2014: Um Balanço Sónico- Parte II
As figuras
9º
Pharrell Williams
A presença de Pharrell nesta lista poderia ser justificada apenas pelo gigantesco sucesso global de "Happy", mas isso seria extremamente redutor. Sim, a canção já era um hit no último trimestre de 2013, mas isso não a impediu de se tornar no tema mais vendido do ano que agora chega ao fim, tanto nos EUA como no Reino Unido - um feito estupendo, mas previsível. O desafio que se colocava ao 'Skateboard P' era o de relançar a carreira a solo, aproveitando a renovada vaga de interesse na sua figura. O sucesso foi bem capitalizado através da edição de Girl, em Março último, de onde foram retirados temas como "Marilyn Monroe","Come Get It Bae" ou "Gust of Wind", pérolas funk de impacto minimizado pelo (ainda e sempre) colossal "Happy". Pelo meio, não perdeu a fulgurosa embalagem enquanto artífice de canções, assinando trabalhos para Ed Sheeran, Gwen Stefani, Paloma Faith, T.I., Kylie Minogue ou Jennifer Hudson. Por isso e muito mais, 2014 será recordado como o ano em que Pharrell se transformou na estrela pop que sempre esteve destinado a ser.
As canções nacionais
10º Los Waves- "Strange Kind of Love"
Depois da experiência enquanto League e do sólido Got a Feeling EP, os Los Waves parecem finalmente ter encontrado a sua identidade enquanto indie rockers na veia de uns The Vaccines. O que perderam em ácido ganharam em pujança e temperamento visceral, e é isso que me agrada neste "Strange Kind of Love" - música que me faz querer agarrar numa prancha e fazer-me destemidamente às ondas da costa vicentina. Seria desastroso, mas a intenção é louvável.
9º Best Youth & Moullinex- "In the Shade"
Ed Rocha e Catarina Salinas parecem ter lugar cativo nas minhas listas de final de ano: teriam-no tido com "Hang Out" em 2011, foram o ano passado com "Still Your Girl" e repetem presença em 2014 com a sua hipnotizante colaboração com o senhor Moullinex, propícia a perdermo-nos no cosmos e a negarmos o sol em prol da sombra fresca e preguiçosa. Para a posteridade ficam os dias de ócio passados ao som disto e a mítica coreografia da "dança do queijo derretido com pernas bambas a acompanhar".
8º Isaura- "Useless"
Dez segundos bastaram-me para perceber que esta voz pertencia à mesma Isaura que há quatro anos atrás concorreu à última temporada da Operação Triunfo. E tão bom que foi reencontrá-la com esta canção que, mesmo no cair do pano, se torna numa das minhas favoritas do ano: "Useless" é saudade, desgosto, ternura e rejeição, todo um misto de sentimentos convulsivos servidos num fabuloso embrulho de pop electrónica nebulosa, cortesia de Raez e Cut Slack. Temos Jessie Ware nacional, para acompanhar de perto em 2015.
Os álbuns internacionais
9º SOHN- Tremors
Primeiro foi "Artifice" a aguçar-me a curiosidade. Depois veio a descoberta do catálogo mais antigo, com "Lessons" e "The Wheel" à cabeçeira. De maneira que quando Tremors foi por fim libertado, nem tive que pensar duas vezes se se revelaria uma boa proposta ou não. SOHN é como que um George Michael cheio de soul com canções atormentadas e excruciantes mergulhadas em ambientes electrónicos vaporosos que me trazem à memória Jamie Woon. O mais interessante de tudo é que pode ter aberto aqui um novo capítulo na electrónica contemporânea e quase ninguém deu por ele, perdidos que estão noutras neblinas. Venham mais tremores assim.
Pontos altos: "The Wheel", "Lessons", "Artifice", "Tremors"
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