SBSR 2015, dia 3: Florence e a Equipa das Quinas
Parque das Nações lotado para louvar Florence Welch e a sua máquina, num dia em que também a armada portuguesa voltou a mostrar a sua supremacia.
*Bem, isto será um misto de notícia, crónica e divagação sem trela - o relato possível do dia em que o escriba se estreou no Super Bock Super Rock*
A tarde começa no Palco EDP ao som dos Modernos, versão de bolso dos Capitão Fausto que soam praticamente a Capitão Fausto, talvez mais sujos e directos ao assunto. Para mim a questão era perceber de facto que elementos da banda-mãe não se tinham "modernizado". Curiosidade satisfeita, foi curtir descontraidamente as propostas dos dois EPs da banda, com os momentos mais cativantes a pertencerem a "24" e "Casa a Arder".
Há mais para conhecer e absorver, por isso dou um salto à exposição dos 20 anos de SBSR que capta em imagem os artistas que passaram pelo festival ao longo das últimas duas décadas. Lembram-se de Avril Lavigne, Black Eyed Peas ou Nelly Furtado terem constado no cartaz em anos idos? Pois, eu também não. Mas achei um piadão.
Regresso ao Palco EDP para encontrar uma multidão muito bem composta para escutar Márcia. Fiquei pouco tempo mas ainda ouvi "Linha de Ferro" que a une ao brasileiro Criolo e o caloroso "Insatisfação" do novo Quarto Crescente. A partida justifica-se com a romaria ao Palco Antena 3 onde decorria o primeiro concerto da tarde, o dos Thunder & Co, a agitar as hostes com a sua nu-disco emocional. É essa a premissa no papel, mas não há lugar para sentimentos desoladores em cima do palco ou fora dele. A dupla vibra, salta, sua e incentiva a plateia a suar com eles - tarefa bem-sucedida para a banda que diante de si tinha um público maioritariamente à descoberta do seu trabalho.
Segue-se D'Alva ao lusco-fusco, decididamente responsáveis pela maior enchente do Palco Antena 3 daquele dia e, talvez, até mesmo de todo o festival. Já os tinha visto ao vivo este ano numa noite de boa memória no Musicbox e pensava ser humanamente impossível divertir-me tanto outra vez a ouvi-los. Mas não, foi ainda melhor do que a primeira #bigslapintheface - comungar uma vez mais naquela energia e espiríto festivo foi simplesmente maravilhoso. E, tal como da primeira, assisti à maneira como libertam e desinibem até o mais irrefutável possuidor de dois pés esquerdos: dança e canta mesmo quem não quer e não sabe. De "Frescobol" passando por "Aquele Momento" ou "#LLS" até ao velhinho "3 Tempos", é injecção de adrenalina atrás de injecção de adrenalina. Pop garrida de hashtag ao peito que, como diz a canção, não vem na Blitz (ou melhor, vem, mas com um ano de atraso), onde em menos de dois minutos é possível caberem no mesmo tema interpolações com "Wannabe" das Spice Girls, "Superfresh" de Blaya ou "Anaconda" de Nicki Minaj. Alex Teixeira, Ben Monteiro e companhia terminam o concerto banhados de gratidão e nós de êxtase e felicidade - que bonito é ver quando ambas as partes dão tudo de si. Por esta altura já diz a nação inteira com orgulho: #somosdalva.
A pausa para jantar permite ouvir apenas fracções de Unknown Mortal Orchestra ao longe. Detectei "Swim and Sleep", falhei com alguma pena "Multi-Love", "So Good At Being In Trouble" ou "Can't Keep Checking My Phone" e todo um concerto que se diz ter sido muito decente. Mas a força da equipa das quinas era inquestionável e foi já de estômago aconchegado que fui até We Trust, cumprindo assim o pleno no Palco Antena 3. O projecto encabeçado pelo multi-talentoso André Tentugal entoava com fervor para um público que se esperava mais numeroso as canções de These New Countries e do mais recente Everyday Heroes. A mensagem é inspiradora, o cabecilha revelou-se um frontman incansável e a música é grandiosa e libertadora em iguais porções - porque razão sinto que lhes faltou algum amor da parte da plateia? Talvez porque o pensamento colectivo já estava na MEO Arena.
