REVIEW: Kwabs- Love + War


Estreia polivalente e sagaz de uma das melhores exportações britânicas que ouviremos em 2015. 

Num cenário musical idílico, Kwabs seria uma das revelações mais aclamadas do ano. Mas 2015 não está a ser particularmente generoso para as novas promessas, ofuscadas pela presença massiva de nomes como Taylor Swift, Ed Sheeran ou Sam Smith, a arrastarem-se nos topes desde meados de 2014. Mas esta não será a única explicação plausível.

Estamos perante outro caso de um debutante que sai prejudicado pelo atraso sistemático na edição do disco de estreia - da edição do primeiro EP para este longa-duração passam 19 meses. Quantas mais carreiras serão precisas arruinar para se chegar à conclusão que algo vai muito mal na conduta interna das editoras? Capitalismo a quanto obrigas.

A forma de Love + War sai pois danificada, mas o seu conteúdo é à prova de qualquer injúria. São 12 temas magnificamente produzidos e conduzidos pela voz de barítono aveludada de Kwabs, a mover-se agilmente em território soul, gospel, R&B e electrónico - um cocktail sónico contemporâneo capaz de agradar a qualquer paladar - e a versar sobre amor e lutas interiores.



O tema-título, "Make You Mine" e o irresistível "Fight For Love" contêm influências dance/electropop via anos 90 e estão entre as melhores propostas do disco, representando desde logo a ideia do amor enquanto campo de batalha ou plataforma de mergulho para outros dilemas morais. 

Num pólo mais midtempo e de recorte R&B encontramos os competentes "My Own" (a trazer à memória o repertório de Craig David), o não-tão-George Michael-assim "Father Figure", a pender mais para o lado atmosférico de um Phil Collins e de conteúdo lírico algo confuso, ou um "Laidback" a fazer jus ao seu título e a servir de pretexto para um featuring de, por exemplo, Miguel ou J. Cole. Mas a prioridade do autor de Love + War não será certamente a facturação. E ainda bem.



Na fusão de soul com electrónica alinham o formidável "Walk" e "Wrong or Wright" - repescados do seu anterior material - os graves guturais que conduzem ao refrão majestoso de "Forgiven" e um ginasticado "Look Over Your Shoulder" assistido pelo mestre SOHN. Se são baladas que procuramos, também não saímos desiludidos: estão presentes no lamento ao piano de "Perfect Ruin", a desafiar a estrutura tradicional de uma canção do género, e na apaixonante "Cheating On Me", a trazer por fim ao de cima toda a escola gospel de Kwabs, aqui ao melhor estilo de "I Believe I Can Fly". 

Love + War é capaz de ser o melhor disco de estreia de um artista masculino britânico que ouviremos este ano, a superar em larga escala os respectivos de James Bay, Sam Smith ou George Ezra. A prova viva de que um best-seller pode ser produto insuflado e um flop comercial uma verdadeira mina de ouro. Mas com esta voz e identidade musical, só se pode esperar que Kwabs tenha ainda uma série de coisas boas reservadas mais à frente no caminho.



Classificação: 8,3/10 

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