Odisseia Musical: 2010, Luz e Sombra- Parte III

2010 teve como grandes protagonistas três figuras femininas: Rihanna, Lady Gaga e Katy Perry. Vejamos:

Rihanna teve aquele que foi, possivelmente, o seu melhor ano tanto a nível criativo como comercial. Nos primeiros 6 meses de 2010, ainda em plena era obscura de Rated R, trouxe-nos "Rude Boy", "Rockstar 101" e "Te Amo" em paisagens ragga, rock e latinas, respectivamente. No Verão desse ano esteve ao lado de Eminem no gigantesco "Love the Way You Lie" e ainda deu voz a "Who's That Chick?", em parceria com David Guetta. Por fim, no último quadrimestre de 2010 as trevas deram lugar à luz em Loud, o seu 5º álbum de estúdio, antecedido pelo bombástico "Only Girl (In the World)" e pelo jovial "What's My Name?". Um ano memorável, sem dúvida.




Este foi também o ano da supremacia mundial de Lady Gaga, ainda a bordo do EP The Fame Monster e chegando à estratosfera graças ao impacto de singles como "Bad Romance", "Telephone" e "Alejandro". Na verdade, a sua omnipresença era de tal ordem que se começou a tornar um pouco maçador vê-la em tudo o que era meio de comunicação. Há 4 anos atrás ninguém a conseguia derrubar: cilindrava qualquer um que lhe surgisse pela frente e era o protótipo perfeito de estrela pop. Visto daqui, o mundo era da Mother Monster.



Katy Perry é o último vértice deste triângulo no feminino. Aliando-se aos hitmakers Dr. Luke, Max Martin, Benny Blanco ou Stargate, assinou uma sólida e arrebatadora colecção de hinos pop orelhudos residentes no já icónico Teenage Dream, o seu 2º álbum de estúdio. "California Gurls", "Teenage Dream" e "Firework" foram apenas os três primeiros avanços, todos eles de enorme sucesso, de uma era que ficou para a história. E isto foi o apenas o início, pois para 2011 estavam reservados feitos ainda maiores para Miss Perry.




Entre a luz e a sombra, mas decididamente a caminhar para um cenário mais luminoso, assim terminou o meu ano. E o seguinte seria de profundas revoluções a nível musical e pessoal.

Os temas que mais me marcaram


3º Hurts- "Wonderful Life", Happiness

Próximo da perfeição. Assim descrevo aquele que foi o inesquecível 2º single retirado do álbum de estreia dos Hurts e que narra a história de um homem decidido a pôr termo à sua vida, sendo impedido por uma mulher pela qual se apaixona ao primeiro olhar. É o expoente máximo da ainda curta carreira desta dupla britânica, que aqui recaptura o melhor do dramatismo synthpop dos anos 80. Um clássico dos tempos modernos.



2º Rihanna feat. Drake- "What's My Name?", Loud

Oh na na! O luminescente 2º single de Loud é capaz de ter um dos refrões mais imediatos da carreira de Rihanna, aqui ao lado de Drake, que no seu flow monocórdico e hipnótico preenche de insinuações sexuais uma jovial e esfuziante ode de amor à primeira vista que se espraia numa cascata de electro-R&B adoçicada pelo delicioso sotaque caribenho de - aqui tens o teu nome - Robyn Rihanna Fenty. Nunca a amnésia foi tão bem vinda.


1º Rihanna- "Te Amo", Rated R

É um mistério que nunca foi totalmente solucionado. Muito se especula acerca do seu real significado... um amor lésbico não correspondido ("I'm not afraid to feel the love, but I don't feel that way") parece ser a reposta mais óbvia, certo? Há também quem diga que RiRi canta numa perspectiva masculina e a fantasia no feminino com Laetitia Casta é só para aguçar o imaginário, ou quem seja da opinião que o título é uma alusão a "temo" e aí o tema adquire contornos relacionados com Chris Brown. A isto acresce uma infusão de batidas latinas via Stargate e temos uma das suas melhores canções, inusitada mas tão apaixonante.


Os álbuns que mais me marcaram

2º Florence and the Machine- Lungs

No primeiro instante em que ouvi Lungs, soube que dificilmente as coisas voltariam a ser como dantes - mudariam para melhor. Foi o meu passaporte para um novo e admirável mundo novo que desconhecia e passei a admirar precisamente graças ao magnífico trabalho de estreia deste colectivo britânico composto por Florence Welch, na voz, e mais 7 músicos que formam a célebre Machine. Da folk, pop barroca, soul até ao indie rock, Lungs é um portentoso disco em que Flo resplandece qual fada alada deambulando numa floresta repleta de criaturas místicas e lendas ancestrais. É mágico, epifânico e, possivelmente, um dos melhores álbuns britânicos do séc. XXI.
Este é o álbum de: "Kiss with a Fist", "Dog Days Are Over", "Rabbit Heart (Raise It Up)", "Drumming Song", "You've Got the Love" e "Cosmic Song"

1º Rihanna- Loud

E é sem surpresa alguma - a menos que não tenham acompanhado esta Odisseia - que encontramos Rihanna novamente em 1º lugar. O seu 5º álbum de estúdio foi o perfeito contraponto do anterior Rated R (2009), distanciando-se da atmosfera obscura deste e apresentando-se como garrido, enérgico, eufórico e divertido. Assinalou o retorno à boa-forma comercial e o regresso às sonoridades caribenhas exploradas nos seus dois primeiros discos, misturada com uma abordagem dance pop e R&B. Lembro-me perfeitamente que da primeira vez em que o ouvi me senti assoberbado com o crescimento vocal de Rihanna. Julgo mesmo que Loud contém as suas melhores interpretações de sempre.
Este é o álbum de: "Only Girl (In the World)", "What's My Name?", "S&M", "Man Down", "California King Bed" e "Cheers (Drink to That)"

Termina aqui a Odisseia Musical de 2010. Para a semana prosseguimos até novas paragens, pelas minhas memórias de 2011. Fiquem desse lado.

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