1989 de Taylor Swift: Radiografia de um Fenómeno
Passam 366 dias - lamento ter chegado um dia atrasado - do lançamento do blockbuster discográfico que cimentou Taylor Swift como a maior estrela pop do seu tempo. Razão mais do que pertinente para olharmos à lupa a caminhada de um disco que há 12 meses alimenta a indústria musical, converte não crentes à causa swiftiana e continua a bater recordes. Senhoras e senhores, 1989:
Os antecedentes
Taylor Swift já era um nome grande do mainstream antes do lançamento de 1989, detentora de uma vasta falange de apoiantes que a acompanhavam desde a edição do álbum de estreia homónimo em 2006 e que cresceu exponencialmente até ao penúltimo Red (2012). Estabeleceu-se enquanto artista country sem nunca abdicar, no entanto, de linguagens pop numa dicotomia algo confusa e nem sempre bem recebida. Poucos a veriam como adversária directa de pesos-pesados como Beyoncé, Rihanna ou Lady Gaga. Até que o seu quinto disco de originais tratou de clarificar equívocos ao ser desde logo anunciado como o seu "primeiro álbum pop oficial e documentado". E tornou-se claro qual o trono que Taylor Swift perseguia.
A premissa
Adeus guitarra acústica, olá sintetizadores, baixo, bateria e tudo o mais que uma sofisticada programação possa emular. O ponto de partida foi a música feita no ano de nascimento da artista, incitando-a a experimentar novos sons, texturas e a correr riscos como nunca antes. Como a própria chegaria a afirmar em discurso directo: «In the 80's there just seemed to be this energy about endless opportunities, endless possibilities, endless ways you could live your life. And so with this record, I thought, "There are no rules to this. I don't need to use the same musicians I've used, or the same band, or the same producers, or the same formula. I can make whatever record I want"». Liberdade e controlo criativo, acima de tudo.
O batalhão TS
Obviamente que Taylor Swift não ergueu a sua visão sozinha. Soube rodear-se dos melhores produtores/compositores possíveis para construir 1989. A dupla Max Martin/Shellback ocupa um papel primordial ao ser creditada em sete dos treze temas que compõem o alinhamento, mas no processo de gravação e composição operaram também estetas como Ryan Tedder, Noel Zancanella (ambos dos OneRepublic), Jack Antonoff (guitarrista dos fun.), Ali Payami, Greg Kurstin, Imogen Heap ou o colaborador habitual Nathan Chapman.
A obra
De nada valeria a intenção ou o hype por detrás da obra se esta de facto não valesse alguma coisa. Estão aqui algumas das melhores canções gravadas por Taylor Swift. Canções pegadiças e infalíveis que nos desarmam antes mesmo de oferecermos resistência. Pop básica na forma mas engenhosa no conteúdo que induz a sucessivas audições sem perigo de overdose. Um disco de múltiplos encantos que soaria bem em 2004, soou em 2014 e continuará a soar em 2024.
Os singles
- "Shake It Off", o inesgotável
- 8/10 na escala Swiftiana
- Lançado a 18 de Agosto de 2014
- Produzido por Max Martin e Shellback
- nº1 nos EUA (8x platina), Austrália (6x platina), Canadá (6x platina), México (platina), Nova Zelândia (3x platina), República Checa, Húngria, Polónia e Eslováquia; nº2 no UK (platina)
- 3 nomeações para os Grammys 2015 (Record of the Year, Song of the Year e Best Pop Solo Performance)
- "Blank Space", o sarcástico
- 9/10 na escala Swiftiana
- Lançado a 10 de Novembro de 2014
- Produzido por Max Martin e Shellback
- nº1 nos EUA (7x platina), Austrália (5x platina), Canadá, Finlândia, Escócia, Sérvia e África do Sul; nº4 no UK (platina)
- "Style", o incompreendido
- 10/10 na escala Swiftiana
- Lançado a 9 de Fevereiro de 2015
- Produzido por Max Martin, Shellback e Ali Payami
- nº1 em Israel e África do Sul; nº6 nos EUA (2x platina); nº21 no UK
- "Bad Blood", o vingador
- 8/10 na escala Swiftiana
- Lançado a 17 de Maio de 2015
- Produzido por Max Martin, Shellback e Ilya
- nº1 nos EUA (4x platina), Austrália (2x platina), Canadá, Israel, Nova Zelândia e Escócia; nº4 no UK
- "Wildest Dreams", o romântico inveterado
- 9/10 na escala Swiftiana
- Lançado a 31 de Agosto de 2015
- Produzido por Max Martin e Shellback
- nº3 na Austrália (platina); nº5 nos EUA; nº40 no UK
Os vídeos
"Shake It Off"
Realizador: Mark Romanek
1 bilião e 117 milhões visualizações YouTube
-5º vídeo mais visto de sempre-
-5º vídeo mais visto de sempre-
Comicidade, positivismo e engenhosa recriação de costumes da pop culture.