O recinto já se encontrava bem composto para dar as boas vindas aos FFS, a aliança anglo-americana entre os Franz Ferdinand e os anciões Sparks. Foi um concerto que não me encheu completamente as medidas, com a sua quota parte de momentos aborrecidos - em temas do colectivo e da banda americana - e entusiasmantes, principalmente quando era o repertório dos escoceses que ganhava protagonismo ("Do You Want To", "Walk Away" e "Take Me Out" iam mandando a casa abaixo). Só a mordaz "Collaborations Don't Work", o mimo "Piss Off" e a irresistível "Call Girl" alinharam os astros. Pormenor não menos importante, o sempre contestado som da MEO Arena fez jus à sua fama nos primeiros temas da actuação do supergrupo, mas foi consertado a tempo de dignificar o espectáculo e proporcionar uma boa cama ao que se seguiria.
Segue-se D'Alva ao lusco-fusco, decididamente responsáveis pela maior enchente do Palco Antena 3 daquele dia e, talvez, até mesmo de todo o festival. Já os tinha visto ao vivo este ano numa noite de boa memória no Musicbox e pensava ser humanamente impossível divertir-me tanto outra vez a ouvi-los. Mas não, foi ainda melhor do que a primeira #bigslapintheface - comungar uma vez mais naquela energia e espiríto festivo foi simplesmente maravilhoso. E, tal como da primeira, assisti à maneira como libertam e desinibem até o mais irrefutável possuidor de dois pés esquerdos: dança e canta mesmo quem não quer e não sabe. De "Frescobol" passando por "Aquele Momento" ou "#LLS" até ao velhinho "3 Tempos", é injecção de adrenalina atrás de injecção de adrenalina. Pop garrida de hashtag ao peito que, como diz a canção, não vem na Blitz (ou melhor, vem, mas com um ano de atraso), onde em menos de dois minutos é possível caberem no mesmo tema interpolações com "Wannabe" das Spice Girls, "Superfresh" de Blaya ou "Anaconda" de Nicki Minaj. Alex Teixeira, Ben Monteiro e companhia terminam o concerto banhados de gratidão e nós de êxtase e felicidade - que bonito é ver quando ambas as partes dão tudo de si. Por esta altura já diz a nação inteira com orgulho: #somosdalva.
A pausa para jantar permite ouvir apenas fracções de Unknown Mortal Orchestra ao longe. Detectei "Swim and Sleep", falhei com alguma pena "Multi-Love", "So Good At Being In Trouble" ou "Can't Keep Checking My Phone" e todo um concerto que se diz ter sido muito decente. Mas a força da equipa das quinas era inquestionável e foi já de estômago aconchegado que fui até We Trust, cumprindo assim o pleno no Palco Antena 3. O projecto encabeçado pelo multi-talentoso André Tentugal entoava com fervor para um público que se esperava mais numeroso as canções de These New Countries e do mais recente Everyday Heroes. A mensagem é inspiradora, o cabecilha revelou-se um frontman incansável e a música é grandiosa e libertadora em iguais porções - porque razão sinto que lhes faltou algum amor da parte da plateia? Talvez porque o pensamento colectivo já estava na MEO Arena.
O recinto já se encontrava bem composto para dar as boas vindas aos FFS, a aliança anglo-americana entre os Franz Ferdinand e os anciões Sparks. Foi um concerto que não me encheu completamente as medidas, com a sua quota parte de momentos aborrecidos - em temas do colectivo e da banda americana - e entusiasmantes, principalmente quando era o repertório dos escoceses que ganhava protagonismo ("Do You Want To", "Walk Away" e "Take Me Out" iam mandando a casa abaixo). Só a mordaz "Collaborations Don't Work", o mimo "Piss Off" e a irresistível "Call Girl" alinharam os astros. Pormenor não menos importante, o sempre contestado som da MEO Arena fez jus à sua fama nos primeiros temas da actuação do supergrupo, mas foi consertado a tempo de dignificar o espectáculo e proporcionar uma boa cama ao que se seguiria.
