2014: Um Balanço Sónico- Parte V
As figuras
6º
Sia
De autora de grandes canções do panorama musical e de colaboradora infalível a estrela pop em nome próprio nos seus termos e condições, Sia Furler tem uma das maiores histórias de sucesso do ano. Se olharmos para os maiores hits dos últimos 4 anos, veremos algures o seu nome nos créditos vocais ou da escrita, por isso era expectável que Sia quisesse reclamar também para si mesma algum quinhão do seu talento ao reactivar a sua carreira a solo. A forma singular como o decide fazer é que torna o seu triunfo tão incrível - sem nunca mostrar o rosto ou engendrar tácticas promocionais agressivas, direccionando assim o foco de interesse unicamente para a sua arte. É dela a canção mais estratosférica do ano - "Chandelier", what else? - e um dos álbuns pop mais bem conseguidos também, o excelente 1000 Forms of Fear, que haveria de estrear no nº1 da tabela de álbuns norte-americana. Adicionalmente, os seus préstimos são requisitados para os álbuns de Kylie Minogue, Shakira, Lea Michele, Cheryl Cole, Maroon 5, J.Lo e David Guetta. Pode uma reservada estrela pop brilhar tão fortemente aos 38 anos de idade? Pode sim, e daqui em diante só poderá brilhar ainda mais.
As canções nacionais
7º Thunder & Co.- "O.N.O."
Poderia ter sido um caso de uma noite só, que já teria sido intenso. Mas o flirt sobreviveu ao Verão e perdura até aos dias de hoje. "O.N.O" apresentou ao público português a dupla nu-disco mais sensível do ano (quiçá de sempre), que trouxe de arrasto um excelente EP de estreia com canções tão boas ou melhores que esta senhora, o género de canção que dá valor à expressão "dançar de lágrimas nos olhos".
5º Diabo na Cruz- "Vida de Estrada"
4º Batida feat. Matadidi Mario- "Pobre e Rico"
Os álbuns nacionais
6º Golden Slumbers- "My Love Is Drunk"
Se no ano passado tivemos os Brass Wires Orchestra, em 2014 foi a vez das manas Catarina e Margarida despontarem em força na cena folk nacional, muito por culpa do encanto de "My Love Is Drunk", o tipo de canção que não pede licença para entrar, simplesmente entra e modifica estados de espírito - para melhor, naturalmente - à sua passagem. I Found the Key, o EP onde reside, é também o meu favorito do ano.
5º Diabo na Cruz- "Vida de Estrada"
Não me recordo de alguma vez ter mencionado esta canção ou a banda sequer, mas uma análise conscienciosa faz-me perceber que ela tem lugar nesta contagem. "Vida de Estrada" é aquela canção que se acha graça logo à primeira mas sem qualquer noção de compromisso, na esperança de que eventualmente passe. Mas não passou nem à segunda, décima, vigésima ou 143ª audição. É contagiante, mordaz e levada da breca - uma bela adição ao cancioneiro popular português.
4º Batida feat. Matadidi Mario- "Pobre e Rico"
Como não achá-la incrível? Primeiro é o corpo a ser conquistado com a ginga afro house, apenas para logo de seguida a mente ser invadida com a mais incisiva das dicotomias jamais exploradas em canção no decorrer deste ano, cortesia de um sample de Matadidi Mario tão bem incorporado - não só é o triunfo da batida como da mensagem social. No final de contas: não há branco, nem mulato, nem preto. O que há é... pobre e rico.
Os álbuns nacionais
3º Brass Wires Orchestra- Cornerstone
Eu cá nunca fui muito de orquestras, mas esta em particular sempre me agradou bastante. Cornerstone é a belíssima estreia deste septeto folk que nada fica a dever a projectos como Beirut ou Mumford & Sons e que vive muito da instrumentação rica e não raras vezes épica dos músicos, bem como das sólidas interpretações de Miguel da Bernarda. Há muito que fazia falta um disco assim em solo nacional e uma banda com sério potencial de exportação a que possamos chamar só nossa. Longa vida à orquestra.
Pontos altos: "Tears of Liberty", "Finders Keepers", "Wash My Soul" e "Prophet Child"
2º Capitão Fausto- Pesar o Sol
Um disco que tem "Célebre Batalha de Formariz" e "Maneiras Más" como cartões de visita só pode vir a resultar num grande álbum. Assim foi. De tal forma que há 11 meses atrás já se sabia que estes rapazes terminariam o ano levados em ombros, com uma obra de rock progressivo dos sete costados. Pesar o Sol é o rugido de leão dos pontas de lança do novo rock cantado em português, um salto evolutivo como daqui à lua face ao agora imberbe Gazela, sem a costela pop mas uma mão cheia de solos de guitarra estratosféricos e vapores psicadélicos a fazer-nos viajar por eras e gigantes do panteão. Uma obra de referência para as geração actuais e futuras.
Pontos altos: "Maneiras Más", "Célebre Batalha de Formariz", "Prefiro que Não Concordem" e "Ideias"
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