BRIT Awards 2016: Glória a Vós, Adele






A jogar em casa, Adele foi a grande vencedora da 36ª edição dos BRIT Awards ao arrecadar 4 estatuetas, igualando a marca dos conterrâneos Blur na cerimónia de 1995. A intérprete de "Hello" perdeu apenas numa categoria para os One Direction, mas foi a incontestável figura da noite - entre risos, lágrimas, palavrões, múltiplos discursos de agradecimento e uma performance majestática de encerramento. 

A cerimónia ficou também marcada por um nobre tributo póstumo a David Bowie, a entrar para a galeria dos melhores momentos na história dos BRIT. Justin Bieber, Rihanna e Little Mix foram outros dos destaques da edição deste ano. 

Conheçam a lista completa dos vencedores:

British Female Solo Artist- Adele

British Male Solo Artist- James Bay

British Group- Coldplay

British Breakthrough Act- Catfish and the Bottlemen

British Single of the Year- Adele- "Hello"

British Album of the Year- Adele- 25

British Video- One Direction- "Drag Me Down"

British Producer of the Year- Charlie Andrew

Critic's Choice- Jack Garratt

International Male Solo Artist- Justin Bieber

International Female Solo Artist- Björk

International Group- Tame Impala

BRITs Global Success- Adele

BRITs Icon Award- David Bowie

Espreitem algumas das actuações da cerimónia:


A noite narrada em imagens e comentários: 



Após um interlúdio algo descabido dos anfitriões bafientos Ant & Dec, a cerimónia abre ao som de "Hymn for the Weekend" dos Coldplay - desta vez sem Beyoncé ou Bruno Mars por perto para os ofuscar. Não foi a melhor actuação de abertura possível nem uma das mais inspiradas de Chris Martin e companhia, mas foi agradável. 


Adele entra logo a ganhar ao receber o prémio de Best British Female Solo Artist, aproveitando a ocasião para manifestar o seu apoio a Kesha, que trava uma acesa luta judicial contra a sua editora e o produtor Dr. Luke. Vitória mais que esperada. 


Justin Bieber primeiro foi acompanhado à guitarra acústica por James Bay no mesma releitura de "Love Yoursef" experimentada nos Grammys, mas depois lançou labaredas no palco principal ao som de "Sorry". Faltou a trupe feminina do vídeo ou a perícia de estúdio para a coisa ter entusiasmo. Valeu pela cenografia. 


Um desorientado James Bay recebe das mãos de Kylie Minogue o troféu de British Male Solo Artist. Bateu certo com as previsões.


Jess Glynne - em versão Diana Ross irlandesa - não conseguiu escolher apenas uma canção, por isso dividiu a sua actuação em três: "Ain't Got Far To Go", o novo single, e os nº1 "Don't Be So Hard On Yourself" e "Hold My Hand". Senti-a um pouco restringida (talvez culpa do figurino), mas no geral foi uma performance de celebração pelo excelente ano de estreia que teve. 


Seria um bocadinho constrangedor para os Coldplay estarem nomeados e irem para casa de mãos a abanar. A estatueta de British Group era a mais dispensável de modo a consolá-los. Mas o que esta malta precisa mesmo é de um chuto no traseiro, não de palmadinhas nas costas. A premiar, deveriam ter sido os Foals. 


De seguida, dois acontecimento sensaborões. Primeiro a actuação de James Bay com "Hold Back the River" (um single menos datado teria sido bem-vindo) a receber o prémio de cenografia mais estapafúrdia da noite e, depois, o momento-choque da noite com a vitória dos Catfish and the Bottlemen na categoria de British Breakthrough Act contra pesos pesados como Jess Glynne, Years & Years e o próprio James Bay. Afinal sempre há espaço para triunfos improváveis. 


Inteiramente justificada a entrega de International Male Solo Artist a Bieber, ainda que com fortes candidatos a seu lado. Mas esta é uma locomotiva que ninguém pára. Na categoria feminina equivalente seria Björk a triunfar - vencendo pela quarta vez esta estatueta - agradecendo em vídeo no seu jeito tão peculiar. 



Na sua primeira actuação ao vivo desde o lançamento de Anti, Rihanna não poupou na comitiva e aparato tecnológico: primeiro houve "Consideration" com SZA num dos momentos visuais mais apelativos e depois houve lasers, cumplicidade e grinding maroto com Drake em "Work", o que terá originado esgares de espanto e monóculos partidos entre a assistência. Bad gal RiRi fiel a si mesma, num território onde sempre foi muito feliz.


Tame Impala sobem ao palco da O2 Arena para receberem o troféu de International Group. Nem poderia ser de outra maneira, claro. Ainda que o discurso atabalhoado de Kevin Parker fizesse crer que possivelmente não contavam com isso.


Hot daaaaaaamn, girls! Há muito que as Little Mix vêm a pedir maior aclamação dentro e fora de portas. Basta dizer que nunca tinham actuado nem sido nomeadas para os BRIT se não em 2016. "Black Magic" nem é um estrondo de canção, mas esta actuação fez com que assim fosse. Coreografia e construção cénica de topo, só pecaram pelo uso recorrente (e desnecessário) do playback. Mas valeu pelo todo. 


