13 coisas importantes que aconteceram nos últimos 92 dias
And I'm baaack, by popular demand! Talvez não, mas o hiato chegou ao fim. Há novo template, muito para recapitular e o mesmo entusiasmo em traduzir os acontecimentos da cultura pop, algo que nenhuma pausa sabática poderá atenuar. Olá 2020, vamos a isto:
1) Justin Bieber perdeu a supremacia pop
Era o primeiro grande regresso do ano - e foi completamente ao lado. R&Bieber não é tão mau quanto fazem parecer, mas também não é a tão esperada evolução do ex-enfant terrible tornado extremoso esposo que havia conquistado o trono de novo Príncipe da Pop com a edição de Purpose (2015).
Bieber nunca foi realmente embora - no designado hiato lançou qualquer coisa como nove singles - mas quando "Yummy" agraciou o éter, a rejeição foi unânime. E quando Changes saiu na íntegra, tornou-se notório que o novo material simplesmente não estava à altura. O álbum vendeu 231 mil cópias na primeira semana nos EUA: o suficiente para se estrear no nº1, mas superado pelos novos discos de The Weeknd, Halsey, Eminem, Lil Uzi Vert ou BTS. A Biebermania já não é o que era - talvez seja tempo de repensar conceitos e abordagens junto do amigo e sócio Scooter Braun.
2) Dua Lipa entrou definitivamente para a elite da pop
Sonhámos ser possível, no entanto nem todos acreditámos. Dua Lipa é oficialmente uma main pop girl e tem um top 2 nos EUA que o comprova. "Don't Start Now" está na linha para se tornar tão grande ou maior que "New Rules", "Physical" mantém acesa a campanha promocional e "Break My Heart" já espalha o seu charme.
Future Nostalgia está acabadinho de sair e é já encarado como o Teenage Dream dos anos 20, capaz de definir uma era e elevar a sua autora a patamares estratosféricos de popularidade. Dua está a fazer tudo certo: tem um conceito e uma estética muito bem definidas, que está a dar resultados não só porque a música é excelente, mas porque tem uma equipa fantástica em seu redor. We're livin' the dream, yaassss girl!
3) Billie Eilish triunfou nos Grammys e canta o novo tema Bond
Era o cenário mais provável da noite e acabou mesmo por se concretizar: das seis categorias para as quais estava nomeada, Billie Eilish venceu cinco. Ao arrebatar o gramofone dourado nas principais quatro - Álbum, Canção, Gravação e Revelação do Ano - tornou-se apenas na segunda artista a conquistar tal feito e na mais jovem de sempre a vencer o Álbum do Ano.
Semanas depois, e ainda em estado de glória, lança "No Time to Die", a sua contribuição para o novo capítulo da saga Bond - entretanto adiada para Novembro devido à pandemia de Covid-19 - uma sumptuosa e épica balada orquestral muito na linha dos anteriores "Writing's on the Wall" e "Skyfall", com Hans Zimmer nos arranjos e Johnny Marr à guitarra, que honra a tradição musical dos primórdios da saga.
4) "The Box" de Roddy Ricch é um êxito esmagador nos EUA
Não levou muito até que 2020 assistisse ao nascimento do primeiro hit viral. Seguindo os passos de "Old Town Road", "Truth Hurts" ou "Roxanne", a canção mais sonante do debute do norte-americano Roddy Ricch fez-se massiva pela sua utilização em vários vídeos da app TikTok, que propagaram "The Box" para uma estadia de onze semanas consecutivas no topo da tabela de singles norte-americana, apenas interrompida esta semana por "Blinding Lights".
A façanha levou a que Please Excuse Me for Being Antisocial, o disco de estreia do rapper, ascendesse por quatro ocasiões à liderança da tabela homónima de álbuns, sendo para já o título mais vendido do ano na América.
5) Hayley Williams fez o seu aguardado debute a solo
Quase sem aviso, a frontwoman dos Paramore deu início à sua aventura a solo no começo deste ano, com o lançamento de "Simmer", um tenebroso pedaço de alt rock algures entre Death Cab for Cutie e o trabalho a solo de Thom Yorke. Seguiram-se mais dois singles igualmente densos - "Leave It Alone" e "Cinnamon" - trazidos à vida pela mão de Warren Fu, a imprimir-lhes uma estética de AHS: Murder House. Um completo zag depois do zig feito com After Laughter (2017).
