Repensar o futuro dos Paramore


Hoje de madrugada a banda partilhou esta mensagem no facebook:

"These last few years have held some of the most fulfilling moments we’ve had yet... as people, as friends, and as a band. The Self-Titled era was one that we knew would be important for us but also one we'd eventually have to move on from. In moving forward, there is growth, pain, and change... and sometimes the change is not at all what you hoped for. We’ve written and re-written this countless times and there’s just not a good way to put it... Jeremy is no longer going to be in the band with us. To be honest, this has been really painful. After taking time to consider how to move forward, we ultimately found that we really do believe Paramore can and should continue on. And so we will.
We’re really thankful for the people who have helped see us through hard times before and what we’ve discovered is that those people are just as much a part of this as we will ever be. We’re hopeful for Paramore’s future and we’re also excited for what Jeremy’s going to do next. Thank you all for your support and your belief in us. It’s kept us going. We will see some of you really soon on Parahoy. If you’re not coming on the cruise, we will still see you in 2016."

Não é difícil só para eles, também é para nós. Ando às voltas para tentar começar este post, porque há uma data de sentimentos contraditórios a perturbar a sua construção. Pesa o coração, mas quero ter também algum discernimento para levantar algumas questões pelo caminho. 

Jeremy Davis, baixista e membro fundador da banda, está de saída, deixando aos comandos Hayley Williams (agora o único elemento original) e o guitarrista Taylor York, na banda desde 2007. Não é a primeira vez que há baixas no grupo - há exactamente cinco anos os irmãos Farro bateram com a porta de forma pouco amigável - e por isso custa um bocado vê-los a debaterem-se novamente com o mesmo problema, logo agora que as coisas pareciam estáveis.

Hayley e Taylor decidiram prosseguir com a banda, assegurando inclusivé as novas datas do cruzeiro-concerto Parahoy que terão lugar em Março de 2016 e deixando em aberto a possibilidade de existirem mais concertos ou novas músicas a caminho. Mas impera perguntar: faz sentido falarmos ainda de Paramore? Terão desperdiçado uma boa oportunidade de terminar a banda com o sentido de missão cumprida? 

Em 10 anos de carreira sobreviveram ao fim da vaga emo (evoluindo para lá do rótulo), à saída de dois membros fundadores e à do terceiro aparentemente também. Tornaram-se num dos maiores activos da Fueled By Ramen, viram os seus álbuns a chegar ao nº1 das tabelas de vendas dos EUA, Reino Unido, Austrália ou Nova Zelândia, um dos seus singles a alcançar o top 10 da Billboard Hot 100 e, ainda este ano, a valer-lhes o Grammy de Melhor Canção Rock. Pouco mais lhes resta alcançar. O que podem então ser os Paramore daqui para a frente? 

Dificilmente se tornarão na The Hayley Williams Experience. É um risco que não se colocava antes nem agora, pois se ela de facto quisesse fazer as coisas à sua maneira ter-se-ia emancipado a solo depois do enorme sucesso de "Airplanes", a que deu voz ao lado de B.o.B. em 2010. É verdade que a banda sempre viveu da presença da sua carismática frontwoman, mas não se teria feito sem a dinâmica de estúdio entre a vocalista e os restantes músicos e da nem sempre pacífica convivência entre ambos. Basta relembrar que Brand New Eyes (2009) é o diário de bordo de um grupo de costas voltadas e o último álbum homónimo a história de superação e triunfo dos três elementos resistentes, inteiramente escrita, aliás, pela mão de Hayley e Taylor. 

Há sempre a possibilidade de recrutarem para as suas fileiras alguns dos músicos que os têm acompanhado em digressão (Jon Howard, Justin York e Aaron Gillespie), ou de contratarem músicos para assegurar em futuros discos os restantes instrumentos (à semelhança do que aconteceu com o baterista no último disco), permanecendo na sua raíz enquanto dupla.

Se em Março último Hayley confessava num longo e reflexivo post a indefinição (ainda que envolta em entusiasmo) quanto ao futuro dos Paramore, as coisas agora tornam-se ainda mais incertas. Para já existe a vontade de permanecer e resistir, e é tudo o que basta. Se há algo que nos ensinaram, é que o crescimento implica abandonar certas coisas (ou pessoas) do passado. Talvez esta tenha sido a única forma de continuar a evoluir sem restrições.

Lamento que mais uma vez as coisas não tenham corrido bem, por eles e por nós. Lamento nunca tê-los visto ao vivo, quer em quinteto ou trio. Mas estarei aqui para assistir à próxima etapa do seu percurso, na esperança de continuar a crescer com eles. Estamos juntos à descoberta do que o futuro lhes/nos reserva.



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