2014: Um Balanço Sónico- Parte VII
As figuras
4º
Ed Sheeran
Um dos percursos mais fulgurantes a que assistimos este ano foi o de Ed Sheeran. O jovem britânico soube, como ninguém, congregar uma série de públicos transversais com as canções do seu segundo álbum, x. "Sing", a pérola pop/R&B com o toque de Midas de Pharrell e que piscava o olho à época de "Like I Love You" de JT; "Don't", outra retumbante investida em território urbano; "Thinking Out Loud", a balada pop/soul de excelência do último trimestre do ano; ou as mais acústicas "One" ou "I See Fire" a prolongar os ecos do disco de estreia. Resultado: tem o álbum mais vendido do ano no Reino Unido com 12 semanas passadas em nº1 (8 delas consecutivas), coleccionou 3 nomeações para os Grammys 2015 e alcançou o tiunfo definitivo nos EUA, colocando dois singles no top 10 e o disco no topo da Billboard 200. Ed Sheeran cresceu a olhos vistos e já não é só o rapaz da guitarra ou o "cantor de pub" conhecido apenas no seu bairro, começando finalmente a tornar-se no artista global e multifacetado que desde cedo se percebeu que poderia vir a ser. Daqui será sempre a subir.
As canções internacionais
7º La Roux- "Let Me Down Gently"
Não é fácil condensar 5 longos anos de espera numa canção apenas. Mas La Roux conseguiu-o de forma magistral neste "Let Me Down Gently", de tal maneira que a maturação artística toldou por completo quaisquer questões de impaciência ou preocupação causadas pela demora. Toda ela é nostalgia e desolação reflectidas numa bola de espelhos, que gira solitária primeiro graças à cadência do órgão e depois com o balanço de uma contida explosão synthpop a que se junta uma belíssima secção de saxofones. Quanta classe, dor e elegância numa só canção.
6º Ben Howard- "End of the Affair"
Despertar para a obra de um artista tem muito que se lhe diga. Pode ser um processo progressivo, instintivo, meramente casual. No caso de Ben Howard já tinha havido uma aproximação com "Oats in the Water", mas decidi adiar a segunda oportunidade para uma outra altura. Ela chegou numa noite quente de Agosto sob a forma de "End of the Affair", prodígio de quase 8 minutos que encosta a um canto qualquer outra canção que tenhamos ouvido em 2014 acerca do final conturbado de um relacionamento. É a 3 minutos do final que Ben Howard se revela em todo o esplendor quando desata num voo picado de guitarra à la Foals e brada aos ceús a cólera e angústia que havia domesticado de início. Um dos melhores momentos musicais do ano.
5º Lana Del Rey- "West Coast"
Para mim a grande supresa do ano é e será a forma como Lana Del Rey me deu a volta à cabeça. E tudo começou com esta canção. Acho-a estupendamente produzida por Dan Auerbach, fabulosa em termos de progressão com as constantes mudanças de tempo e intensidade, munida de um refrão esplêndido que transborda lascívia por todos os poros como que a querer escravizar-nos de amor para o resto da vida. A haver uma versão feminina de "Wicked Game" terá de ser esta.
4º Ariana Grande feat. Iggy Azalea- "Problem"
Este tema recorda-me o porquê de continuar a ter o meu coração firmado na pop. É do mais inescapável que existiu em 2014: um perfeito híbrido mainstream e urbano cantado com toda a pujança e mácula possíveis, inteligentemente adornado com um irresistível loop de saxofone e os sussurros flamejantes de Big Sean e com a participação certeira da rapper sensação do ano, Iggy Azalea, arrasadora nos versos que debita. Consagra definitivamente Ariana Grande como uma das novas coqueluches da pop e é seguramente a canção que marca o meu Verão.
Os álbuns internacionais
3º La Roux- Trouble in Paradise
O meu Random Access Memories de 2014, com a diferença que recebi La Roux com um saudoso abraço que dificilmente replicaria com os robots franceses. Foram 5 anos que pareceram uma vida mas que fizeram valer cada segundo da espera. Agora a solo, com look vintage, crista derrubada em prol de uma franja escadeada, balanço disco/funk e sensualidade que se confunde com classe, Elly Jackson construiu um resort com vista para o paraíso e deixou que a brisa dos tópicos levasse na corrente uma série de conflitos interiores que teimavam em atrasar o processo criativo. E é com 40º à sombra das palmeiras que faz um dos regressos mais maduros do ano. Voltava a esperar outros 5 por um disco assim.
Pontos altos: "Silent Partner", "Let Me Down Gently", "Uptight Downtown" e "Paradise Is You"
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