Factor X: 6ª Gala- Top 8

Amarga e lamentável. Assim foi a primeira gala de 2014 do Factor X, num programa que colocou os Aurora e a Sara nos menos votados e culminou com a saída para lá de injusta da única representante feminina da equipa de Sónia Tavares, que era também a justa vencedora do programa.

As minhas actuações favoritas:

Berg- "Jealous Guy"



Sara- "Uprising"



D8- "Vagalumes"



Cupcake- "Move"



Eis a minha apreciação da noite de ontem:

Jovens

Mariana- Começo a sentir-me terrivelmente frustrado com o percurso desta rapariga. Apresentou-se perante Portugal inteiro a cantar Amy Winehouse nas audições e um tema de Michael Jackson da era Motown no bootcamp, e depois, chegada às galas, só interpreta hits de 2007 em diante que não dignificam de forma alguma o seu potencial artístico - chega a ser ridículo. Depois deste "Wrecking Ball" (bem interpretado, mas muito pouco entusiasmante) já não me admiro nada se a ouvirmos cantar brevemente "Unconditionally" ou  um "Work Bitch". E com alguma sorte, ainda a veremos fazer twerk lá mais para o final do programa (reparem na ironia, por favor). Sinceramente, o Junqueiro não merece o diamante que tem em mãos. Ah e já agora, o que é que Miley Cyrus fez para merecer respeito, mesmo? Gri gri gri... foi o que me pareceu.

D8- Não esteve em chamas, porque o discurso desta vez esteve longe de ser inflamado, mas voltou a estar na mó de cima e teve o momento mais alegre de uma noite negra de dor. A cantar uma feel-good song, encheu o palco com um espírito de "borboletas no estômago" que afinal eram "vagalumes" perdidos de amor. Gostei bastante.

Diogo- Pensei que a noite ia acabar com o Diogo e o José nos dois menos votados. Bem, vou deixar-me de previsões pois já vi que entre a probabilidade de acertar na chave do Euromilhões ou no bottom two do Factor X, a diferença é ínfima. Por acaso esta foi das vezes que mais gostei de ouvir o Diogo cantar, ainda que longe da perfeição (esteve várias vezes fora de tempo), mas com uma postura bem mais confortável do que no início das galas. O tema de facto era bastante bonito e acho que isso contribuiu para a votação positiva do público, que não fez caso das críticas que os jurados lhe apontaram.

Adultos

Sara- O que é que eu posso dizer que vocês não estejam a pensar também? É incrível o que lhe aconteceu: nunca na história de um talent show vi um concorrente sair na semana seguinte após ter tido uma actuação magistral, mesmo que tivesse falhado na semana em questão. O que não foi o caso. Dificilmente conseguiria superar o que fez em "Best of You", mas esteve irrepreensível na actuação de "Uprising", ainda que a constipação a possa ter comprometido muito ao de leve. Os graves podem não ter sido exímios, mas, caramba, no refrão agigantou-se e atacou-o com uma fúria divina - foi de bradar aos céus. Estou completamente destroçado com o triste destino que teve: estava a traçar um percurso imaculado, sempre em rumo ascendente, que deveria ter culminado com a sua presença nos 3 finalistas e - se justiça houvesse neste mundo - com o título de vencedora nas mãos. Acho que não falo só por mim quando digo que tão cedo não será esquecida: mais do que pela saída abrupta, será para sempre recordada por actuações como "Skyfall", "Ouvi Dizer" ou a já referida "Best of You" e por ter sido uma das melhores concorrentes que já passaram por um talent show português. Obrigado por tudo e vemo-nos por aí :)

José- Após 2 semanas em baixo de forma, voltou ao seu estado natural, que é propício a interpretações arrebatadoras e de uma entrega impressionante. Contudo, há uma coisa que me faz confusão: é o candidato com menos seguidores no facebook (mil e poucos) e mesmo assim nunca ficou nos menos votados. Das duas uma: ou os indicadores da rede social não servem para rigorosamente nada ou então os poucos fãs mobilizam-se de tal maneira que votam incansavelmente. E se assim for não deixa de ser estupenda a força que uma pequena multidão pode ter...

Berg- Finalmente despertou! Começava a duvidar seriamente das suas qualidades e a actuação de ontem foi o suficiente para me voltar a conquistar. Foi fabulosa do início ao fim e teve o ponto máximo quando tocou a harmónica - foi o melhor da noite. E é bom que assim continue (mas a cantar em português também!), pois com a Sara fora de jogo, só não ganha se não quiser.

