REVIEW: MS MR- Secondhand Rapture


Lizzy e Max são a senhora e senhor, respectivamente, que dão vida a este projecto tão interessante do qual não tive dúvidas que seriam uma boa aposta para o espaço dos Magníficos Materiais Desconhecidos. Há muito que tenho curiosidade em saber como funcionam em disco e estou prestes a descobrir se a magia do duo permanece intacta em Secondhand Rapture, o longa duração de estreia:
 
1) Hurricane- O estupendo tema de abertura é um convite à mente nebulosa e obscura do duo, mestre na arte de proporcionar canções engenhosas que se apegam à alma e que causam um turbilhão emocional. É apenas o primeiro de 4 temas incluídos no seu EP de estreia e que transitam para o álbum: e continua a ser tão devastador quanto na primeira audição. (9/10)
 
2) Bones- O mundo complexo de Lizzy e Max gira à volta da temática de desgostos amorosos e de reflexões profundas acerca do amor e desespero: um tema recorrente que aqui adquire especial interesse devido à forma como é retratado - com versos metafóricos e melodia bélica, orquestral. Nos momentos finais o tema explode e é magnífico de se ouvir. (9/10)
 
3) Ash Tree Lane- Parece ser a descrição de um sonho, enigmático e sujeito a múltiplas interpretações, como aliás o são na grande maioria das vezes. A interpretação de Lizzy transporta-me para outro lugar e os "oooh oooh" ocasionais ajudam a que a viagem seja mágica. E vão 3 temas quase perfeitos. (9/10)
 
4) Fantasy- O primeiro single do álbum tem pontos de contacto com "Hurricane", com a diferença de que agora as interrogações são colocadas a um outro sujeito, como resultado de uma ilusão que a realidade não tarda em destruir. Apenas não é tão mágico quanto os temas passados o foram. (8/10)
 
5) Dark Doo Wop- É o melhor tema do disco a par de "Hurricane". O título curioso remete para uma união na vida e na morte face a um mundo em chamas, num cenário apocalíptico. Há beleza na interpretação e os tambores militares acrescentam-lhe toda uma carga épica e emotiva. (9/10)
 
6) Head Is Not My Home- Creio que se trata de uma ode aos prazeres carnais e a um desprendimento racional em prol de atitudes instintivas. Destaca-se das canções anteriores por ser mais assanhada e ritmada, incitando ao bambolear das ancas. (8/10)
 
7) Salty Sweet- Aqui entramos em território de crítica social, num tema que poderia muito bem pertencer a Marina and the Diamonds e à saga de Electra Heart. É diferente de tudo aquilo que já ouvi em Secondhand Rapture e, tal como o nome indica, tem tanto de sinistro quanto doçinho. (8/10)
 
8) Think of You- Estava a faltar um hit demarcadamente pop e é precisamente isso que "Think of You" vem colmatar: rapidamente se torna na canção mais memorável, com um refrão contagiante e com uma letra não tão rebuscada quanto outras e com que muitos se poderão identificar. A essência dos MS MR não se perde e isso é o mais importante. (9/10)
 
9) Twenty Seven- Alusiva ao mítico número que tem marcado o fim da existência de tantos ícones musicais, tem algo de gótico e fantasmagórico, sendo candidata ao lugar de tema mais sinistro do álbum. Acaba por ser a canção menos interessante com que me deparo. (7/10)
 
10) BTSK- É a sigla para "Big Teeth Small Kiss", uma balada épica ao jeito dos MS MR que julgo ser um dos temas mais pessoais e honestos do disco. É bonita, intensa e interpretada de forma bastante terna. (8/10)
 
11) No Trace- Começava a sentir falta da faceta bélica e orquestral do duo e ao 11º tema voltam à rota que melhor lhes assenta. Reencontrarmo-nos enquanto pessoas após uma amargurada separação amorosa é a premissa do tema: chegado a este ponto já percebi que ninguém o descreve melhor do que os MS MR. (8/10)
 
12) This Isn't Control- E a fechar o disco temos um enigma que está para além da minha compreensão. Não tento percebê-lo porque basta-me compreender a beleza do duo e das suas criações: e isso basta-me. Marca o fim de um belíssimo álbum. (8/10)
 
Sabia que Lizzy e Max não me iam desiludir e por isso concluo a audição de Secondhand Rapture bastante satisfeito. É de facto uma magnífica estreia, bastante equilibrada, que nunca tem momentos mortos ou menos acertados. Lizzy é uma espécie de Florence Welch mais contida e melódica que sabe dosear a sua entrega e hipnotiza quando canta, e convém não esquecer Max, o homem por detrás de tão fabulosas melodias que não pedem ideias emprestadas a ninguém e que impressionam pela sua beleza feroz e avassaladora. É cedo para dizer se será um dos álbuns do ano, mas não tenho dúvidas em afirmar que estamos perante uma das estreias mais espectaculares de 2013.
 
Classificação: 8,3/10

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