2014: Um Balanço Sónico- Parte IX
A figura
1º
Taylor Swift
2014 foi o ano de Taylor Swift. A outrora rapariga da country sucumbiu por fim aos encantos da pop e tornou-se numa verdadeira superestrela global, suportada por vendas astronómicas e recordes que mais ninguém conseguiu igualar este ano. E tudo em apenas 4 meses.
Em meados de Agosto anunciava uma renovação sonora com a chegada de 1989, o seu "primeiro álbum pop oficial", e a consequente libertação de "Shake It Off", facilmente o maior guilty pleasure de muito boa gente neste ano. O timing não poderia ter sido mais perfeito. Sem nenhum nome de peso na área - até Rihanna decidiu dar-nos folga este ano - Taylor teve a arena só para si e as atenções de todos (nem eu que sempre lhe resisti, consegui manter-me à margem) concentrados nesta nova e entusiasmante etapa da sua carreira.
O que a música continuava a não ter de revolucionário, tiveram-no os seus actos, nomeadamente a jogada de génio que foi a retirada do seu catálogo discográfico do Spotify, em vésperas da edição do novo álbum. Terá havido maior golpada de marketing bem-sucedida (melhor sorte da próxima, U2) em 2014? Ao bater com a porta ao gigante do streaming, Taylor iniciava não só um debate acerca da justiça e sustentabilidade de um método que é encarado como o futuro da indústria, mas iniciava também uma corrida sem precedentes às lojas físicas e virtuais que teria efeitos mastodônticos nas vendas de 1989.
Resultado: 1 milhão e 300 mil cópias vendidas na primeira semana apenas nos EUA, uma quantia ímpar que já não era registada há 12 anos. 8 semanas depois o valor ascende aos 3,660,000 - o suficiente para ser considerado o título mais vendido do ano em solo americano. E até na tabela de singles a vida lhe correu bem como nunca antes: 11 semanas no topo da Hot 100 (4 com "Shake It Off" e 7 consecutivas com "Blank Space"). Inglaterra, Noruega, Irlanda, México, Austrália, Holanda ou Nova Zelândia foram outros dos países atingidos pela Taylor-mania.
Tudo foi impressionante e em larga escala para Taylor Swift, a eterna namoradinha da América que num abrir e fechar de olhos se transformou na suprema Rainha de Copas de um jogo em que, afinal de contas, sabia as regras de trás para a frente. Take notes.
As canções internacionais
3º Foster the People- "Best Friend"
É das canções mais despreocupadas e imediatas do consciencioso Supermodel, um híbrido entre "Call It What You Want" e "Don't Stop (Color on the Walls)", mas com balanço funk e disco a que simplesmente não dá para escapar e não reagir sem um inspirado jogo de pés e de cintura. O vídeo - uma versão mais mordaz, canibal e negra de "Pretty Hurts" - parece ser a representação da premissa do disco, expressa logo na capa, ainda que não se enquadre na canção falsamente alegre mas facilmente aditiva. É obra.
2º Alt-J- "Hunger of the Pine"
Poderá ser esta a melhor canção alguma vez feita pela banda do triângulo? É uma séria candidata a esse título - épica, audaciosa e uma badass de primeira linha. Ou, simplesmente, uma forma muito interessante de aprimorar a receita mágica descoberta no disco de estreia. Conserva o embalo rítmico sedutor de "Tessellate" e a cadência obscura de "Fitzpleasure", mas depois há o inusitado sample de "4x4" de Miley Cyrus a entornar ácido em tão pura criação (elogio) e um saxofone que é o pináculo desta obra mestra em que cada filamento se une de forma tão fluída e delicada. O engenho do enorme Nabil Elderkin fundiu-se com a visão singular da banda para dar vida a um dos vídeos mais aflitivos e excruciantes de 2014. Um assombroso combo.
1º Sia- "Chandelier"
Medalha de ouro para aquela que foi a grande, gigante canção pop do ano. Começou por ser "a melhor canção de Rihanna em 2014", mas cresceu proporcionalmente à sua grandeza e passou antes a ser o momento definitivo na consagração de Sia como artista em nome próprio. O mérito é repartido entre ela, a única intérprete capaz de conduzir um tema tão estratosférico sem nunca sair de órbita, e pela pequena Maddie Ziegler, que fez uma brilhante dança interpretativa que ficará na história do audiovisual. Juntas, acendem um fogo do chão à lua - como era no princípio, agora e sempre.
Os álbuns internacionais
2º Bombay Bicycle Club- So Long, See You Tomorrow
Nunca antes havia mergulhado de forma tão majestosamente bela num disco dos BBC. Este seu 4º trabalho de estúdio nasce de uma série de viagens que o vocalista fez pelo mundo fora e que acabam por ter um enorme impacto na metamorfose artística do grupo, mais aberto a sons e instrumentos provenientes dos quatro cantos do planeta. Outro dos grandes atractivos em So Long, See You Tomorrow é a presença vocal de Lucy Rose e Rae Morris - duas paixões aqui do escriba - que unem as suas vozes de forma tão bela e mágica à de Jack Steadman. É um espírito livre, harmonioso e indomável que me deixa tremendamente feliz e de coração cheio sempre que o oiço.
Pontos altos: "It's Alright Now", "Feel", "Carry Me" e "Luna"
1º Foster the People- Supermodel
Nenhum outro disco me falou tanto ao coração quanto este. De tal forma que, ao 81º dia do ano, eu já sabia que tinha encontrado aquele que seria o meu álbum favorito de 2014. O que Supermodel significava para mim na altura, é exactamente aquilo que continua a significar agora, apenas com a diferença que desde então as suas canções ganharam peso, história e laços afectivos inquebráveis. Convido-vos a ouvi-lo e a recordar as palavras que escrevi acerca dele aqui.
Este post fecha assim mais um ano de actividade do Into the Music, talvez o maior (425 posts publicados!), o mais gratificante e desafiante de todos. Obrigado por me acompanharem e espero que sigam viagem comigo em 2015. Bom ano a todos :)
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