Nobody Said That Growing Up Was Easy

Paramore-"Misery Business"

Riot! (2007)

Foi precisamente há 5 anos atrás que conheci os Paramore. Na altura a internet ainda não era o veículo primordial para conhecer novas bandas, daí que os tenha ouvido pela primeira vez na televisão, no extinto e saudoso TRL (programa da MTV no tempo em que esta ainda se poderia chamar um canal de música), através do qual cultivei o meu gosto musical.

Nos dias que correm tudo é tão veloz e acessível que já poucos se lembram do prazer que é descobrir algo novo, da sensação que tal descoberta nos proporciona, como sentissemos que a partir daquele momento possuímos um segredo só nosso, que nos preenche e revitaliza. Pois eu lembro-me.

E é precisamente por me lembrar dessa sensação que gosto bastante dos Paramore. Jamais me esquecerei do momento em que ouvi a "Misery Business" pela primeira vez, do momento em que uma rapariga com cabelo cor de fogo inundou o meu televisor com uma atitude e energia incriveís. Desde logo me identifiquei com eles e torci com fervor, como nunca havia feito antes, para que se tornassem conhecidos.

A sua história começou em 2005 com All We Know Is Falling, mas viriam a tornar-se conhecidos apenas 2 anos depois, em 2007, com o punk rock efervescente de Riot!, disco que os catapultou para o sucesso comercial. Foi então que assisti à sua ascensão às tabelas, à sua entrada em Portugal, às primeiras nomeações para prémios musicais, ao erguer da sua legião de fãs: os dados estavam lançados.

O reconhecimento mundial chegaria com o 3º álbum, Brand New Eyes, disco que marcou a ferro e fogo a minha adolescência e, que para o bem e para o mal, mudou para sempre o destino da banda. Maduro, confessional e cativante, resultou das tensões e intrigas no seio do grupo, que quase iam levando ao seu fim, mas que a banda soube exorcizar nos 11 temas que o compõem.

Quis o destino que a banda sobrevivesse para criar Brand New Eyes, mas não permitiu que a ruína, já no final da era em 2010, se abatesse sobre ela, levando à saida dos irmãos Josh e Zac Farro, guitarrista e baterista, respectivamente, e membros fundadores da banda, que alegavam que esta  se tinha tornado uma marioneta nas mãos da editora e que girava apenas à volta de Hayley Williams.

De quinteto, os Paramore passaram a trio e aquilo que poderia ter sido o seu fim tornou-se numa oportunidade de recomeçarem do zero. Desde então encontram-se a trabalhar no seu 4º álbum e a expectativa não poderia ser maior. Hayley, Jeremy e Taylor têm então em mãos uma verdadeira prova de fogo: exorcizar, uma vez mais, os seus demónios e fazer um álbum que os eleve a um outro patamar.

Como seguidor atento da sua carreira, tenho algum receio do que se possam tornar mas estou também muito ansioso para saber o que aí vem. Têm crescido comigo e evoluído de álbum para álbum, de modo que não espero deles nada menos do que uma espantosa colecção de temas que reflicta aquilo por que passaram e exprima aquilo em que se tornaram.

Cá estarei para apoiá-los tal como no primeiro dia, sabendo que já não há lugar para o punk rock de Riot!, nem para segundas oportunidades: emocionem-nos, toquem-nos, inspirem-nos, evoluam, sejam audazes e poderosos. Está na altura de se tornarem numa das grandes bandas do séc. XXI.