Gabby Barrett: do American Idol para o estrelato country
Muitas foram as vozes discordantes perante o retorno do American Idol, em 2018, dois anos depois de ter sido anunciado o seu fim. Os catorze anos de exibição ininterrupta denunciavam o desgaste do formato, que parecia já não ser capaz de produzir estrela alguma.
Tudo mudou, à excepção do megalítico apresentador, Ryan Seacrest. Novos jurados - Lionel Richie, Luke Bryan e Katy Perry aceitaram o convite - novas vozes e até uma nova casa (a Fox passou o testemunho à ABC) para ser transmitido. Não tendo sido um fenómeno de audiências, a décima sexta edição foi bastante decente. Na verdade, todo o top 7 foi memorável: da vencedora Maddie Poppe, passando por Cade Foehner até Catie Turner.
Enquanto a vitória ficou bem entregue a Maddie, o espectador assíduo não poderia deixar de pensar que talvez Gabby Barrett, esse furacão da Pensilvânia a quem coube o bronze, merecesse um nadinha mais. De filiação à country e verdes dezoito anos, a jovem deu-nos fantásticas actuações recuperadas ao cancioneiro de Carrie Underwood, Maren Morris, Sugarland, Lee Ann Womack, Miranda Lambert (inesquecível a sua incendiária versão de "Little Red Wagon") ou Whitney Houston.
A viagem para o estrelato, porém, havia começado anos antes. Nascida numa família de oito filhos, a propensão de Gabby para a música foi detectada pelo seu pai, que cedo providenciou todos os esforços para dar largas ao talento da filha: passou a adolescência a cantar em restaurantes, centros comerciais ou até mercearias. Aos dezassete, foi escoltada pela produção via e-mail para participar naquele que seria o revival do American Idol.
É sabido que o programa é especialmente pródigo para concorrentes associados à música country, mas desde Lauren Alaina (segunda classificada na 10ª temporada, em 2011) que não produzia nenhuma estrela feminina dentro do filão. Talvez a maré mudasse com Gabby. No pós-concurso, a pequena conseguiu não só a benção do ídolo Carrie Underwood, como ainda abriu concertos para vultos da country como Keith Urban, Toby Keith ou Cole Swindell.
De início todas as editoras em Nashville lhe recusaram um contrato, receosas de que as suas competências enquanto compositora não fizessem jus às suas credenciais do talent show, mas "I Hope", o seu single de estreia, fê-las convencer do contrário. Lançado independentemente em Janeiro de 2019, o hino que chora a traição de um ex e confessa um desejo vingativo na esperança de que o karma lhe bata à porta (uma espécie de continuação espiritual de "Before He Cheats") começou por receber atenção nas rádios, e em Maio desse ano já eram as editoras a correr atrás de si.
A Warner Nashville levou a melhor, e cerca de um ano e muitos esforços em sintonia depois, a canção é um êxito nas tabelas country (actual nº1 da componente de rádio e vice-líder na dita principal). Melhor: está a ganhar dimensão na própria Billboard Hot 100, onde é esta semana nº17, a melhor classificação alcançada por um ex-concorrente do American Idol desde o 11º lugar conquistado pelo single de estreia de Scotty McCreery - vencedor da temporada 10 - em 2011. A ajudar à inesperada expansão pop, está a recente versão do tema lançada em parceria com Charlie Puth.
Enquanto o debute ganha contorno e o entusiasmo cresce de dia para dia, já se escutam também "The Good Ones" ou "Hall of Fame", a provar que há mais material sólido no cancioneiro de Barrett. As possibilidades são imensas. Thrive it, girl!
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