REVIEW: Birdy- Fire Within
Esta semana dou ouvidos a Fire Within, o segundo álbum de Birdy, vencedora do Magnífico Material Desconhecido de 2011, muito por culpa das versões etéreas que fez de "Skinny Love" ou "People Help the People". A expectativa é grande, ou não fosse esta a sua primeira colecção de originais (daí que tenha um sabor a estreia) e sirva para mostrar ao mundo a sua verdadeira identidade. Tema-a-tema, aqui fica a minha opinião:
1) Wings- É o excelente cartão de visita do álbum, sonhador e alado, a maneira ideal de Birdy dizer ao mundo "este é o meu verdadeiro eu", mesmo que vá buscar umas quantas ideias emprestadas a "Yellow" dos Coldplay ou "Stop and Stare" dos OneRepublic, cujo homem-forte, Ryan Tedder, colabora aqui com a cantora. Que se danem as semelhanças, o tema é lindo e isso basta. (9/10)
2) Heart of Gold- Não tem nada de muito grave, mas também não é um portento: letra e interpretação bonita, mas torna-se um pouco monótona a cada nova audição e o suposto "fogo interior" não mora aqui. É das que menos gosto, portanto. (7/10)
3) Light Me Up- Aqui sim, existem labaredas de sobra. Birdy aproxima-se do repertório dos Florence and the Machine e entre palmas e um coro gospel, assina aqui um dos momentos mais inspirados e aguerridos do álbum. Quase que a imagino a correr pela floresta de lança em riste e a bradar isto a plenos pulmões. (8/10)
4) Words as Weapons- De repente parece que sou transportado para um álbum dos Mumford & Sons, dada a semelhança instrumental, mas é novamente Mr. Tedder que surge nos créditos. Recupera a centelha folk do seu primeiro álbum e é um bonito momento com versos bastante maduros: "You think that your deep under my skin, your tryin' to keep me sufferin'/If you use your words as weapon, then as weapon, I'll shed no tears". Quem canta assim... (8/10)
5) All You Never Say- Esta bem que poderia passar por uma cover do seu disco de estreia, com a sua atmosfera etérea a recordar-me "I'll Never Forget You". É mais uma bonita balada, da mesma linhagem do homem que ajudou a criar "Someone Like You", e adquire proporções celestiais lá mais para o fim, com Birdy a aproximar-se do universo de Enya. (8/10)
6) Strange Birds- É a meio do alinhamento que se encontra a verdadeira pérola de Fire Within. Com a ajuda de Sia e de Ariel Rechtshaid, Birdy soa majestosamente bela e amaldiçoada, dramática e assombrosa na proporção ideal. Creio que é por aqui que passará o seu futuro, quando alcançar uma maior maturidade artística. (9/10)
7) Maybe- As nuvens dissipam-se e o sol brilha como nunca naquele que é o momento mais sorridente e descontraído do álbum. Parece-me a banda sonora perfeita para um belo passeio ao ar livre e poderia perfeitamente musicar um anúncio jovial e alegre (mas isso já são divagações à parte). É simples, mas muito eficaz. (8/10)
8) No Angel- Nem é preciso ir mais longe: esta é a versão "Skinny Love 2.0" com o propósito de agradar às massas, daí que inclusivamente tenha sido escolhida como 2º single. Percebo a intenção, mas acho que vem apenas diminuir as potencialidades de Birdy, que já mostrou não ser rapariga de um êxito só. Daí que esse facto pese na minha decisão final. (7/10)
9) All About You- Uma rapariga a sós com a sua viola. Tiram-lhe o piano e depois dá nisto: um momento acústico à la Tracy Chapman, que ficaria bem em registo concerto, mas que aqui sinto que está um pouco deslocado do restante alinhamento. E parece-me também que a sua duração é excessiva. (6/10)
10) Standing in the Way of Light- Está certo: com tantas vias exploradas, estava só a faltar o hino maior que a vida da linhagem de uns Coldplay e que Leona Lewis não iria pensar duas vezes antes de aceitar. Birdy faz o seu melhor para estar à altura, mas o certo é que a sua voz terna e delicada não fornece o combustível necessário para atear este fogo. Mesmo assim valeu o esforço. (8/10)
11) Shine- Já com o piano de volta, Birdy volta ao seu habitat natural e encerra o disco com uma balada sedativa com a típica mensagem positiva que se quer ver na maioria dos álbuns pop. No seu lugar colocaria o tema "Home", residente nas faixas bónus e que faria um melhor trabalho. (7/10)
Fire Within cumpre bem a sua função: a de anunciar ao mundo que está aqui uma grande voz em amadurecimento, ainda que falhe na tentativa de lhe conferir uma identidade. O que poderá não ser mau de todo. Por agora é melhor assim, não querer impingir-lhe um rótulo à força e ir experimentando várias texturas e ambientes sonoros. O resultado nem sempre é coeso, mas há uma série de bons momentos que indicam um futuro auspicioso.
