Optimus Alive'13, Dia 14: Crónica de um Dia Inesquecível
De mochila às costas, com um sorriso de orelha a orelha e acompanhado por dois grande amigos, parti para o último dia do Optimus Alive de espírito aberto e com a promessa de ter pela frente um dia inesquecível. Aqui fica o testemunho da minha passagem pelo festival:
17h40- Depois de uma longa caminhada até à entrada, eis que chegamos ao recinto e entre a azáfama dos bilhetes, das passagens de segurança e do reconhecimento do território, não perdemos tempo e dirigimo-nos logo ao Palco Heineken, onde actuam já os Tribes diante de uma pequena multidão que se encontra pouco efusiva e sentada, na sua maioria. Desconhecidos para a maior parte dos festivaleiros presentes, cumpriram bem a sua função de aquecer o público para os nomes que se seguiriam. À excepção de "How the Other Half Live", não me entusiasmaram por aí além.
18h40- Sobem ao palco os portugueses Brass Wires Orchestra com a sua folk enternecedora, em tudo similar aos Mumford & Sons ou Beirut. Acredito que muitas das pessoas presentes nem sabiam da sua existência, mas 4 ou 5 temas apenas bastaram para atrair até à tenda alguns curiosos e fazer levantar muitos dos que se encontravam sentados (eu incluído). "Finders Keepers" ou "Tears of Liberty" foram os momentos altos que deixaram todos de coração cheio. Foram, portanto, uma das grandes surpresas do dia.
19h45- É tempo de Of Monsters and Men: era o concerto por que mais aguardávamos e por isso mesmo perdemos a oportunidade de ouvir Jake Bugg e os Tame Impala apenas para avançarmos pela já numerosa fileira de fervorosos admiradores da trupe islandesa que ali se encontrava. Bem posicionados a pouco mais de 10 metros do palco, sentimos em todo o esplendor a magia e euforia dos hinos folk/rock da banda que incitam a uma comemoração sentida, com as vozes ao rubro e os braços erguidos em consonância com os inúmeros "hey!" e "la la la's". Não tinha noção da quantidade de fãs portugueses que eles tinham, mas o certo é que vinham preparados e com as letras na ponta da língua. "Mountain Sound", "King and Lionheart" e a incontornável "Little Talks" foram os momentos altos, mas não foram ímpares em termos de devoção e entusiasmo. Saliento a enorme simpatia com que a banda se dirigiu ao público, agradecendo a gigantesca entrega com que foi agraciada, e a cumplicidade que transpareceu entre os elementos do grupo. Foi uma estreia mágica que tão cedo ninguém esquecerá: só por este concerto, o dia já estava ganho.
21h20- Após uma pausa para jantar, fomos a correr por entre um labirinto interminável de pessoas que se dirigiam para ouvir os Phoenix (ou Fónix, como ouvi alguns festivaleiros dizerem) que já faziam soar os primeiro acordes de "Entertainment", o 1º single do recente Bankrupt!. Foi a nossa primeira visita ao Palco Optimus, que nos pareceu demasiado espaçoso e arejado face ao calor humano e casa cheia do Palco Heineken. A loucura da programação fez com que permanecessemos apenas uns 30 minutos a ouvir os franceses, já que não queríamos perder pitada dos Alt-J. Assim sendo ouvimos "Everything is Everything", "Long Distance Call", Lisztomania", "Trying to Be Cool" e pouco mais. Gostei do que ouvi, o som estava perfeito e entusiasmaram o vasto público. Ficou a faltar ouvir "1901" mas a minha cabeça já só estava nos Alt-J, por isso lá saímos nós disparados...