Momentos antes, Adele já tinha recebido um segundo troféu pelo British Single of the Year e aqui vemo-la a receber muito emocionada o de Global Success, atribuído aos artistas britânicos que mais se destacam internacionalmente. O seu depositário é revelado apenas na cerimónia, e em 2016 Miss Adkins era a escolha óbvia. A sua história e a dos BRIT estão interligadas, e este terá sido o momento em que a rapariga do sul de Londres se apercebe do que caminhou para chegar até aqui. Há lágrimas e um ou outro palavrão, mas a emoção é genuína. 

Entretanto o troféu de British Video, escolhido via Twitter, vai parar às mãos dos One Direction, que mesmo moribundos e desavindos ainda estrebucham. Enfim, sobra o consolo que para o ano o prémio terá outros destinatários.



O tributo a David Bowie foi absolutamente irrepreensível. Em que outra cerimónia teríamos um discurso de cerca de 10 minutos feito por Annie Lennox e Gary Oldman a enaltecer Bowie, o artista e David Jones, o homem? E se nos Grammys tivemos a exuberância e devoção fervorosa de Lady Gaga e Nile Rodgers, nos BRIT a ocasião foi assinalada com os Spiders from Mars, banda que várias vezes prestou suporte na estrada ao músico britânico, e a neozelandesa Lorde, na voz, a entoar o clássico "Life on Mars". Sobriedade e contenção. Pesar e nobreza. Um momento televisivo excepcional com pertença directa na galeria de honra dos BRIT. 


O tributo necessita de tempo para ser digerido e The Weeknd surge na altura errada para dar continuidade ao alinhamento da cerimónia. "The Hills", por esta altura, já pouco ou nada faz por alimentar o espírito. "In the Night" teria sabido melhor. 


É Adele que nos faz recuperar da viagem a Marte. Sem grande surpresa, vence o último e mais cobiçados dos quatro prémios da noite, British Album of the Year. Ainda que por uma vez na vida gostasse de ver Florence + the Machine a receber também algum reconhecimento nestas cerimónias por tanta coisa bonita que nos tem dado. 


E é pela voz da maior das estrelas que agraciaram a O2 Arena de Londres, numa imaculada interpretação de "When We Were Young", que termina mais uma edição dos BRIT Awards. Glória a vós, Adele. Glória a vós. 

Comentários

  1. Discordo em relação às Little Mix. Por melhor que seja a cenografia e por mais enérgica que seja a actuação, playback num evento destes é imperdoável, sobretudo se querem mostrar talento (não acompanho muito o trabalho delas, mas tinha ideia que elas até sabem cantar).

    Além disso, não é por nada mas elas estão longe de ter corpo para essa idumentária. Especialmente essa 3.ª a contar da esquerda... qué isso mulher?

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    1. Ena, que comentário tão fora. Julgo que mais ninguém terá ficado ofendido com o figurino...

      Acho bestial que em pleno 2016 possamos ter uma girlsband composta por raparigas reais e íntegras, onde a beleza não se sobrepõe ao talento. De facto a rapariga que mencionas não tem "o corpo" priveligiado pela indústria, mas fico muito contente que tal não seja motivo para colocá-la na fila de trás ou cobri-la com trapinhos mais discretos. Além disso, a sua presença é das mais cativantes no grupo.

      Todas são excelentes vocalistas e não precisam de recorrer ao playback, mas julgo que a imponência do evento as terá amedrontado um pouco. De qualquer forma mantenho a opinião de que foi uma extraordinária actuação, nem que seja pela capacidade de terem transformado um tema bubblegum pop a valer em algo feroz e mais tribal.

      Sendo a sua primeira actuação num evento de grande dimensão, a prioridade era torná-la memorável. Foi um banquete para os sentidos - missão cumprida.

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    2. Claramente não leste os comentários no Yahoo UK...

      Mas eu não fiquei de todo ofendido com a idumentária. Simplesmente já que elas escolheram apresentar-se semi-nuas, é simplesmente coerente que sejam avaliadas por isso também.

      Lá está, preferia menos produção e mais voz, uma vez que elas até são boas cantoras.

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    3. Mas a minha opinião nunca mudaria em face do que pudesse ler acerca da actuação.

      Seminuas?! Tinham mais tecido do que pele à mostra. O que dirias tu então de actuações de Nicki Minaj, Miley Cyrus ou - no mesmo segmento - Fifth Harmony? Avaliá-las é uma coisa, menosprezá-las por decidirem envergar tais vestimentas (quando claramente isso não devia ser uma questão) é outra.

      Se queres ouvi-las cantar bem, escutas o disco ou vês os vídeos no YouTube. Actuações ao vivo tratam-se sobretudo de proporcionar espectáculo. Não sendo uma balada nem um tema de grandes acrobacias vocais, fizeram muito bem em incidir o foco noutras componentes.

