REVIEW: Arctic Monkeys- AM
O último trimestre de 2013 é fortíssimo em novos lançamentos e AM, o 5º disco dos Arctic Monkeys, é apenas o primeiro de muitos álbuns que prometem manter os ânimos acesos. Sexy, dançável e influenciado pelas sonoridades R&B e hip hop, são algumas das descrições que mais tenho lido acerca do álbum. Nada melhor do que lhe dar ouvidos e retirar as minhas próprias ilações:
1) Do I Wanna Know?- Numa atmosfera que tem tanto de perigosa como sensual, sopram os ventos abafados do deserto da era Humbug de qual Josh Homme, líder dos Queens of the Stone Age, foi o principal responsável. Sem essa aventura que tanto dividiu os fãs, esta canção não seria possível. À densidade do tema acresce uma carga lasciva que vem dar o mote a AM. (9/10)
2) R U Mine?- Lançado muito antes de AM ser concebido, é com algum espanto que o encontro no alinhamento. Mas de lá para cá continua imaculado e não vem de forma alguma quebrar o ritmo, bem pelo contrário, parece até partilhar o riff de "Do I Wanna Know?", assim como a sua temática lírica. É uma espécie de díptico, mais aguerrido e igualmente notável. (9/10)
3) One for the Road- Entram em cena as novidades: falsetes (cortesia de Josh Homme), um certo balanço groove e uns laivos de hip hop. É certo que não são os Arctic Monkeys de outrora, mas a mudança de pele não parece ser forçada nem é estranha aos ouvidos. Assenta-lhes de forma natural esta sofisticação sonora. (8/10)
4) Arabella- Musa criativa ou rebuscado protótipo da perfeição, esta "Arabella" é um sonho autêntico. O balanço groove do tema anterior é aproveitado com maior eficácia, ao qual se junta uma dose libidinosa e um pré-refrão com traços R&B que me fazem vir à memória os Everything Everything. Está muito bem conseguida a meu ver. (9/10)
5) I Want It All- Por mais que o título me remeta para o imaginário dos Queen, "I Want It All" é bem mais voraz e carnal, mesmo que seja frequentemente pautada por destemidos falsetes que nunca pensei ouvir dos 4 rapazes de Sheffield. Ecoam também traços psicadélicos. (8/10)
6) No. 1 Party Anthem- Esta dá-me que pensar: primeiro é o título demasiado LMFAO que me faz soltar um "ai, que é agora que os Monkeys vão para a pista de dança" e depois deparo-me com uma balada ternurenta ideal para servir de pano de fundo a uma slow dance romântica com uma bola de espelhos cintilante por cima. Faz-me lembrar o repertório de Elton John. (8/10)
7) Mad Sounds- Directamente do salão de baile para um ambiente de bar sossegado pela calada das 3 da manhã, "Mad Sounds" é novo momento meloso para ser dançado corpo-a-corpo numa melodia que só dois apaixonados entendem. Difere de tudo aquilo que já ouvi deles e está repleta de encanto. (8/10)
8) Fireside- Esta transporta-me para o faroeste, numa galopada dinâmica em câmara-lenta. Aqui ouvem-se pianos e teclados afins sob uma batida de fundo que, se isolada, poderia pertencer a um tema de hip hop. As guitarras são relegadas para segundo plano. (8/10)
9) Why'd You Only Call Me When You're High?- Desde a primeira audição que não engraçei com este tema que alerta para o perigo de enviar mensagens sob efeito de álcool a mais no sangue. Parece-me que Alex Turner se esforça demasiado para lhe conferir uma aura R&B que simplesmente não encaixa aqui. E porque raio lançaram isto como single? (7/10)
10) Snap Out of It- Agora o cenário é um cabaret cheio de plumas e muita pele exposta em corpos que bamboleiam ao ritmo contagiante do tema. Nunca pensei que um tema dos Arctic Monkeys me desse vontade de dançar, mas é isso mesmo que está a acontecer. Excelente maneira de me devolver o interesse após o pequeno deslize cometido na faixa anterior. (9/10)
11) Knee Socks- Nunca o falsete dos 4 rapazes tinha sido tão explorado como neste tema, tanto até que a certa altura assemelham-se a um coro feminino, tamanha é a competência do dito cujo. Josh Homme surge novamente e também dá voz ao manifesto (e eu a pensar que o senhor vinha contribuir com uns valentes riffs). É um pouco morna mas tem groove na medida certa. (8/10)
12) I Wanna Be Yours- Alex Turner e companhia saíram de novo para as ruas e encerram AM com volúpia máxima, a pedir uns quantos amassos num colchão de água. Versos como "I wanna be your vacuum cleaner/ breathing in your dust" ou "If you like your coffee hot/ let me be your coffee pot" parecem foleiros no papel mas soam incrivelmente bem quando cantados. Pura classe. (8/10)
Comprova-se. AM é tudo aquilo que me tinham dito que era: sensual (mais até do que muitos discos pop que por aí andam), eclético (há espaço para as guitarras e experiências devassas com pianos, ritmos R&B e hip hop e uns quantos falsetes destemidos) e dançável (não do género disco-fever mas uma dança corpo-a-corpo que é sinónimo de desejo). Creio que não será um álbum consensual no seio dos fãs mais tradicionais, que poderão torçer o nariz à troca do casaco de cabedal e da aura aguerrida por um smoking e ar de galanteador. Pessoalmente vejo com bons olhos esta evolução. Mas também nunca fui o típico fã de Arctic Monkeys.
