REVIEW: Ciara- Ciara

 
Em escuta esta semana está o novo álbum homónimo de Ciara, o 5º disco de uma carreira que ultimamente tem tido mais baixos do que altos. Sou um admirador confesso dela e considero-a extremamente talentosa e muito, mas mesmo muito subestimada. Agora numa nova editora, novamente sob a alçada de L.A. Reid, o homem que a descobriu, tudo parece indiciar um recomeço. Faço figas para que o que se segue seja a tão desejada viragem da sua carreira:
 
1) I'm Out- Logo a abrir temos um hino ao poderio feminino e à unificação das single ladies desta vida para que se divirtam mais e chorem menos. A bordo temos a insana Nicki Minaj, na primeira de duas colaborações, sendo que é o par perfeito para proporcionar ousadia e pujança, para além de ser um nome sonante que capta multidões. Começamos bem, pois então. (8/10)
 
2) Sophomore- A temperatura começa a aquecer com esta lição de sensualidade, que em certos momentos me faz lembrar Rihanna (a arqui-rival de Ciara), tanto na postura vocal como na pose atrevida. É um tema prevísivel mas sabe bem ouvi-lo. I like it, like it! (8/10)
 
3) Body Party- Entramos em território ultra-sedutor - o estado natural de Ciara, em que se movimenta como peixe na água - naquela que é a derradeira slow jam de 2013 e a única balada do disco. A farra do primeiro tema é agora feita a dois, corpo a corpo, num festim carnal para o qual não existem limites. É R&B sedutor das melhores águas e ninguém o faz melhor do que a própria Ciara. (8/10)
 
4) Keep On Lookin'- Numa onda crunk e em jeito de desafio, esta é a resposta de Ciara a todos os haters que nos últimos anos duvidaram da sua capacidade artística, face ao seu fraco desempenho comercial. "I’m on another level, you should come get like me/ Ain’t no one do it better, is that so hard to believe?". Quem ri por último, ri melhor. (8/10)
 
5) Read My Lips- É o primeiro momento explicitamente pop do álbum, com uma melodia orelhuda e um refrão memorável, cortesia de Darkchild. Surpreendentemente, acho que é a primeira vez que oiço Ciara num registo tão luminoso: não tenta ser meloso nem sedutor, é apenas um bom momento pop, simples e descontraído. (8/10)
 
6) Where You Go- Mantém-se o espírito descontraído e o tom radioso, só que desta vez o momento é partilhado com o rapper Future, o seu namorado. Sinto novamente as influências de Rihanna e percebo a intenção do dueto, mas sinto-o um pouco deslocado do alinhamento. Poderia ser mais interessante e menos vago. (7/10)
 
7) Super Turnt Up- Ora aqui temos algo nunca visto: Ciara feat. Ciara. A façanha explica-se pelo facto de ser a própria a produzir o tema e a atirar-se destemidamente a um rap (aprendeu umas coisas com Miss Minaj), algo inédito para a cantora. Gosto do flow, da atitude e da batida crunk. E há que reconhecer o esforço aqui depositado. (8/10)
 
8) DUI- Está de volta o R&B sedutor e a pulsação carnal neste "Driving Under the Influence", em que o amor é o culpado dos excessos cometidos na estrada da vida, metaforicamente falando. Por mim até podia cantar sobre jantes de liga leve que gostaria na mesma: a voz é ouro sobre azul . (8/10)
 
9) Livin' It Up- De novo acompanhada por Nicki Minaj (se bem que aqui era escusado), esta é uma nova tentativa para agradar às massas e alcançar os topes. Tão contagiante e deliciosa quanto "Read My Lips", é pautada por uns exóticos "o'la o'la hey" e por um refrão aux point. Acima de tudo, é uma aposta segura e muito bem pensada. (8/10)
 
10) Overdose- Tardou mas chegou: está reservado para o fim a melhor canção do disco. Ciara arrasa ao deixar-se levar pelos encantos da electropop, naquele que é o seu melhor tema desde o inesquecível "Love Sex Magic". Contorna o óbvio e consegue não ser genérico: é inteligente, muito bem produzido e uma pérola à espera de ser transformada em single. (9/10)
 
Em pouco mais de 40 minutos, Ciara assina aquele que provavelmente é o álbum mais conciso e confiante de um percurso iniciado há 9 anos atrás. Ao contrário de trabalhos passados, aqui sente-se a sua vontade de ir mais além, de não ficar confinada apenas aos meandros do R&B e das slow-jams sedutoras, algo em que de facto é perita mas que acaba por enjoar se levado à exaustão: e o certo é que neste álbum só há espaço para 3. Tudo o resto são incursões pela pop (põe-te a pau, Rihanna), crunk (remonta aos primórdios da sua carreira) e electropop (com resultados bastante satisfatórios).
 
Se assinalará a viragem que a sua carreira tanto precisa, não sei ao certo, mas que é uma prova inegável da sua relevância, evolução e do seu talento, lá isso é. Sem disparar em todas as direcções e sem perseguir a coroa de ninguém, Ciara mostra a sua versatilidade e nem por um momento a sinto forçada, dispersa ou apagada. E se esta é a sua verdadeira natureza, então posso dizer que acaba de criar o seu próprio campeonato. Sem dúvida, uma One Woman Army.
 
Classificação: 8,0/10

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