Outras 9 canções bestiais do primeiro trimestre de 2020


Mais um punhado de admiráveis canções dos três primeiros meses do ano:

1) Little Mix- "Break Up Song"- A saída da Syco de Simon Cowell fechou-lhes muitas portas das rádios que antes as apoiavam, por isso não é de admirar que o primeiro single do álbum nº6 seja uma canção altamente radiofónica, repleta de influências synthpop dos anos 80, bem contextualizadas na época que atravessamos. Depois do maduro e sofisticado LM5 (2018), "Break Up Song" é como que um retrocesso à era pop garrida de Get Weird (2015). O tempo dirá se foi acertado ou não. 

2) Demi Lovato- "I Love Me"- Por mais que o regresso nos Grammys de Janeiro passado tenha sido glorioso, "Anyone" não parecia ser o tipo de canção com que Demi Lovato fosse iniciar uma nova era. Já "I Love Me" é bem capaz de ser aquilo que a sua intérprete precisa: uma ode triunfal de toada pop e R&B uptempo sobre reconhecer que amar quem somos é condição essencial para ser feliz. Estamos todos a torcer por ela.

                                         I Love Me GIF by Demi Lovato

3) Rita Ora- "How to Be Lonely"- Não esperávamos um novo single de Rita Ora tão cedo, mas também não esperávamos que Phoenix (2018) tivesse demorado seis anos a chegar. Sorte a nossa (e principalmente dela), "How to Be Lonely" é um primeiro single estupendo: uma imensa balada de estádio que Lewis Capaldi foi suficientemente engenhoso para compor e ceder à compatriota. Só é pena que Dave Meyers tenha estragado o vídeo para uma canção com potencial, tal como fez para "Liar" de Camila. 

4) Usher feat. Ella Mai- "Don't Waste My Time"- Ok, esta tecnicamente saiu no final do ano passado, mas ninguém deu por ela até o vídeo ter saído há umas semanas. É o primeiro avanço para a presumível sequela do icónico Confessions (2004), um incrível tema R&B com aura noventista apoiado na presença mais-que-perfeita da britânica Ella Mai, a ligar o veterano - convém lembrar que Usher está a entrar na quarta década de actividade - à nova geração de ouvintes.

5) Mabel- "Boyfriend"- Ainda ninguém percebeu muito bem onde é que "Boyfriend" fica, se entre uma edição especial de High Expectations, o álbum de estreia, ou a promessa de um segundo disco. O que é evidente, é que Mabel de lançamento para lançamento se torna no astro feminino britânico mais sólido da nova geração logo a seguir a Dua Lipa. Este estrondo de single constrói-se a partir de "Remember Me" - um êxito de dança dos anos 90 de Blue Boy - sendo que a produção à prova de bala de Steve Mac, bem como o star power de Mabel, claro, fazem o resto.

                                            Mabel - Boyfriend GIF by The GIF Farmer | Gfycat

6) Joel Corry- "Lonely"- Solidão e isolamento é o que mais ordena por estes dias. Mas "Lonely" de Joel Corry, um ex-militante dessa vergonha da MTV que é o Geordie Shore, fez-se DJ/produtor credível e já tem dois singles no top 10 do Reino Unido, sendo este o mais recente. Ajuda a que a produção EDM seja catita, mas a voz anónima de Harlee Sudworth no melhor registo de Jess Glynne, contribui ainda mais.

7) Tove Lo- "Bikini Porn"- Ainda nem tinham passado quatro meses da edição de Sunshine Kitty, e já Tove Lo nos estava a brindar com mais um inédito delicioso: um cocktail de pop uptempo com brisa tropical dentro, de título indecente, letra desavergonhada e créditos na escrita e produção de Finneas, finalmente a mostrar o que sabe fazer fora da bolha da irmã mais nova. Quanto falta para o Verão, mesmo?

8) Harry Styles- "Falling"- Os singles de Fine Line sucedem-se a uma velocidade vertiginosa, cada um melhor que o anterior. "Falling", quarto avanço para o segundo longa-duração do ex 1D, é uma tocante balada pop ao piano, produzida sem mácula por Kid Harpoon, e entregue de forma dilacerante por um Harry Styles receoso de se tornar alguém que não quer ser, deitando tudo a perder pelo caminho. O vídeo é dirigido (sem ser arruínado) por Dave Meyers.

                                           Music Video Falling GIF

9) Capicua- "Gaudí"- Madrepérola, o novo disco da rapper portuense, já se escuta por aí e "Gaudí" parece ser o seu hino maior. Uma grandiosa canção-combate sobre como não perecer nesta batalha árdua que é o quotidiano, especialmente à luz da condição feminina. O beat de DJ Ride tem um tanto de concha-do-fundo-do-mar com recorte dancehall, enquanto Capicua segue exímia por entre versos de exaustão, desconexão e desagrado com a vida moderna.

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