Christina Aguilera- A Diva Camaleónica, VI

As canções

"Your Body", Lotus

Lançado a 16 de Setembro, 2012
- nº10 no Canadá, nº16 no UK e nº34 nos EUA

À terceira tentativa de reciclar "Dirrty", o falhanço total. A bitola estava alta: Xtina precisava de um hit que fizesse esquecer a inglória era de Bionic e que conseguisse cavalgar a bem-sucedida onda de "Moves Like Jagger". De pouco lhe valeu a parceria criativa com Max Martin - a primeira da sua carreira com o hitmaker sueco - se dali resultou uma investida electropop/eurodance de volumosos decibéis a desafiar tímpanos e a versar sobre sexo casual com estranhos. A classe nunca foi o seu forte, é verdade, mas nunca a tínhamos visto tão desesperada como aqui. Salvou-se o vídeo com mão de Melina Matsoukas e a sua inteligente e bem-humorada abordagem a um conceito macabro. A safadeza cai-lhe tão bem. 



"Just a Fool", Lotus

Lançado a 4 de Dezembro, 2012
- nº37 no Canadá, nº45 na Eslováquia e nº71 nos EUA

Não foi preciso muito para picar o ponto (estabelecer duetos, leia-se) com os seus colegas mentores do The Voice. Adam Levine foi o estreante com "Moves Like Jagger", seguiu-se Cee Lo Green num "Baby, It's Cold Outside" com aroma natalício, e num intervalo de semanas fazia o pleno ao emparelhar com Blake Shelton num dos momentos mais inusitados mas excepcionais de Lotus. "Just a Fool" é uma balada country pop dos sete costados que reflecte sobre o fim amargo de uma relação, com inspiração desenhada no divórcio do seu primeiro marido e vocalizações à Linda Perry em "What's Up". Foi lançado como sucessor de "Your Body" por vontade popular e vendeu perto de 1 milhão de cópias nos EUA, superando a performance do seu antecessor mesmo sem o apoio de um vídeo promocional. 



"Feel This Moment", Global Warming

Lançado a 18 de Janeiro, 2013
- nº1 na Bulgária, Chile, República Checa, Polónia e Espanha; nº4 no Canadá (4x platina); nº5 no UK e nº8 nos EUA (2x platina)

Christina não precisou de penar muito para conseguir um outro êxito... acompanhada. "Feel This Moment" foi como que o prémio de consolação pela performance desastrosa de Lotus, devolvendo-a aos lugares cimeiros das tabelas. Tudo o que bastava era reunir-se com Mr. Worldwide (que vocalista feminina não terá passado ainda pelo cunho de Pitbull?) e entoar "one day when my light is glowing, I'll be in my castle golden; but until the gates are open, I just wanna feel this moment", rodeada de um certeiro sample de "Take On Me" dos noruegueses A-ha. Há coisas fantásticas, não há?



"Say Something", Is There Anybody Out There?

Lançado a 4 de Novembro, 2013
- nº1 na Austrália (4x platina), Bélgica e Canadá (6x platina); nº2 na Nova Zelândia (2x platina) e Escócia; nº3 em Portugal; nº4 no UK e EUA (4x platina)

Não há duas sem três em tempos de escassez. E foi graças a uma sucessão de circunstâncias extraordinárias que esta parceria aconteceu. A canção existia desde 2011 no álbum a solo de Ian Axel, vocalista dos AGBW, transitou para o disco de estreia da dupla e permaneceu adormecida até ser utilizada num episódio do So You Think You Can Dance em 2013, gerando um hype propagado ao quartel-general de Christina Aguilera que propôs ao duo regravar a canção com a sua voz. Obviamente que beneficiaria ambas as partes: eles porque mais facilmente furariam o mainstream com uma convidada ilustre associada, e ela porque... bem, teve dois dedos de testa para perceber que isto seria um enorme êxito. Christina limita-se a servir de back-up vocal, mas tudo bate certo e é tão assombroso que não poderia existir de outra forma - é uma das suas interpretações mais refreadas, mas também mais emotivas e memoráveis. 


Os discos

Lotus (2012)

- 7º álbum de estúdio (9 de Novembro, 2012)
- nº2 na Austrália; nº3 em Taiwan; nº6 na Rússia, nº7 nos EUA e Canadá; nº10 na Suíça; nº23 em Portugal e nº28 no UK


E quando se pensava que um novo disco não podia fazer pior figura que Bionic (2010) eis que Lotus chega e afunda a carreira de Christina Aguilera um pouco mais. É tudo um bocado preocupante não só porque vem no seguimento da mega-colaboração com os Maroon 5 e da mediática participação no The Voice, mas porque também se esforça bastante para que gostem dele. É o álbum mais pop e curto do seu percurso desde o distante disco de estreia, conta com pesos-pesados da produção como Max Martin, Shellback ou Alex da Kid e uma generalidade de temas (demasiado) polidos e seguros para alguém com os apetites camaleónicos e aventureiros de Xtina. Depois tudo corre mal, desde o pirateamento precoce do disco, à errada escolha do 1º single ou ao total desinvestimento promocional. Não é tão desinteressante quanto se possa pensar: escute-se "Red Hot Kinda Love", "Blank Page" ou "Circles" para de imediato ver a fé restaurada em Legendtina

                                 

E é ainda na esperança de vermos despertar novamente Xtina em todo o seu esplendor num 2016 que trará novo álbum de estúdio, que colocamos o ponto final nesta retrospectiva, a primeira escolhida inteiramente por vocês. Foi um prazer reaver um dos meus ídolos de infância - pelo caminho reaprendi imensos factos e recordei muitos episódios e sensações de tempos idos. Se não tanto, espero ter-vos sido útil na reconciliação ou estreitamento de laços com Christina Aguilera. Longa vida à diva, que perdure a lenda.

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