Meghan Trainor tão cedo não vai a lado nenhum


"All About That Bass" parecia ter o destino da sua autora traçado: uma divertida e memorável construção bubblegum pop a celebrar orgulhosamente as formas roliças do corpo feminino como ninguém, que não deveria ter resistido depois do final daquele Verão de há dois anos. Mais um caso de uma artista de um êxito só, portanto.

Os argumentos não se fizeram esperar. Primeiro com "Lips Are Movin", mais algodão-doce da banca de farturas que produziu o primeiro hit. Sorte de principiante, pensámos nós. Depois com "Dear Future Husband", a reconstrução muito descarada de "Dance With Me Tonight" que se fez êxito porque Olly Murs não é grande na América. O teu primeiro escorregão, torcemos nós. Por fim, "Like I'm Gonna Lose You" trouxe uma bem-vinda brisa soul, tornando-se no quarto e mais inesperado êxito radiofónico de Title, a estreia em disco que - note-se - vendeu um milhão de cópias só nos EUA e obteve certificações de platina numa mão-cheia de territórios.

Quando se pensava que o prazo de validade alargado de Meghan Trainor estava perto de chegar ao fim, eis que há uma espécie de renovação de votos nesta edição dos Grammys que a proclama como Melhor Artista Revelação. O choque! O horror! Quanto infâmia para uma instituição outrora respeitada. E se... e se lhe dermos antes o benefício da dúvida? Não porque a Recording Academy nos fez crer que sim, mas porque nenhum one-hit-wonder chega sequer perto de onde Meghan Trainor chegou em pouco mais de dezoito meses?

Nem tempo houve para pestanejar porque a moça não dormiu em serviço. "No", o novo single, abandona a pop-pastel em prol de um valente throwback à dance pop de mãos dadas com o R&B típicos do início do milénio - como se os NSYNC, uma Britney Spears virginal e as Destiny's Child nunca tivessem passado de moda. Isso, aliado à mensagem de fortalecimento feminino e integridade (the lady said no!), fazem deste um dos mais interessantes singles a agraciar o mainstream em 2016.

Sem qualquer vídeo oficial ou versão áudio disponíveis no YouTube e exclusivamente pela força do streaming e do airplay, a canção estreou-se em 11º lugar na Billboard Hot 100 e se assim continuar será em breve o seu quarto single do top 10 norte-americano num espaço de ano e meio. Notável, não?

Prometido está também o segundo capítulo discográfico, Thank You, com data de chegada para 13 de Maio. É sabido que quantidade nem sempre equivale a qualidade, mas com Meghan Trainor a consistência começa a ser demasiado notória para ser ignorada. O melhor mesmo é começarmos a habituar-nos à sua presença, porque tão cedo não vai a lado nenhum.

Comentários

  1. Ai ai.

    A boa notícia é que ganhar Grammys não garante sucesso duradouro a ninguém. Até há uma certa "maldição" do contrário. Exemplo recente: Gotye

    Tudo o que ouvi dela abominei, embora só conheça os dois primeiros pelo nome. Penso que ainda nem ouvi esse tal "No", mas também não vou à procura.

    Continuo a vê-la apenas como mais uma das inúmeras coisas estranhas do mundo da música actualmente. Ela que me processe.

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    1. Nada de novo, portanto.

      Descansa, ele virá ter contigo num ápice. "No" com "no attitude" poderá resultar num sim contrariado.

      É dar tempo ao tempo. Será engraçado vê-la a provar o contrário!

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