REVIEW: Justin Timberlake- The 20/20 Experience 2 of 2

 
Há 9 meses atrás poucos foram aqueles que previram o regresso de Justin Timberlake à música e muitos menos os que imaginaram que tinha planeado lançar 2 álbuns no mesmo ano. Pois é, o impensável aconteceu e 6 meses volvidos do lançamento do 1º capítulo, eis que aí está a 2ª parte do díptico The 20/20 Experience. Vejamos o que JT nos reservou:
 
1) Gimme What I Don't Know (I Want)- O tema de abertura parece saído directamente da era de FutureSex/LoveSounds com beatbox e sintetizadores marados à solta e as deixas de engate já tão banais no universo de JT. O verso introdutório parece-me bem mais excitante que o resto da canção, que quase (note-se o quase) cai num marasmo inquietante, acabando por ser salva pelos seus momentos finais. (8/10)
 
2) True Blood- Sinto uma terrível frustração para com este tema: começa muito bem, mantendo-se a tónica urbana e as batidas à la mad scientist de Timbaland, desce um ponto na minha consideração no momento em que a sinto demasiado próxima de "Thriller" (com spoken words e a gargalhada diabólica tal e qual como a icónica canção de MJ), até que por fim se torna demasiado pretensiosa e se prolonga decrepitamente até aos 9 minutos e meio. Caramba JT, não havia necessidade... (7/10)
 
3) Cabaret- É o primeiro tema que capta a essência do capítulo anterior, com produção menos esquizofrénica e mais focado em coadunar a voz de Justin com a sensibilidade da melodia. O resultado é bem mais refinado que as 2 faixas anteriores. Pontos a favor: o precioso contributo de Drake e a curta duração do tema, que não excede os 4 minutos e meio. (8/10)
 
4) TKO- É o primeiro dos 3 pontos altos do álbum. É a versão evolutiva de "Tunnel Vision" e "Cry Me a River", pautada por versos de arrependimento e uma série de referências ao mundo do pugilismo. Não é, de todo, um technical knockout - não há por aqui nada de inovador - mas também não desilude: é o habitual arsenal de batidas mirabolantes de Timbaland a fazer as delícias de quem, como eu, gosta de um bom tema pop. (9/10)
 
5) Take Back the Night- Devo ser dos poucos a achar isto uma das mais inspiradas criações de sempre de Justin Timberlake. Disco sumptuosa a piscar o olho a Michael Jackson dos anos 80 que obriga cada membro do corpo a mover-se em consonância com a batida irresistível. Creio que não foi devidamente apreciada e tenho pena que não existam mais momentos destes no álbum. Sem dúvida, o melhor tema. (9/10)
 
6) Murder- É o irmão mais travesso e ritmado de "Don't Hold the Wall", mas tão fabuloso quanto este. Não há muito para dizer: é dos momentos mais bem-conseguidos e nem os versos de Jay-Z vêm quebrar a dinâmica do tema. Gostava de o ver transformado em single. (9/10)
 
7) Drink You Away- Até aqui JT não correu muitos riscos, limitando-se a explorar os universos sonoros em que já havia demonstrado ser competente. É em "Drink You Away" que surge a primeira experiência fora do baralho: um tema influenciado pela música country que recebe a prestação vocal mais inspirada de todo o disco. Completamente aprovada. (8/10)
 
8) You Got It On- O cenário romântico está montado: garrafa de champanhe aberta, uma cama perfumada com pétalas vermelhas e uma dança que pede muita cumplicidade. É um misto de "That Girl" e "Spaceship Coupe", da parte I, e contém um dos poucos momentos orquestrais de todo o disco. É absolutamente enternecedor. (8/10)
 
9) Amnesia- Começa tão bem mas depois cai no tal marasmo que já vinha a ameaçar o disco logo desde o tema de abertura. JT começa a acusar algum cansaço: é repetitiva e quase que dou por mim a bocejar até que... perto do final dá-se uma metamorfose e o tema entra numa espiral de violinos e beatbox, num registo muito semelhante a "Apologize". Não fosse isto e a classificação seria menos generosa. (7/10)
 
10) Only When I Walk Away- Assinala também outra aventura longe do habitat natural de Justin, mas não tão consensual quanto aquela que o levou pelos caminhos da country. Experimenta diferentes sonoridades: começa com guitarras, adquire contornos de hip hop, pisca o olho aos Alt-J e desemboca na Jamaica ao som de dancehall. Há demasiado a acontecer e o resultado não é lá muito coeso. (7/10)
 
11) Not a Bad Thing- Estava eu à espera de um grande tema de encerramento e afinal deparo-me com um momento digo de Justin... Bieber. Está obviamente a mais no alinhamento, até porque é a 21º canção de um projecto idealizado para conter 20. E como se não bastasse um tema insonso, ainda traz consigo uma faixa escondida - "Pair of Wings" - que é igualmente desinspirada e soporífera. Deixa muito a desejar este final. (6/10)
 
Vou ser bem mais comedido nos meus elogios do que fui em Março passado. Esta parte II está longe de ser um conjunto de sobras, mas também não está à altura daquilo que a primeira parte do projecto ofereceu. É mais sombria, urbana e ecléctica mas menos orquestral, coesa e inspirada que os 10 temas lançados há 7 meses atrás. Vejamos por este prisma: The 20/20 Experience é o irmão mais velho, maduro e bem-parecido, que veste fato e gravata e recupera influências da neo soul. Já The 20/20 Experience 2 of 2 é o caçula, menos garboso e mais imaturo, que tenta copiar o estilo do irmão mais velho, mas numa versão mais urbana e jovial.
 
Pois é, a intenção de lançar 2 álbuns no mesmo ano era boa - trata-se de um presente para os fãs que tanto tempo esperaram pelo seu regresso - mas Justin devia ter idealizado melhor as coisas. Das duas uma: ou tinha adiado o lançamento desta parte II para o próximo ano, o que lhe permitiria uma maior liberdade artística, ou tinha equilibrado os pratos da balança e feito uma selecção mais criteriosa dos temas a incluir em cada capítulo. Dito isto, não me sinto desiludido com o que acabei de ouvir, mas esperava um pouco mais. Afinal de contas, de JT espera-se sempre muito, não fosse ele o Herói cá do sítio. À despedida, dois pedidos: por favor, não demores 7 anos a fazer um novo álbum e vem actuar a Portugal. Ah, e claro, o respeito e enorme admiração que tenho por ti continuam intactos.
 
Classificação: 7,8/10
 
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