22h20- Tanta pressa e afinal chegámos 20 minutos antes do início do concerto. Escusado será dizer que ficámos aborrecidos por termos saído dos Phoenix antes do tempo: tantos horários para fixar dão-nos a volta à cabeça, é o que é. Assim sendo, aproveitámos para bifurcar a extensa multidão que não arredou pé no final do concerto de Twin Shadow, também ela na ânsia de ver ao vivo uma das bandas mais aclamadas da actualidade. Com a tenda a rebentar pelas costuras, os Alt-J foram recebidos numa total apoteose, como autênticas divindades. Entre interlúdios e instrumentais, os temas de An Awesome Wave iam surgindo e hipnotizando a imensa plateia que foi levado ao delírio com "Matilda", "Tessellate", "Fitzpleasure" e "Breezeblocks", adornados por um fabuloso jogo de luzes. Mais do que a experiência transcendente que ali se viveu, destaco o poder emanado pela banda, muito além daquele que se sente em disco. O som vibrava pela tenda fora e ressoava no corpo inteiro, ameaçando romper com cada fibra muscular. Foi intenso, etéreo e extremamente poderoso: provavelmente, um dos melhores concertos desta edição.
23h00- Com o bater das 23 horas acordámos da letargia em que havíamos mergulhado e tivemos que virar costas aos últimos minutos do concerto dos Alt-J para não perder os cabeça de cartaz da noite: os Kings of Leon. Não tinha grandes expectativas para ouvir o quarteto familiar de Nashville, visto que à excepção dos singles, pouco ou nada conhecia do trabalho da banda. Mesmo assim não consegui evitar ficar desiludido com aquilo que ouvi: achei-os distantes, incapazes de cativar a multidão e não conseguiram justificar o facto de serem considerados o prato principal da noite. "Pyro", "Notion", "Use Somebody" e "Fans" foram a excepção à regra, mas tudo o resto não foi suficiente para manter a chama acesa. O público só gritava pela "Sex on Fire" (ou antes pela sua escabrosa tradução em português, aqui irreproduzível) que chegaria apenas com o cair do pano: foi o único momento que me levou a saltar, mais porque atenuava a dor que sentia nas pernas do que pelo entusiasmo, propriamente. O facto de ser o último concerto da sua tour poderá ter contribuído para o fraco desempenho mas, mesmo assim, esperava-se mais de uma banda do calibre deles.
00h40- Com o fim do concerto dos manos Followill, as dores nos pés levaram a melhor e não tivemos outra alternativa se não retemperar forças ao sentarmo-nos nos recantos mais longínquos do recinto. Ainda assim ouvimos ao longe os Band of Horses que ainda captavam uma considerável multidão no Palco Heineken. E como um festival de música também é a ocasião perfeita para um agradável convívio, deixámo-nos ficar em amena cavaqueira até ao início do concerto dos Django Django, altura em que a hora de partida era inevitável. Afinal de contas, já tinhamos 8 horas de concertos e uma míriade de sensações em cima. Era tempo de descanso.
24 horas depois, estou em condições para catalogar as actuações. Uma surpresa? Brass Wires Orchestra. A confirmação? Alt-J. Uma desilusão? Kings of Leon. Um "soube-me a pouco"? Phoenix (embora a culpa tenha sido minha). E o grande concerto? Of Monsters and Men, sem dúvida.
Foi de facto um dia inesquecível. Foi apenas a minha 4ª experiência num festival mas foi também aquela que mais gostei. 6 concertos num só dia valeram por uma vida e a atmosfera do Optimus Alive é simplesmente incrível: as caras, o espírito festivo, o elo de ligação que se estabelece entre todos os que ali estão por uma simples razão - celebrar a música. Agora sim, percebo a importância do Alive e o facto de ser considerado o melhor festival português: mal posso esperar para regressar no próximo ano.
Uma última palavra para os meus parceiros nesta aventura inesquecível - Sara e Rodrigo - espero que tenham gostado tanto quanto eu e um enorme obrigado por terem vindo comigo. Foram a melhor companhia que poderia ter arranjado e, se o dia foi perfeito, foi porque vocês também fizeram parte dele. Até para o ano!
Menino Gonçalo eu não ouvi a música "Everything is Everything" dos Phoenix... Alias não deu nenhuma das 3 que eu conhecia lol. Foi muito bom. Para mim ver os Of Monsters and Men já valeu!! Obrigada pela companhia!
ResponderEliminarE obrigado eu também pela companhia! Sim e concordo com a Sara, pelos senhores da Islândia valeu muito muito a pena! Pro ano há mais!
ResponderEliminar