Grupos

Aurora- Estou que nem posso com estes moços. Maldita a hora em que Paulo Ventura pegou neles e decidiu transformá-los num bando doo-wop que apela à lágrima fácil e ao isqueiro no ar! Está na altura de pensar mais à frente: ok, eles interpretam eficazmente grandes hinos portugueses, mas duvido seriamente de que, findo o programa, haja lugar para eles no panorama musical nacional (vá, as mochilas ainda são capazes de vender, agora os discos...). A menos que sobrevivam à custa de covers do género que actualmente fazem, não vejo como podem vir trazer algo novo a um panorama sobrelotado de maus artistas. Já se fossem a versão masculina das Cupcake, a história era outra (e aí seriam os Muffins... hey, sempre é melhor do que Aurora!)

Cupcake- Decididamente, o Ventura não sabe o que quer fazer com estas 4 raparigas. Tão depressa as aproxima do rótulo indie ("Royals" e "Dog Days Are Over") com destaque para as harmonias, como de repente as decide caricaturar e fazer delas as Little Mix nacionais à força toda ("Single Ladies" e "Candyman") que fazem mais pelo shake shake shake do que pelo sing sing sing. Bem, hoje voltaram ao ponto de partida e - pasmem-se - a cantar as ditas cujas! A sério, como é que eu não previ isto? Ainda assim, fiquei contente ao ver que estiveram à altura da armadilha que, inconscientemente, Paulo Ventura criou para elas. Já para não falar do quão arriscado foi pô-las a cantar um tema que em Portugal quase ninguém conhece, ainda mais idiota foi apostar numa canção de génese R&B e synthpop desenhada para performances altamente intricadas que priveligiam a coordenação dos movimentos em prol da voz, algo em que elas ainda não são peritas. Mas, do mal ao menos, mostraram uma grande versatilidade e capacidade de agarrar os desafios insensatos do seu mentor. Senhor Ventura, ponha-as a cantar coisas de Ellie Goulding, Eliza Doolittle, Haim, Emeli Sandé, Sara Bareilles ou - se quiser um grupo feminino decente - Sugababes. Agora páre é de assassinar o meu grupo favorito. Tenho dito.

Numa noite de grandes tristezas, fiquei contente de ver que o palco foi, por fim, devidamente ornamentado com um grupo de bailarinos que deveriam ter marcado presença desde o início do programa. Já o tinham feito em ocasiões anteriores, mas nunca de forma equitativa (por exemplo, a Sara nunca tinha tido dançarinos com ela senão nesta última actuação). Parece-me que os adereços foram à vida, mas entre objectos estáticos ou presença rítmica em palco, os bailarinos são bem mais indispensáveis. Mas de nada adiantará a aposta no background se continuarem a desaparecer as maiores estrelas do centro do palco...

PS: Não propriamente relacionado com a gala de ontem, gostava de terminar esta crónica com um elogio (para variar) à actuação dos Yeah Land na gala da passagem de ano. Sei que fui bastante duro com eles nas minhas afirmações e ainda mantenho grande parte do que disse, mas aquilo que eles fizeram à "Mirrors" foi magnífico. E não o digo apenas por gostar muito da canção. Talvez ainda tenham futuro enquanto grupo...

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Comentários

  1. A Sara merecia muito mais do que o que realmente teve... O TOP 3 do programa era mais do que justo. As razões da sua expulsão são, na minha opinião, ridículas. Concordo contigo... ela era uma ameaça muito grande para os Jovens do Junqueiro. No entanto, ela estará por aí e terá um grande sucesso. A música corre-lhe nas veias e a sua Grandeza pessoal e profissional vão levá-la onde merece estar. :) Beijinho

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  2. O público não esteve bem ao desleixar-se e não votar nela como habitualmente, mas o Paulo Junqueiro poderia facilmente ter evitado a catástrofe. E já é a segunda vez que ele toma uma decisão do género (quando salvou os X4U e deixou o Jair ir embora), parece que priveligia os cifrões em detrimento da justiça... ou então joga sugo, o que é tão ou mais deplorável. Exacto, espero que ela consiga levar a cabo uma carreira musical, seja a solo ou numa banda. Obrigado pelo comentário!

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