Odisseia Musical: 2006, O Ano Supremo- Parte IV

Para o último capítulo de 2006, dedico as derradeiras linhas aos protagonistas deste ano supremo: Nelly Furtado, Justin Timberlake, Christina Aguilera e Beyoncé.

Nelly rompia com a imagem de menina bem comportada e adicionava algum tempero à sua sonoridade ecléctica. Com a edição de Loose, assinou um dos capítulos mais bem sucedidos da pop da década passada, graças a uma revitalizante parceria com Timbaland que a levou pelos meandros da electropop. "Maneater", "Promiscuous", "All Good Things (Come to and End)" e "Say It Right" são autênticos diamantes que o tempo teima em não apagar.
Das mesmas mãos que moldaram Loose, saíria uma outra obra-prima que revolucionaria a pop tal como a conhecíamos: Justin Timberlake uniu-se a Timbaland para dar vida a FutureSex/LoveSounds e o resultado da parceria foi um dos álbuns mais importantes do séc. XXI. "SexyBack", "My Love" ou "What Goes Around... Comes Around" foram tremendos colossos que mudariam para sempre o panorama musical.
Christina Aguilera recuava no tempo e viajava à epoca dourada da pop, jazz, blues e soul. A incursão deu pelo nome de Back to Basics e, verdade seja dita, foi a era musical mais inspirada de Xtina, que agora respondia pela alcunha de Baby Jane. A aventura dantesca resultou num álbum duplo com 22 temas, assinados por uma panóplia de produtores e que foi extremamente bem-sucedido a nível comercial. "Ain't No Other Man" e "Hurt" marcaram aquela época e confirmavam-na como uma das grandes vozes contemporâneas.
Beyoncé assinalava o seu 25º aniversário com a edição do seu 2º álbum, apropriadamente intitulado B'Day. Mais do que uma efeméride, o disco assinalou a sua passagem à idade adulta e marcou o início da temática do empoderamento feminino que a sua carreira viria a tomar. Se dúvidas houvesse, "Déjà Vu", "Ring the Alarm" e "Irreplaceable" provaram que Beyoncé tinha muito para dizer, para explorar e um talento imenso demasiado avassalador para passar despercebido.

Recordo as sensações, a euforia e o entusiasmo com que se vivia em 2006 com o peito a rebentar de saudades. Nelly, Justin, Christina e Beyoncé continuam a ser nomes incontornáveis, apenas não desfrutam do mesmo nível de protagonismo. Para todos os efeitos, na minha mente continuam a ser os meus heróis- são parte de quem sou hoje.

Desde então o mundo mudou, o panorama musical sofreu umas quantas crises de identidade e também eu cresci. Aliás, posso dizer que tudo mudou excepto um pequeno grande pormenor: o brilho presente nos meus olhos quando falo de música. E é por ela que continuo aqui, a acreditar que algum dia vou conseguir chegar a algum lado. E ser feliz.

Os temas que mais me marcaram

3º Rihanna- "Unfaithful", A Girl Like Me

A primeira balada de Rihanna marcou o início do grande fanatismo que desenvolvi por ela nos anos que se seguiriam. Acompanhou-me durante todo o Verão de 2006 e raro era o dia em que não a bradava a plenos pulmões. Do interesse que nutria pelo tema já pouco resta (tão verdinha que a voz dela era), o curioso é pensar que expôs o lado pouco visto da traição feminina - e com requintes suicidas.



2º Christina Aguilera- "Hurt", Back to Basics

Acho que não corro o risco de parecer demasiado piegas se afirmar que esta é, possivelmente, uma das canções mais tristes de que há memória. É uma baladona tremenda acerca da dor da perda de alguém que me deixa sempre em ruínas e de olhos húmidos. Ganha ainda mais expressão ao constatar que retrata a relação que Christina teve com o seu pai, cuja morte deu origem ao tema. Por detrás de uma grande interpretação esteve também um grande vídeo.



1º Justin Timberlake- "SexyBack", FutureSex/LoveSounds

Não vou ser presunçoso e afirmar que "SexyBack" marcou-me desde o primeiro instante. Mentira. Demorei a gostar do tema e, quando finalmente percebi o que Justin estava a fazer, já se tinham passado 2 anos do seu lançamento. Mas quando o compreendi, atingiu-me com tamanho estrondo que nunca mais virei costas a JT. A história é simples: Justin, Timbaland e a fusão da pop com a electrónica. Deu-se uma revolução e o panorama musical nunca mais seria o mesmo.



Os álbuns que mais me marcaram

1º Nelly Furtado- Loose

Ao 3º álbum Nelly voltava a mudar de pele e cortava as amarras artísticas, as inseguranças e medos que a impediam de ser tal como era. A liberdade foi, portanto, a palavra de ordem naquele que se viria a tornar no álbum mais bem sucedido da sua carreira e num dos discos da minha vida. E logo eu que nem era fã de Nelly, vi-me completamente arrebatado pelo apelo dos temas conduzidos pela batuta do mago Timbaland. Loose acompanhou-me durante muito tempo e ainda hoje é um álbum ao qual gosto de voltar, despertando inúmeras memórias e sensações como poucos. É o seu expoente máximo criativo e teve a sua quota parte na mudança de paradigma do panorama musical.
Este é o álbum de: "Maneater", "Promiscuous", "All Good Things (Come to and End)", "Say It Right", "Do It"

Dizemos aqui o adeus a 2006 mas à espreita na próxima esquina encontra-se já 2007, um ano de grandes mudanças a vários níveis. Fiquem desse lado e descubram o que está para vir.

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