atribuída a Christina Aguilera a autoria do passo "slutdrop"? O movimento surge no vídeo de "Dirrty" e daí em diante passaria a figurar no panteão da pop culture e em vídeos futuros de Beyoncé, Pussycat Dolls ou Miley Cyrus. Toma e embrulha, Marie Curie.
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