Odisseia Musical: 2006, O Ano Supremo- Parte III

Já vos contei o meu fascínio por topes musicais, mas resolvi dedicar um post inteiro ao meu favorito de todos os tempos: European Top 20, programa que me acompanhou de 2003 a 2009 e que tanto fez por mim, pela minha cultura musical e pelo meu ecletismo.

O conceito era simples: todos os Sábados, durante 2 horas, eram apresentados em contagem decrescente os 20 temas mais populares do continente Europeu, não significando que por lá passassem apenas artistas europeus, mas sim os artistas e músicas de todo o mundo que mais sucesso faziam pela Europa fora.

Seria apenas mais um top se não fosse a sua importância no meu desenvolvimento musical: era lá que descobria novos artistas (foi assim que chegaram até mim os Arctic Monkeys, Sugababes, Gnarls Barkley ou OneRepublic, entre outros) que não ouvia em mais lado nenhum, era lá que via vídeos em primeiríssima mão - isto antes de existir o youtube - e que encontrava o maior número de estilos musicais presentes numa só tabela. Era o top dos topes e foi uma autêntica escola nos 6 anos em que durou.

O mais caricato de tudo - e é agora a parte em que me arrisco a ser tomado por insano - é que aproveitava aquela ocasião para construir as minhas próprias estatísticas. Todas as semanas apontava numa folha os artistas e  respectivas canções que ocupavam as posições do 20º ao 1º lugar, tomando a liberdade de acrescentar o nº de semanas em que se encontravam no top, a melhor posição alcançada e o nº de semanas de permanência no 1º lugar. Esperava toda a semana por aquele momento e, acreditem, naquelas 2 horas eu era o rapaz mais feliz do mundo.

Nos dias de hoje pode parecer um hábito estranho, mas à luz daquele tempo era a única forma de estar em contacto com o panorama musical. E o certo é que graças a ele ganhei traquejo, uma óptima memória musical e um excelente conhecimento da história da pop do séc. XXI.

Os compromissos a que faltei, os filmes que não vi, as vezes em que me disseram não estar bom da cabeça, as experiências que não vivi: não me arrependo nem um segundo de todas as horas da minha vida que dediquei àquele programa. Sem ele, não me teria transformado o melómano que sou hoje.

Os temas que mais me marcaram

7º Beyoncé- "Déjà Vu", B'Day

3 anos após a estreia a solo, Beyoncé apresentava-se mais confiante, madura e perigosamente avassaladora: "Déjà Vu" levou-a por territórios mais rítmicos, com grande aparato instrumental, e viu-a crescer a nível vocal que foi um disparate. Numa espécie de alta-costura na savana, o vídeo brilhou na altura de captar a intemporalidade e espírito selvático do tema.



6º Nelly Furtado- "Maneater", Loose

A minha primeira reacção a esta nova pele de Nelly Furtado não terá sido a mais favorável, mas o certo é que a estranheza  cedo deu lugar ao arrebatamento e "Maneater" acabou por ser um dos grandes hits do Verão de 2006. Timbaland e Danja assinaram este diabólico pedaço de electropop, complementado por um vídeo paranormal para lá de cool e que tão bem introduziu esta Nelly mais carnal.



5º Rihanna- "SOS", A Girl Like Me

Eis que Rihanna entra nas minhas memórias na primeira de muitas aparições por esta Odisseia: as raízes caribenhas do álbum de estreia ficaram para segundo plano neste que foi o seu primeiro sucesso comercial. De urgência imediata e à base de um sample de "Tainted Love", "SOS" é um tremendo colosso dance pop que assinalou o início de uma escalada ascendente rumo ao domínio planetário. A partir daqui seria sempre a subir.



4º Kelly Clarkson- "Because of You", Breakaway

É uma das grandes baladas da década passada e "o" tema ao qual Kelly Clarkson ficará para todo o sempre associada. Transporta uma grande carga emocional e, se resultou tão bem, foi porque aliado a uma voz excepcional e a uma letra escrita com sangue esteve associado um vídeo que potenciou ainda mais a natureza dramática e o caos emotivo do tema.



Os álbuns que mais me marcaram

2º Justin Timberlake- FutureSex/LoveSounds

A 12 de Setembro de 2006 era lançado o álbum que iria revolucionar a pop dos anos 00. Sob a batuta do mago Timbaland e do espalha-brasas Danja, Justin criou aquele que é considerado a sua obra-prima e um dos álbuns mais influentes do séc. XXI. FutureSex/Lovesounds é todo ele pop, R&B, funk, dance pop, techno e rock, uma amálgama de estilos, ideias e influências (que vão desde Prince a David Bowie), resultado de uma ambição criativa que não conhece limites. Graças a este álbum, JT redefiniu os parâmetros da pop e estabeleceu a fasquia que todos os outros tentariam igualar - e, claro, cimentou a enorme admiração que tenho por ele. 
Este é o álbum de: "Sexyback", "My Love", "What Goes Around... Comes Around", "Lovestoned", "Until the End of Time"

Fim da parte III. Conheçam o desfecho deste ano supremo já na próxima semana.

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