O projecto intitula-se Petals for Armor, é produzido na íntegra pelo fiel amigo e também companheiro da banda Taylor York, e será editado a 8 de Maio próximo. Até lá, Hayley está a lançá-lo em pequenos EPs, tendo a parte I saído no início de Fevereiro, e a parte II estando a caminho no decorrer deste mês. Estamos todos curiosos e intrigados para mais uma mudança de pele de Miss Williams.
6) J.Lo e Shakira deram um espectáculo memorável no Super Bowl
Antes da quase totalidade do mundo do espectáculo ser cancelado por causa da maldita pandemia, Jennifer Lopez e Shakira foram o tópico das conversas pela sua monumental actuação no intervalo do evento desportivo mais famoso de todo o mundo, em Fevereiro.
Só nos EUA, 103 milhões de pessoas estiveram sintonizados no espectáculo, que apenas pela terceira vez elegeu figuras do universo latino para encabeçar a cerimónia (antes de J.Lo e Shakira, só Gloria Estefan havia tido semelhante honra, tanto em 1992 como em 1999). Ambas tinham capacidade para encabeçar o seu próprio concerto, mas o combo acabou por se revelar vencedor: nenhuma ofuscou a outra, tendo ambas brilhado no seu set. Barranquilla e o Bronx de mãos dadas, a projectar um dos patrimónios mais valiosos da actualidade. Triunfo absoluto.
7) As Pussycat Dolls voltaram na plenitude das suas capacidades
Ficámos dois meses a rever vezes sem conta aquela incendiária actuação na final do The X Factor que culminou com a revelação parcial de um inédito, até que o dito cujo nos chegou na íntegra - já sem metade do hype - igualzinho à versão que entretanto havia sido divulgada online.
"React" ombreia os melhores momentos da discografia das PCD, funcionando como uma versão mais madura e sofisticada de "Don't Cha" ou "Buttons". Mas é o espectacular vídeo da dupla Bradley & Pablo que o eleva a patamares galácticos. É tudo sobre a performance: o quinteto entrega-nos uma masterclass de sensualidade, erotismo e proficiência pop, entre labaredas, água e lascivas coreografias com cadeiras. Foi totalmente para isto que assinámos.
8) The Weeknd escalou a novos máximos de carreira
Abel Tesfaye é o homem do momento. "Blinding Lights" - uma estupenda canção synthwave arrancada aos anos 80 - é por estes dias o single mais popular do planeta, e possivelmente já o maior e mais amplo do catálogo do canadiano, tendo alcançado o nº1 em cerca de trinta países.
O recém-lançado After Hours, LP nº4 do músico, acompanha o êxito do citado hit, tendo-se estreado no topo das tabelas de álbuns em mais de uma dezena de mercados. Nos EUA, por exemplo, valeu-lhe não só o melhor registo do ano como um novo recorde pessoal: 444 mil unidades equivalentes vendidas na primeira semana. The Weeknd prospera em tempos inóspitos.
No fecho da década, TayTay deixou claro que deixaria de carregar toda a indústria da pop às costas, e passaria a focar-se um pouco mais em utilizar a sua vasta influência para alertar consciências políticas e, sobretudo, combater a discriminação de géneros na indústria onde se move.
Primeiro chegou Miss Americana, o documentário biográfico que assinou em parceria com a Netflix, que para além de um aprofundado vislumbre dos bastidores da sua carreira e de um leve descortinar da sua vida pessoal, surpreende pela sua declarada posição política. No mês seguinte é a vez de "The Man", o quarto avanço de Lover, ganhar um vídeo que marca a estreia da cantora na realização. Nele assistimos à transformação de Taylor em Tyler Swift, o seu alter-ego masculino, numa crítica incisiva ao patriarcado e à masculinidade tóxica. Swift a presidente, em 2030?
10) Lady Gaga é deliciosamente freak e bizarra, novamente
A imprevisibilidade é o que faz de Gaga uma estrela tão compelativa. Depois de Joanne e, sobretudo, A Star is Born, os dias da pop excêntrica e massiva pareciam ter chegado ao fim. Mas, hey, aí a temos a dançar feita heroína cyberpunk com a sua trupe de alienígenas no deserto da Califórnia, ao som da sua produção mais extasiante em seis anos, como se o período entre 2010-2012 nunca tivesse passado de moda.
"Stupid Love" é dance pop jubilosa com uma forte passada disco, musicalmente próxima de "Born This Way". A produção é de BloodPop e Tchami, com quem Gaga já colaborou no passado, com toques adicionais do mestre Max Martin. E abre caminho para Chromatica, o seu sexto álbum de estúdio.
