12 Figuras Que Marcam a Pop do Séc. XXI (7º-Rihanna)


Robyn Rihanna Fenty é a artista pop mais prolífica e incansável dos últimos dez anos, em que sob a mentoria de Jay-Z e um vasto e variado leque de argumentos sónicos conseguiu construir todo um império em seu redor. Habituados que estamos à sua omnipresença, raramente temos fôlego para assimilar o impacto desta jovem artista para lá da superfície. E erradamente temos tendência a desvalorizar os seus feitos.

Estamos perante alguém que aos 15 anos é descoberta pelo produtor Evan Rogers, de visita às ilhas Barbados, a terra natal da cantora perdida algures no mar das Caraíbas. É sob a alçada de Rogers que grava as suas primeiras demos, em 2004, postas a circular por várias editoras mundiais. Jay-Z, então presidente da Def Jam Recordings, é o primeiro a responder ao repto, acenando-lhe com um contrato discográfico de seis álbuns, assinado logo no dia da audição. A estreia em disco acontece em 2005 com Music of the Sun, a honrar as suas raízes caribenhas numa exótica fusão de pop, reggae e dancehall tornada possível pela profusão de artistas como Sean Paul ou Elephant Man no mainstream. A tónica mantém-se com A Girl Like Me, logo no ano seguinte, melhorada com o acréscimo das primeiras investidas nitidamente comerciais - "SOS", recriado a partir de um sample de "Tainted Love" dos Soft Cell e a balada R&B "Unfaithful" - ambos singles do álbum com notável desempenho nas tabelas mundiais.

O ponto de viragem dá-se com a edição de Good Girl Gone Bad (2007), abandonando a sonoridade insular para abraçar de vez a pop e o R&B norte-americanos bem como a música de dança dos clubes nocturnos. A nova fase é acompanhada de uma ostensiva transformação visual e de uma canção com gigantesca repercussão mundial, de seu nome "Umbrella". O sucesso do disco e dos seus singles (oito ao todo, contando com a edição revista do álbum em 2008) transformam-na numa superestrela à escala global. Tudo parece ir de vento em popa até ao momento em que, no início de 2009, Rihanna é vítima de agressão por parte do então namorado e também cantor Chris Brown, temendo-se que o episódio tivesse sequelas na conduta moral de uma artista que já avisara ter-se tornado de vez numa "má rapariga".

O acontecimento é catalisador para a criação do quarto álbum de estúdio, Rated R (2009), numa aclamada descida às catacumbas em labirintos de hip hop, dubstep, rock e R&B obscuro. Permanece como a maior e mais ousada manifestação artística de Rihanna - um disco tingido de negro mas no qual nunca se assume como vítima, antes a (tr)a(ns)gressora. Saradas as feridas, perde-se algum do embalo criativo e as atenções concentram-se então na recuperação da hegemonia no panorama musical, conseguida com três discos de rajada: o sonicamente bombástico e garrido Loud (2010), numa bem-sucedida aproximação às sonoridades europop e electro-R&B; o mais pop e EDM-ficado Talk That Talk (2011), porventura uma das suas obras menos interessantes, e o último Unapologetic (2012), num perfeito balanço entre a discoteca e o circuito urbano.

E com isto nos esquecemos dos factos: esta é a artista que em 7 anos editou 7 álbuns, que aos 25 de idade já era detentora de 13 números 1 na tabela de singles norte-americana - apenas os Beatles, Elvis Presley e Mariah Carey possuem mais - e que em 2012 constava no livro do Guinness como sendo a artista da era digital com mais vendas acumuladas. Pelo meio, é capaz de múltiplas reinvenções sónicas e visuais, mostrando ainda ser possível evitar o precipício quando se gravita em torno dele - seja na relação inacabada com Chris Brown (serão o Ike e Tina deste século?), com os sucessivos atentados ao pudor ou na propagação de más condutas. Contudo, nunca a vimos a braços com a justiça ou a dar entrada em clínicas de reabilitação. E seria tão fácil qualquer outra colapsar na sua situação...

Mas Rihanna já provou não ser qualquer uma. Talvez sejam as suas origens humildes e o seu crescimento saudável longe da selva de betão que a mantêm sã, consciente de si mesma e do seu caminho. Afinal de contas, quantas raparigas vindas de uma ilha remota conseguem chegar tão longe? Jay-Z ajudou, mas a matéria-prima esteve sempre lá.


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