Concertos a não perder no NOS Alive'15


É já amanhã que tem início mais uma edição do NOS Alive - a primeira de rosto inteiramente lavado - que durante três dias transforma o Passeio Marítimo de Algés num dos mais atractivos destinos turísticos europeus. Estima-se que pelas portas do festival passem 145 mil visitantes (15 mil correspondem a estrangeiros) com propostas musicais (e não só) a decorrer em cinco palcos. 

Na impossibilidade de acompanhar a extensa oferta, proponho-vos uma selecção das propostas mais aliciantes de cada dia:

9 Julho

A edição deste ano faz-se praticamente pelos nomes do primeiro dia, esgotado há semanas. Aposta fortíssima nos dois maiores palcos, sem sobreposição de horários a obrigar a escolhas difíceis. Felizes dos que têm permissão para se deleitar com este banquete faustoso:

Muse (Palco NOS) - Matt Bellamy e companhia podem ter perdido algum do fôlego criativo que os acompanhou até The Resistance, mas continuam a ser uma das maiores bandas rock do milénio e receita infalível para esgotar qualquer cartaz. Vi-os há 5 anos pelos lados da Bela Vista, em pleno pico de popularidade, e deram um concerto fenomenal. É obrigatório vê-los no estado natural pelo menos uma vez na vida. Se Drones falhar, teremos sempre "Plug In Baby", "Stockholm Syndrome", "Supermassive Black Hole" and so on...

Alt-J (Palco NOS) - Temo um bocadinho pela estreia da banda do triângulo no palco de maiores dimensões do Alive a abrir caminho para Muse. Há dois anos fizeram magia no Palco Heineken para uma plateia que comungou ao som de An Awesome Wave. De lá para cá foi-se o estado de graça e houve um tépido segundo disco que conserva singles orelhudos. Poderão sair vencedores se escolherem a setlist com cautela, mas se a plateia também estiver para aí virada. 

Metronomy (Palco Heineken)- Terão de disputar algumas atenções com Ben Harpen que 45 minutos antes sobe ao palco principal, mas se souberem conduzir bem o concerto poderão terminar com uma plateia bastante composta. Têm tudo para ser uns dos vitoriosos da noite, com as canções de The English Riviera e do último Love Letters a garantirem um espectáculo de topo. 



Django Django (Palco Heineken) - Ao contrário dos Alt-J, não há mudança de escalão para os rapazes de "Hail Bop". Eles que há sensivelmente dois anos retomavam a actividade no Palco Heineken depois da debandada geral para Kings of Leon no palco principal. Recordo-me que na altura contentei-me em ouvi-los ao longe, vencido pelo cansaço, mas em 2015 nada me demoveria de vê-los. Não acho que Born Under Saturn seja tão desinteressante como fazem crer, mas são outros tais que em caso de naufrágio basta recorrerem ao disco de estreia. 

Jessie Ware (Palco Heineken) - Miss Ware tem honras de abertura de Telejornal (toca às 20h00) e espero sinceramente que reúna uma multidão considerável para a escutar. Se as canções de Devotion, a belíssima estreia, ainda passavam despercebidas, a tónica mais comercial e baladeira de Tough Love promete ser certeira no momento de converter outros tantos corações. É bem possível que termine com o público a seu pés. 



Flume (Palco Heineken) - Está na altura do povo português emprestar algum do amor que nutre por Chet Faker ao australiano Flume. O que tem a menos que o seu conterrâneo? Idade e aparato capilar. O talento é proporcional ao homem de "Talk Is Cheap". Oportunidade ideal para revisitar as canções do disco de estreia e conhecer talvez algumas novas. Único senão? O horário inconveniente às 3 da manhã - é para os estrangeiros e as senhoras da limpeza, claramente.

Selecção nacional: X-Wife, Cavaliers of Fun, Nice Weather for Ducks e Les Crazy Coconuts

10 Julho

Dia de ressaca depois dos excessos cometidos na noite anterior, com as propostas de música electrónica a destacarem-se das demais.

The Prodigy (Palco NOS) - A história da cultura rave não se conta sem Liam, Keith e Maxim. Um trio que certamente agradará a quem cresceu na década de 90 com "Firestarter" e "Breathe" a trazerem a rebelião punk para a pista de dança. Hoje estão todos na casa dos quarenta, mas ainda capazes de dar uma lição aos astros da EDM. E a minha geração tem muito a aprender com eles. 

James Blake (Palco Heineken) - Será certamente o concerto mais concorrido do Palco Heineken nesse dia, onde regressa depois da estreia em 2011. De Radio Silence, o novo álbum, ainda nem sinal ou prova de vida, mas há o disco de estreia e Overgrown para celebrar um dos maiores estetas da soul digital e electrónica minimal dos anos 10. Tenho muito interesse em vê-lo ao vivo, mas ainda não será desta.