11) Katy Perry vai ser mamã e anunciou-o ao mundo da forma mais bonita
2020 vai trazer um novo álbum e... um filho para Katy Perry. "Never Worn White", a primeira balada que lança como single em quase sete anos, serve tanto para anunciar o seu noivado com Orlando Bloom, como o primeiro rebento em conjunto. É a gravidez mais mediática do universo da pop desde a de Cardi B, sendo que o vídeo a revela à boa moda de "Someday (I Will Understand)" de Britney, canalizando também a produção fotográfica floral que Beyoncé fez para revelar a sua gestação dos gémeos ao mundo.
Não sabemos muito bem como é que Perry irá conjugar a sua empreitada no American Idol com as aulas de preparação pós-parto e a entrega do quinto álbum, que já tem "Never Really Over", "Small Talk" e "Harleys in Hawaii" associados, mas o momento é sobretudo de emoção e alegria plena. Parabéns, querida Katy.
12) Elisa venceu o Festival da Canção com "Medo de Sentir"
É um facto que esta foi a edição mais fraca do Festival da Canção desde a sua restruturação em 2017. Talvez devêssemos ter permitido a vitória de Kady ou dos Throes + the Shine como forma de continuar a mostrar a panóplia sonora rica, plena de texturas e heranças de que somos constituídos.
Enviar Elisa e "Medo de Sentir" era um tanto inofensivo, apesar de bonita e decentemente interpretada. Mas podia resultar, como resultou para a concorrente da Lituânia em 2018, com uma balada em tudo semelhante, a prosperar pelo triunfo da interpretação e, sobretudo, pelo staging idealizado.
Não deixa de ser incrível que uma jovem de 20 anos que cinco anos antes havia sido eliminada no top 20 da sexta edição de Ídolos ao cantar "Habits" de forma audaz, tenha conseguido, ainda que por breves momentos, o seu momento de glória. O percurso na Eurovisão fica interrompido, mas a história de Elisa não terminará por aqui.
13) Os efeitos do Covid-19 na indústria da música
Vivemos tempos assustadores e de incerteza com a propagação global da pandemia do coronavírus, que afecta sobremaneira a indústria da música. Vários eventos, cerimónias de prémios e festivais - do Coachella, Glastonbury, Billboard Music Awards até à Eurovisão - foram adiados ou até mesmo cancelados, como medida preventiva do contágio, e inúmeros lançamentos (entre os quais se contavam os próximos álbuns de Lady Gaga, Sam Smith, Haim, The 1975 ou Alicia Keys) foram também movidos para datas mais tardias ou ainda a anunciar.
Sem possibilidade de retomar digressões ou promover devidamente os seus trabalhos, a fonte de rendimento prioritária dos artistas por estes dias será a que provém do streaming, que como bem sabemos também não distribui os seus lucros da forma mais equitativa. Cabe aos músicos, editoras e indústria fonográfica no geral encontrar novas e criativas maneiras de distribuir e promover os seus conteúdos, dentro das limitações existentes. A nós, resta-nos continuar a apoiar o seu trabalho, encontrando também força na maravilhosa expressão da arte, presente e passada.
A regeneração do Into the Music prossegue nos próximos dias.
13) Os efeitos do Covid-19 na indústria da música
Vivemos tempos assustadores e de incerteza com a propagação global da pandemia do coronavírus, que afecta sobremaneira a indústria da música. Vários eventos, cerimónias de prémios e festivais - do Coachella, Glastonbury, Billboard Music Awards até à Eurovisão - foram adiados ou até mesmo cancelados, como medida preventiva do contágio, e inúmeros lançamentos (entre os quais se contavam os próximos álbuns de Lady Gaga, Sam Smith, Haim, The 1975 ou Alicia Keys) foram também movidos para datas mais tardias ou ainda a anunciar.
Sem possibilidade de retomar digressões ou promover devidamente os seus trabalhos, a fonte de rendimento prioritária dos artistas por estes dias será a que provém do streaming, que como bem sabemos também não distribui os seus lucros da forma mais equitativa. Cabe aos músicos, editoras e indústria fonográfica no geral encontrar novas e criativas maneiras de distribuir e promover os seus conteúdos, dentro das limitações existentes. A nós, resta-nos continuar a apoiar o seu trabalho, encontrando também força na maravilhosa expressão da arte, presente e passada.
A regeneração do Into the Music prossegue nos próximos dias.
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