Florence and the Machine. Um encontro há muito aguardado que contribuiu para a lotação esgotada do recinto. Primeiro surgem as artérias - coros, secção de metais, baterista, guitarrista, teclista - e depois o coração desta máquina - Florence Welch - vestida de branco, de pés descalços, ovacionada como uma deusa. Tivemos direito a uma setlist maior que a vida (ou que Glastonbury, neste caso) que deu especial destaque ao último álbum de originais sem esquecer os pontos fortes de Lungs e Ceremonials. É precisamente do disco de estreia que saem os momentos mais celebrados da noite: "Rabbit Heart (Raise It Up)", "Drumming Song" ou a estupenda sequência final composta por "You've Got the Love" e "Dog Days Are Over". De Ceremonials ouve-se "Spectrum", "What the Water Gave Me", tema de abertura do espectáculo, e o majestoso "Shake It Out" numa leitura quase acústica e francamente menos intensa/catárctica. Custa a crer que pérolas como "No Light, No Light" ou "Lover to Lover" não tenham feito parte do alinhamento, que nem por isso perdeu fulgor.
Do último álbum é "Ship to Wreck" a canção mais celebrada, mas no geral sente-se que o público ainda não está familiarizado com os restantes temas. "Queen of Peace" e "Delilah", por exemplo, ficaram aquém do seu potencial ao vivo. Curiosamente, até "What Kind of Man" não resulta como era esperado, perdendo alguma da sua visceralidade em palco. O que vale é que há sempre uma incansável Florence a suportá-las: teatral nos gestos, graciosa em incessantes rodopios, vocalmente irrepreensível e extremamente comunicativa com a plateia, rendida a cada palavra e gesto seu. Boa surpresa é a versão acústica de "Sweet Nothing" entoada a plenos pulmões pela MEO Arena - que canta "sexy nothing" em vez de "such sweet nothing" no refrão - a resultar muito bem sem a marca de Calvin Harris. A fervorosa comunhão obrigava a um encore que surge depois de inúmeros clamores do público, sob a forma de "Third Eye" - era trocá-lo por "Heartlines" e teria resultado muito melhor - e da primogénita "Kiss with a Fist", a obrigar a um semi-headbanging colectivo às 3 da manhã. A despedida da vocalista não fica completa sem uma corrida às grades apenas de calças e soutien. Glória à Florence, à máquina e ao povo português - que não tenhamos de esperar outros cinco anos para vê-los outra vez.
SBSR, quem sabe, até para o ano também.
Do último álbum é "Ship to Wreck" a canção mais celebrada, mas no geral sente-se que o público ainda não está familiarizado com os restantes temas. "Queen of Peace" e "Delilah", por exemplo, ficaram aquém do seu potencial ao vivo. Curiosamente, até "What Kind of Man" não resulta como era esperado, perdendo alguma da sua visceralidade em palco. O que vale é que há sempre uma incansável Florence a suportá-las: teatral nos gestos, graciosa em incessantes rodopios, vocalmente irrepreensível e extremamente comunicativa com a plateia, rendida a cada palavra e gesto seu. Boa surpresa é a versão acústica de "Sweet Nothing" entoada a plenos pulmões pela MEO Arena - que canta "sexy nothing" em vez de "such sweet nothing" no refrão - a resultar muito bem sem a marca de Calvin Harris. A fervorosa comunhão obrigava a um encore que surge depois de inúmeros clamores do público, sob a forma de "Third Eye" - era trocá-lo por "Heartlines" e teria resultado muito melhor - e da primogénita "Kiss with a Fist", a obrigar a um semi-headbanging colectivo às 3 da manhã. A despedida da vocalista não fica completa sem uma corrida às grades apenas de calças e soutien. Glória à Florence, à máquina e ao povo português - que não tenhamos de esperar outros cinco anos para vê-los outra vez.
SBSR, quem sabe, até para o ano também.
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