12 Figuras Que Marcam a Pop do Séc. XXI (3º-Justin Timberlake)


De menino de coro, passando pelo rapaz com sérias intenções de mudar os cânones da pop, ao homem de fato, lacinho e risco ao lado que no reino da pop está sentado à direita de Michael Jackson, aguardando pacientemente pela sucessão ao trono - falemos de transformações espantosas e de uma figura com incontável peso no panorama musical dos nossos dias. Justin Timberlake, senhoras e senhores.

Conhecemo-lo enquanto o membro mais popular (e talentoso) dos NSYNC, boysband que o catapultou para o estrelato em finais dos anos 90 e onde se manteve até 2002, altura em que a teen pop 1-2-1-2 da banda se revelava demasiado tacanha para as capacidades e ambição de Justin. É em Novembro desse ano que se lança a solo com Justified, com a força e expressão artística de quem tem algo a provar e quer de facto justificar a sua emancipação em nome próprio, conseguida pelo distanciamento da imagem pop cultivada na boysband e a adopção de uma estética R&B - tão bem esquadrinhada em singles pegadiços quanto "Rock Your Body" ou "Cry Me a River" - pela mão dos The Neptunes e Timbaland. 7 milhões de cópias vendidas a nível global confirmaram a sensatez e a necessidade da emancipação.

Voltar atrás nem era hipótese sequer, o destino de Timberlake tinha de ser cumprido a solo. E voos mais altos aguardavam-no à frente no caminho. Como o dia em que lançou FutureSex/LoveSounds (2006), definindo o som de uma era e fixando a bitola que todos os outros tentariam alcançar nos anos seguintes. Já não bastava apenas a pop mascarada de R&B (ou o contrário) e as aproximações estilísticas à obra de Michael Jackson. A visão de Justin tinha-se expandido para lá do óbvio e as novas canções eram pensadas do ponto de vista de um artista rock, não necessariamente na estrutura mas sim na atitude, na forma como eram "atacadas". Timbaland é de novo convidado a ocupar a cadeira da produção, trazendo consigo o seu protegido Danja - sempre esquecido nesta equação - e em conjunto com Timberlake constroem uma fortaleza sónica que recolhe influências do funk, dance pop, techno, soul, rap, gospel ou new wave combinadas com a pop e R&B-âncoras do seu universo musical, aplicada em temas que desafiam a estrutura e duração de uma dita canção comercial, com interlúdios, encores e repetições várias na sua morfologia a apontar para o legado de David Bowie ou Prince - tudo aquilo que se espera de um rapaz que deu os primeiros passos enquanto estrela Disney, portanto.

O disco não só é responsável pela ascensão de Justin Timberlake ao Olimpo da pop, garantindo-lhe a conquista de uma falange de ouvintes mais vasta, como também faz disparar a popularidade de Timbaland, sem mãos a medir para a quantidade de solicitações que lhe chegam depois da sua participação no projecto. Mas se para este último o impacto da obra é aproveitado com brio, para Justin é motivo de abrandamento e reclusão. Ou, quanto muito, desculpa para uma mudança de ares, entregando-se de corpo e alma à carreira cinematográfica iniciada anos antes: de 2007 a 2012, período em que dura o seu hiato musical (apenas quebrado com colaborações esporádicas com Madonna, T.I., Ciara ou Timbaland) entra em mais de uma dezena de filmes, de onde se destaca a sua participação em The Social Network (2010) de David Fincher ou The Trouble with the Curve (2012), no qual partilha o ecrã com Clint Eastwood.

O compromisso para com a sétima arte pode ter atrasado o regresso à música, mas a verdade é que Justin Timberlake não poderia ter voltado sem uma colecção de canções que não vivesse na sombra de FutureSex/LoveSounds, ainda que dificilmente a superasse. A pausa sabática conhece então um fim no início de 2013 com a edição do díptico The 20/20 Experience - primeiro capítulo lançado em Março e o segundo a chegar em Setembro desse ano - a reunir elementos da soul tradicional com a sua corrente mais vanguardista - neo soul - com elementos de pop, jazz, funk, hip hop e música africana em canções que uma vez mais excedem os cânones, inspiradas nas óperas prog rock das décadas de 60 e 70. E novamente Timbaland é uma peça essencial nesta construção. Anos de ausência não diminuem a estrela de Timberlake, que só nos Estados Unidos vende cerca de um milhão de cópias do registo na semana em que é disponibilizado ao público, e inscreve a tour mundial de suporte ao álbum no livro das mais rentáveis da década.

Nada mau para alguém que entra pela via rápida na indústria musical e com o passar dos anos se torna num dos maiores cantores e performers do seu tempo - haverá maior triunfo sobre um estigma do que este? Talvez demore mais uma mão cheia de anos a regressar ao seu habitat natural, mas da próxima vez que lhe pusermos a vista em cima, Justin Timberlake virá para reclamar o título de Rei da Pop que é seu por legítimo direito.



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