"Blank Space"
Realizador: Joseph Kahn
1 bilião e 238 milhões visualizações YouTube
-2º vídeo mais visto de sempre-
-2º vídeo mais visto de sempre-
Vencedor de 2 VMAs (Best Female Video e Best Pop Video)
Eis a "ninfomaníaca psicótica" que os media sempre quiseram que ela fosse.
"Style"
Realizador: Kyle Newman
309 milhões visualizações YouTube
Cinematográfica escapadela romântica com vista para a falésia.
"Bad Blood"
Realizador: Joseph Kahn
601 milhões visualizações YouTube
Vencedor de 2 VMAs (Video of the Year e Best Collaboration)
O thriller mais espectacular e anti-climático do ano. Mas o primeiro momento em que Taylor pensa e age como um astro da sua dimensão.
"Wildest Dreams"
Realizador: Joseph Kahn
154 milhões visualizações YouTube
Elizabeth Taylor, um amor de perdição e glamour na savana com o Serengeti como pano de fundo.
Os números
Se dúvidas houvessem, os algarismos não enganam:
Fonte: Billboard |
Nº total de cópias vendidas mundialmente: 8,6 milhões
Tal como 21 de Adele salvou a indústria fonográfica em 2011 e 2012, o álbum de Taylor Swift é também o principal responsável pela revitalização das vendas no último trimestre de 2014, período em que vendeu um total de 6 milhões de cópias em todo o mundo. Este ano acrescentou mais 2,6 milhões à quantia amealhada.
O impacto
Não se mede apenas pelos números. Ainda que grande parte da população mundial saiba agora o ano exacto em que a cantora veio ao mundo, a grande conquista de 1989 será talvez o facto de ter derrubado preconceitos e rótulos em relação à sua autora. Hoje em dia já ninguém assume ter vergonha de escutar e gostar de Taylor Swift. Deixou de ser um fenómeno nacional para ter expressão à escala mundial. Reúne apoiantes de todos os géneros, tribos e idades. É sinónimo de coolness e bom gosto - o que mais pode alguém desejar?
E não se fica por aqui. Imediatamente após o lançamento do álbum, Taylor Swift decidiu retirar todo o seu catálogo do gigante Spotify como forma de protesto ao pagamento feito aos artistas, lançando o debate acerca do consumo e livre acesso à música nas plataformas de streaming. Em Junho último foi a vez de apontar a mira ao recém-chegado Apple Music, opondo-se contra a ausência de pagamento aos artistas durante o período gratuito experimental do serviço, levando a companhia a mudar a sua política. Quem mais conseguiu fazer tremer dois gigantes do nosso tempo?
Enquanto ainda estamos à espera de compreender até que ponto 1989 influenciará trabalhos vindouros no universo da pop, houve alguém que se antecipou e decidiu fazer a sua própria leitura do álbum, gravando o processo e registando-o em disco. Falamos obviamente de Ryan Adams que transformou a obra de Swift numa prosa melancólica de alt. country/indie rock pela-estrada-fora. Não é todos os dias que isto acontece, senhores.
O futuro
Tão cedo não se espera que o álbum arrede pé dos lugares cimeiros dos topes, mas é um facto que a era de 1989 caminha a passos largos para o seu desfecho. A digressão de apoio ao álbum ocupará Taylor Swift até meados de Dezembro e depois disso o interesse dos media e do público em geral deverá diminuir até à altura dos Grammys, em Fevereiro de 2016, nos quais se esperam grandes vitórias para a cantora. Até lá poderá existir ainda um 6º single ("New Romantics", na versão deluxe, apresenta-se como principal candidato) para sustentar as glórias finais do disco.
E depois? O descanso da guerreira. Até aqui Taylor Swift tem editado álbuns de dois em dois anos, mas muito dificilmente 2016 verá um novo disco da norte-americana. Ninguém consegue responder tão rapidamente a um fenómeno assim e, além do mais, o meteórico regresso de Adele não permitirá a existência simultânea de dois blockbusters. Ela bem que merece umas fériazinhas. E nós dela também.
Bye, b**ches! See you all when I'll have that blank space again! |
Por isto tudo, é tempo de 1989 ganhar a sua própria etiqueta no blog.
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Eu sou uma dessas que não costumava gostar de Taylor Swift, nada contra, mas nunca me cativou muito. Mas agora gosto, não suporto «Shake it off» mas gostei de todas as outras canções do álbum que já ouvi.
ResponderEliminarMais uma nota, "Blank Space" também chegou ao n.º 4 do Top de Singles em Portugal.
ResponderEliminarVerdade, é mais fácil encontrarmos hoje alguém que goste de Taylor Swift do que não goste. É um álbum fantástico e o que ela alcançou nestes últimos 12 meses é impressionante.
ResponderEliminarDesconhecia a classificação do "Blank Space" em Portugal, mas obrigado pela informação :)