The Power of Glee- O Fenómeno


Sou um melómano incurável, mas tal não significa que não esteja atento ao que me rodeia para lá do universo musical. E que não tenha opinião formada acerca de muitas outras temáticas. Séries, por exemplo. Há umas três ou quatro que acompanho religiosamente e, até porque o assunto é familiar ao blog, importa aqui falar de uma delas: Glee, esse fenómeno da cultura popular.
 
Nem eu próprio percebo muito bem porque é que não falei dela antes, visto que a acompanho desde a primeira temporada e não perco uma oportunidade de comentar os desenvolvimentos de cada episódio com pessoas que sofrem do mesmo vício que eu. Mas visto que os últimos acontecimentos merecem um olhar aprofundado, acho que esta é a altura perfeita.
 
Sem grandes rodeios, posso dizer que Glee é a minha cara. Aliás, uma série que combina as minhas duas grandes paixões - música e dança - só podia resultar em atracção instantânea. Mas quem a acompanha, sabe que Glee é muito mais do que um musical: é uma história de adolescentes/jovens adultos, em modo trágico-cómico, que aborda os dramas e problemas habituais da idade com tremenda bravura e acutilância, e que é magnífica na forma como retrata os sonhos, anseios, derrotas e vitórias das personagens.
 
E gosto de pensar que se dirige a pessoas dos 8 aos 80, visto que qualquer um se pode identificar com o que ali é retratado, nem que seja só porque também já passou por lá ou viveu situações semelhantes.
 
Sonhos. Acima de tudo, Glee fala de sonhos e do caminho árduo que as personagens percorrem para os conquistarem. E a música surge sempre como o denominador comum a todas as peripécias: seja nas lágrimas, nos sorrisos ou nos momentos de consagração, tensão, união ou de romance, até. E esse é outro factor chave para o sucesso da série: a forma como as canções se adequam na perfeição à storyline de cada personagem e intensificam ao máximo as emoções que se pretendem transmitir.
 
As três primeiras séries foram verdadeiramente fabulosas. A 1ª apanhou tudo e todos desprevenidos e nem o próprio autor se deve ter apercebido do sucesso que tinha em mãos e do potencial que poderia atingir. A 2ª, já com todos cientes do fenómeno em que se tinha tornado, foi um salto enorme na qualidade da narrativa e dos próprios momentos musicais. Com a 3ª série esteve presente a noção de que ali era o fechar de um ciclo e a história foi extremamente bem conduzida - com as interpretações estupendas dos actores ao nível da poderosa storyline - até ao desfecho apoteótico. Foi, a meu ver, a melhor temporada.
 
Com a estreia da 4ª série começaram os dilemas: o que fazer às personagens que abandonavam Lima? O autor lá entendeu que deveria dar continuidade ao clube Glee, adicionando novas personagens (algo fraquinhas) e prosseguir a história dos recém-graduados pela busca dos seus sonhos, nomeadamente a saga de Rachel Berry (o verdadeiro motor da série) em Nova Iorque até à tão almejada Broadway.
 
Resultado: a série foi-se um pouco abaixo, tendo sofrido algumas incongruências, e só brilhava quando entravam em cena as antigas personagens, visto que as novas nunca conseguiram estar à altura do legado por elas deixado e não partilham da mesma densidade ou magnitude destas.
 
Mas sobre elas, falarei no próximo post.

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