      O que se segue? Também vais criticar o decote da Adele, a afro da Jess Glynne e as calças à boca de sino da Lorde, ou podemos deixar o assunto morrer em paz? É que nada do que digas demoverá a opinião pública de que as Little Mix são a melhor e mais estimada girlsband da década.

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    4. Começando por uma questão de fundo, com a tecnologia actual dificilmente um disco ou o YT vai ser a melhor forma de aferir o talento vocal de alguém.

      Quanto a essa da "melhor e mais estimada girlsbanda da década", qual seria a concorrência? 5th Harmony? É que sinceramente girlbands têm sido tão poucas e com sucesso tão escasso, volátil ou intermitente que esse título chega a ter graça.

      Agora entrando no cerne da questão: WHAT?!

      Quem ler isso até parece que eu estou a fazer campanha contra as Little Mix, quando eu nem sequer desgosto delas. Mesmo!

      O meu comentário foi especificamente sobre esta actuação em particular. Achei que elas recorreram demasiado a artifícios geralmente usados por quem não sabe cantar e precisa de desviar a atenção disso. Sendo elas boas cantoras, senti que não precisavam de ter sacrificado tanto a parte vocal para dar um grande espectáculo.

      E isso inclui a indumentária, mais uma vez própria de quem se destaca mais pelo corpo do que pela voz. Com elas achei que não combinou, não ficou bem, como também não ficaria à Adele...

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    5. Não te afastes do tópico, que são as Little Mix. Tendo tu acompanhado o The X Factor e sabendo que elas nasceram lá, não deverias pôr em causa as suas capacidades vocais.

      Não são tão poucas assim quanto possas pensar. Nos EUA tens as Fifth Harmony e ate há bem pouco tempo as G.R.L. No UK tens as Stooshe, das cinzas das Sugababes originais as MKS (se bem que ainda não editaram o 1º álbum), as recém-reformadas All Saints e até 2014 existiram as Neon Jungle, concorrentes directas das Little Mix. Depois tens várias bandas formadas por elementos femininos (Haim, Warpaint, Hinds, Savage, Au Revoir Simone, Staves, Sleater-Kinney, etc.) que não se movendo no circuito pop, não são adversárias directas. Como vês, é legítimo que possam ser consideradas a melhor girlsband da década. É o mesmo que dizeres que o Ruanda não tem direito a ter um artista supremo pela diminuta expressão artística. R.e.s.p.e.c.t. that.

      Depois o que me incomoda é que as tenhas escolhido para fazer observações maldosas. Haveria tanto mais para pegar nesta edição dos Brit, mas lá achaste que elas mereciam esse tipo de comentários.

      Não, quem te lê possivelmente acha que és picuinhas e um fashion police in-the-making por decidires implicar com coisas secundárias, e eu extremamente parvo e paciente por te dar corda e ainda achar que consigo debater este assunto contigo.

      Ainda na semana passada respeitaste a minha opinião acerca do "novo Justin Bieber" e reagiste com humor (agradável), aqui foste extremamente deselegante e implicativo sem razão.

      Faz como entenderes, eu abandono a conversa aqui.

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  2. Pois, também existem as Atomic Kitten (que pelos vistos estão de volta) e no UK se o período temporal de referência é a década temos as Girls Aloud (que curiosamente quando foram actuar ao X-Factor há 2 temporadas atrás foram apresentadas precisamente como a "maior girlband da década" - suponho que até elas saibam que é só mesmo no UK). Dessas outras que referes, não ouvi falar de quase nenhuma e penso que poucos conhecerão (aliás, das G.R.L. só me lembro de ler que uma delas tinha morrido). Com isto não quer dizer que sejam más, apenas que não são muito conhecidas.

    Também nunca gosto muito de classificar o que quer que seja como "o/a melhor", isso é sempre subjectivo. Possivelmente as LM podem ser consideradas a girlband mais bem sucedida da última década, mas mesmo isso vai depender muito da área do globo em que a questão for colocada.

    Eu só vi parte dos Brit por isso comentei aquilo que em relação à tua análise do evento mais mereceu a minha discordância.

    Também pouco vi da temporada do X-Factor que elas ganharam, mas eu nunca pus em causa as capacidades vocais do grupo, pelo contrário. Daí não ter percebido bem essa postura tão defensiva e extrapolante.

    De facto, eu não gostei da actuação e já expliquei porquê e achei que a indumentária foi totalmente ao lado e também já expliquei porquê. Mas não passa disso.

    Se calhar o melhor é mesmo concordarmos em discordar.

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    1. Uau, admiro a tua persistência.

      O engraçado é que nem tu detestas as LM, nem eu as idolatro, mas conseguimos fazer disto um aceso debate. Para um não-assunto, acho que nos devemos orgulhar da nossa capacidade argumentativa.

      Se reparares bem, são mais as vezes que estamos em desacordo, e em parte é por isso que as trocas de ideias são tão interessantes. Desta vez foi simplesmente frustrante e redutor.

      Agora toca de encerrar este capítulo.

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