Odisseia Musical: 2006, O Ano Supremo- Parte I

De entre todos os anos que esta Odisseia Musical percorre, não houve nenhum que igualasse a espectacularidade que 2006 alcançou. Porquê? Porque todas as estrelas estavam alinhadas para proporcionarem um ano perfeito. Não no sentido astrológico, claro, mas sim a nível musical.

Justin Timberlake e Nelly Furtado revolucionavam a pop e anunciavam os primórdios da electropop com os excelentes FutureSex/LoveSounds e Loose, respectivamente. Beyoncé lançava o 2º capítulo de uma carreira a solo que crescia a olhos vistos e Christina Aguilera recuava ao passado com Back to Basics, acrescentando um toque moderno à jazz e soul dos anos 30 e 40. Depois tinhamos as estrelas emergentes que se tornavam ídolos geracionais: Kelly Clarkson, que continuava a colher as sementes do sucesso que havia plantado com Breakaway, e Rihanna, que chegava aos lugares cimeiros das tabelas e dava os primeiros passos para se tornar uma mega-estrela pop à escala mundial.

E se a nível musical pairava uma imensa energia e produtividade, a minha vida também corria de forma bastante harmoniosa. Estava com 14 anos, no 9º ano, rodeado de um círculo de amigos com os quais passei grandes momentos. Tudo corria de feição: sem preocupações, receios ou infelicidades. Assim foi pelo menos até ao fim do Verão, uma vez que depois enfrentei uma certa angústia e pavor com a passagem para o 10º ano. Sentia, tal como agora sinto, um misto de ansiedade e esperança relativamente ao futuro, só que à época não tinha um terço da auto-estima que hoje em dia possuo.

Há muitos pontos de contacto entre aquilo que a minha vida foi em 2006 e o que é actualmente em 2013, com a diferença de que na altura era feliz e estava a descobrir o mundo enquanto agora sinto-me incompleto, por vezes, mas cheio de sonhos e vontade de os concretizar.

Com a música o mesmo sucede: em 2006 assistiu-se a uma pequena grande revolução e nos anos seguintes houve um certo acomodamento, quase como ninguém se esforçasse para mudar a tendência. Em 2013 sinto muito dessa energia, a vontade de querer mudar o presente e reconstruir o futuro. Porém, primeiro há que recordar os heróis desse passado que estabelece a ponte com o presente.

Os temas que mais me marcaram

14º Muse- "Supermassive Black Hole", Black Holes and Revelations

Em 2006 os Muse agigantavam-se graças à edição do seu 4º álbum e da grande malha que o anunciava, aquela que eu considero uma das minhas rockalhadas favoritas de todos os tempos. Já os conhecia da época de Absolution, mas foi aqui que fiquei rendido a Matt Bellamy e companhia. E logo eu que nem era um moço virado para as guitarras, fiquei de boca escancarada com o poder que este tema emanava.



13º Keane- "Crystal Ball", Under the Iron Sea


Ao 2º álbum os Keane navegavam por novos mares, num conto de fadas sinistro. As guitarras continuavam a não ter ordem de entrada e a magia do piano e os seus incríveis efeitos mantinham a banda em alta. "Crystal Ball" é o grande tema desta era e marcou-me particularmente pela forte narrativa do vídeo, em torno de um homem que perde a sua identidade e vê a sua vida virada do avesso. O pior pesadelo de qualquer ser humano.



12º Christina Aguilera- "Ain't No Other Man", Back to Basics

Em 2006, no tempo em que Christina Aguilera ainda era camaleónica e relevante, esforçava-se por marcar a diferença e conseguiu-o ao viajar até à época dourada do jazz, blues e da soul, fazendo uso do seu estupendo aparelho vocal. "Ain't No Other Man" fez virar cabeças com a sua originalidade e sonoridade retro e funky. Aqui ela ainda ditava as regras, não as seguia, erro crasso que actualmente comete - e por isso está onde está.



11º Kelly Clarkson- "Walk Away", Breakaway

Sempre gostei muito deste tema, o 5º single extraído de Breakaway, não só pelas suas características de hino pop/rock antémico mas também por ser um contraponto face à carga dramática dos seus anteriores singles. E depois temos o vídeo hilariante (o 1º que alguma vez vi na internet) que deixa qualquer um de sorriso no rosto e com vontade de fazer a sua própria coreografia (sim, também fiz umas quantas versões).
  


Os álbuns que mais me marcaram

5º Beyoncé- B' Day

Gravado em apenas 3 semanas e lançado no dia do seu 25º aniversário, B'Day foi influenciado pela música dos anos 70 e 80 e pela sua participação no filme Dreamgirls, incorporando vários estilos musicais e letras que apelam à emancipação feminina e ao girl power, tema esse que seria recorrente nos seus álbuns seguintes. Acaba por ser o disco de Beyoncé com que menos tenho ligação, mas que é impossível ignorar pelo facto de, praticamente, terem sido feitos vídeos para cada canção do álbum - 13 ao todo.
Este é o álbum de: "Déjà Vu", "Ring the Alarm", "Irreplaceable", "Beautiful Liar", "Get Me Bodied", "Green Light"

Fim da parte I. 2006 ainda não mostrou nem metade do que foi capaz e por isso convido-vos a ficarem desse lado e a acompanharem o próximo capítulo.

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