Róisín Murphy (Palco Heineken) - No ano em que voltou às edições discográficas, a presença da ex-Moloko em palcos nacionais é motivo de júbilo. Conheço pouco do seu catálogo, mas pelo que li e ouvi até então o recente Hairless Toys é resultado de uma artista na plenitude das suas faculdades. Haja fôlego para acompanhá-la madrugada fora. 

The Ting Tings (Palco Heineken) - Alegra-me vê-los inseridos no cartaz, mesmo depois de terem perdido toda a relevância conquistada com o excelente We Started Nothing, morada das mais cativantes propostas indie do final da década passada. E o mais incrível é que morreram só para a esfera mediática, porque artisticamente levaram um choque voltaico na veia com o último Super Critical numa reeinvenção disco/funk. A amnésia passará em três tempos, assim que soarem "Shut Up and Let Me Go", "Fruit Machine" ou o sempre apropriado "That's Not My Name". É Katie White, by the way.



Future Islands (Palco Heineken) - Depois da estreia no Musicbox Lisboa e Hard Club do Porto em Outubro último, a banda de "Seasons (Waiting on You)" terá finalmente um palco proporcional à sua envergadura. Pode ser desta que Samuel T. Herring, o extasiante vocalista, complete a transição para Incrível Hulk

Selecção nacional: Blasted Mechanism, Moullinex, Batida, Capicua e Los Waves

11 Julho

Porventura o dia mais eclético com nomes de quadrantes soul, pop, funk, hip hop, electrónica, rock e indie que poderá ter ficado mais ou menos interessante (depende da perspectiva) com a adição do repetente Chet Faker em substituição do belga Stromae. 

Disclosure (Palco NOS) - Corria o ano de 2013 quando a programação do 1º dia do palco Clubbing se fazia com três grandes nomes da nova movida londrina: AlunaGeorge, Jessie Ware e os manos Lawrence. Enquanto a primeira dupla aguarda novos voos, Miss Ware é promovida e os Disclosure dão o maior salto. Marcam presença em solo luso pela terceira vez consecutiva e voltam como cabeças de cartaz de um espectáculo que passará em revista os temas de Settle e servirá de antevisão ao novo Caracal, próximo capítulo da discografia. Espera-se que o rapaz aqui debaixo suba ao palco para entoar "Latch" - poderá haver melhor bónus?



Sam Smith (Palco NOS) - A repetir a peregrinação de há exactamente um ano, agora promovido ao palco de maior dimensão. As canções serão as mesmas, mas amadureceram e ganharam novos contornos na voz de um Sam Smith regressado às digressões depois de uma paragem forçada para tratar problemas vocais. Novo com um ferrari, once more with feeling

Azealia Banks (Palco Heineken) - Bastões de censura a postos para a controversa rapper de Harlem que da fama de linguaruda já não se livra, mas que pode acrescentar à lista a reputação de performer de mão cheia, agora que tem um longa-duração de estreia todo-o-terreno capaz de sustentar o intelecto. Nada menos do que um concerto incendiário é o que se espera. Isto se não decidir cancelar à última hora *fingers crossed*



Flight Facilities (Palco Heineken) - A representação australiana vai para além da presença de Chet Faker: já vimos que Flume pode ter uma palavra a dizer na divisão dos Antípodas, tal como os Flight Facilities, em estreia absoluta, a prometerem prolongar o efeito encantatório pela electrónica local. Não faltarão "Crave You", "Two Bodies" ou "Down to Earth" - licença para aterrar e ficar entre nós.

Chromeo (Palco Heineken) - No ano passado o cancelamento da tour europeia apanhou a visita programada ao Alive, mas a redenção de Dave 1 e P-Thugg acontece já este Sábado quando colocarem o ponto final nas festividades do Passeio Marítimo de Algés com o endiabrado/esfuziante funk sintetizado que praticam há mais de uma década. 

Selecção nacional: HMB, Dead Combo, Cave Story e Pista

Enquanto a aposta nos nomes dos dois maiores palcos permanece a de sempre, parece existir um ligeiro desincentivo na programação do palco Clubbing. Pensar que só nas duas últimas edições passaram por ali SOHN, Jamie xx, Jungle, AlunaGeorge, Diplo, Disclosure, Jessie Ware ou Flume... não é coisa pouca. As cores nacionais estão bem representadas, mas o menu da electrónica pedia melhor. Talvez para o ano. A vida são dois dias e os três do Alive começam já amanhã. Bom festival a todos!

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