De alguma forma encontram-se aqui as diferentes atmosferas dos seus álbuns passados. Cada aventura discográfica permitiu-lhes chegar até aqui com toda esta auto-confiança e capacidade de arriscar, e parece-me que este era o único caminho que poderiam ter tomado, até porque qualquer emulação do passado soaria a falso e seria um retrocesso. Os Arctic Monkeys de 2013 já não são os 4 adolescentes tímidos que há 7 anos atrás compunham prosas da vida nocturna de Sheffield. Agora moram em Los Angeles, têm noção do quão bons são e fazem música para gente crescida. AM é, por isso, o som de uma banda que cada vez mais faz por cumprir o seu destino: tornar-se na maior da sua geração.
8) Fireside- Esta transporta-me para o faroeste, numa galopada dinâmica em câmara-lenta. Aqui ouvem-se pianos e teclados afins sob uma batida de fundo que, se isolada, poderia pertencer a um tema de hip hop. As guitarras são relegadas para segundo plano. (8/10)
9) Why'd You Only Call Me When You're High?- Desde a primeira audição que não engraçei com este tema que alerta para o perigo de enviar mensagens sob efeito de álcool a mais no sangue. Parece-me que Alex Turner se esforça demasiado para lhe conferir uma aura R&B que simplesmente não encaixa aqui. E porque raio lançaram isto como single? (7/10)
10) Snap Out of It- Agora o cenário é um cabaret cheio de plumas e muita pele exposta em corpos que bamboleiam ao ritmo contagiante do tema. Nunca pensei que um tema dos Arctic Monkeys me desse vontade de dançar, mas é isso mesmo que está a acontecer. Excelente maneira de me devolver o interesse após o pequeno deslize cometido na faixa anterior. (9/10)
11) Knee Socks- Nunca o falsete dos 4 rapazes tinha sido tão explorado como neste tema, tanto até que a certa altura assemelham-se a um coro feminino, tamanha é a competência do dito cujo. Josh Homme surge novamente e também dá voz ao manifesto (e eu a pensar que o senhor vinha contribuir com uns valentes riffs). É um pouco morna mas tem groove na medida certa. (8/10)
12) I Wanna Be Yours- Alex Turner e companhia saíram de novo para as ruas e encerram AM com volúpia máxima, a pedir uns quantos amassos num colchão de água. Versos como "I wanna be your vacuum cleaner/ breathing in your dust" ou "If you like your coffee hot/ let me be your coffee pot" parecem foleiros no papel mas soam incrivelmente bem quando cantados. Pura classe. (8/10)
Comprova-se. AM é tudo aquilo que me tinham dito que era: sensual (mais até do que muitos discos pop que por aí andam), eclético (há espaço para as guitarras e experiências devassas com pianos, ritmos R&B e hip hop e uns quantos falsetes destemidos) e dançável (não do género disco-fever mas uma dança corpo-a-corpo que é sinónimo de desejo). Creio que não será um álbum consensual no seio dos fãs mais tradicionais, que poderão torçer o nariz à troca do casaco de cabedal e da aura aguerrida por um smoking e ar de galanteador. Pessoalmente vejo com bons olhos esta evolução. Mas também nunca fui o típico fã de Arctic Monkeys.
De alguma forma encontram-se aqui as diferentes atmosferas dos seus álbuns passados. Cada aventura discográfica permitiu-lhes chegar até aqui com toda esta auto-confiança e capacidade de arriscar, e parece-me que este era o único caminho que poderiam ter tomado, até porque qualquer emulação do passado soaria a falso e seria um retrocesso. Os Arctic Monkeys de 2013 já não são os 4 adolescentes tímidos que há 7 anos atrás compunham prosas da vida nocturna de Sheffield. Agora moram em Los Angeles, têm noção do quão bons são e fazem música para gente crescida. AM é, por isso, o som de uma banda que cada vez mais faz por cumprir o seu destino: tornar-se na maior da sua geração.
Classificação: 8,3/10
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