Para todos os efeitos, não nos podemos esquecer que Birdy conta apenas com 17 anos (e 4 meses) e o que aqui se encontra é material bastante maduro e com qualidade superior face ao que outros "artistas" da sua idade mostram ser capazes de fazer: por agora não se pode nem se deve pedir-lhe mais. O que interessa é que há vida para além das covers e do refúgio indie que marcou a sua estreia. Mal posso esperar para ver o que o futuro lhe reserva. Voa passarinho, voa...
2) Heart of Gold- Não tem nada de muito grave, mas também não é um portento: letra e interpretação bonita, mas torna-se um pouco monótona a cada nova audição e o suposto "fogo interior" não mora aqui. É das que menos gosto, portanto. (7/10)
3) Light Me Up- Aqui sim, existem labaredas de sobra. Birdy aproxima-se do repertório dos Florence and the Machine e entre palmas e um coro gospel, assina aqui um dos momentos mais inspirados e aguerridos do álbum. Quase que a imagino a correr pela floresta de lança em riste e a bradar isto a plenos pulmões. (8/10)
4) Words as Weapons- De repente parece que sou transportado para um álbum dos Mumford & Sons, dada a semelhança instrumental, mas é novamente Mr. Tedder que surge nos créditos. Recupera a centelha folk do seu primeiro álbum e é um bonito momento com versos bastante maduros: "You think that your deep under my skin, your tryin' to keep me sufferin'/If you use your words as weapon, then as weapon, I'll shed no tears". Quem canta assim... (8/10)
5) All You Never Say- Esta bem que poderia passar por uma cover do seu disco de estreia, com a sua atmosfera etérea a recordar-me "I'll Never Forget You". É mais uma bonita balada, da mesma linhagem do homem que ajudou a criar "Someone Like You", e adquire proporções celestiais lá mais para o fim, com Birdy a aproximar-se do universo de Enya. (8/10)
6) Strange Birds- É a meio do alinhamento que se encontra a verdadeira pérola de Fire Within. Com a ajuda de Sia e de Ariel Rechtshaid, Birdy soa majestosamente bela e amaldiçoada, dramática e assombrosa na proporção ideal. Creio que é por aqui que passará o seu futuro, quando alcançar uma maior maturidade artística. (9/10)
7) Maybe- As nuvens dissipam-se e o sol brilha como nunca naquele que é o momento mais sorridente e descontraído do álbum. Parece-me a banda sonora perfeita para um belo passeio ao ar livre e poderia perfeitamente musicar um anúncio jovial e alegre (mas isso já são divagações à parte). É simples, mas muito eficaz. (8/10)
8) No Angel- Nem é preciso ir mais longe: esta é a versão "Skinny Love 2.0" com o propósito de agradar às massas, daí que inclusivamente tenha sido escolhida como 2º single. Percebo a intenção, mas acho que vem apenas diminuir as potencialidades de Birdy, que já mostrou não ser rapariga de um êxito só. Daí que esse facto pese na minha decisão final. (7/10)
9) All About You- Uma rapariga a sós com a sua viola. Tiram-lhe o piano e depois dá nisto: um momento acústico à la Tracy Chapman, que ficaria bem em registo concerto, mas que aqui sinto que está um pouco deslocado do restante alinhamento. E parece-me também que a sua duração é excessiva. (6/10)
10) Standing in the Way of Light- Está certo: com tantas vias exploradas, estava só a faltar o hino maior que a vida da linhagem de uns Coldplay e que Leona Lewis não iria pensar duas vezes antes de aceitar. Birdy faz o seu melhor para estar à altura, mas o certo é que a sua voz terna e delicada não fornece o combustível necessário para atear este fogo. Mesmo assim valeu o esforço. (8/10)
11) Shine- Já com o piano de volta, Birdy volta ao seu habitat natural e encerra o disco com uma balada sedativa com a típica mensagem positiva que se quer ver na maioria dos álbuns pop. No seu lugar colocaria o tema "Home", residente nas faixas bónus e que faria um melhor trabalho. (7/10)
Fire Within cumpre bem a sua função: a de anunciar ao mundo que está aqui uma grande voz em amadurecimento, ainda que falhe na tentativa de lhe conferir uma identidade. O que poderá não ser mau de todo. Por agora é melhor assim, não querer impingir-lhe um rótulo à força e ir experimentando várias texturas e ambientes sonoros. O resultado nem sempre é coeso, mas há uma série de bons momentos que indicam um futuro auspicioso.
Para todos os efeitos, não nos podemos esquecer que Birdy conta apenas com 17 anos (e 4 meses) e o que aqui se encontra é material bastante maduro e com qualidade superior face ao que outros "artistas" da sua idade mostram ser capazes de fazer: por agora não se pode nem se deve pedir-lhe mais. O que interessa é que há vida para além das covers e do refúgio indie que marcou a sua estreia. Mal posso esperar para ver o que o futuro lhe reserva. Voa passarinho, voa...
Classificação: 7,7/10
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