Odisseia Musical: 2008, Admirável Mundo Novo- Parte I

2008 trouxe consigo a promessa de uma nova era: a massificação das redes sociais, dos blogs, do YouTube, da electropop e uma montanha-russa de emoções para quem, como eu, tinha acabado de fazer 16 anos.

No panorama musical havia muito a acontecer ao mesmo tempo: Britney Spears protagonizava um regresso triunfal das cinzas; Madonna acrescentava mais uns quantos hits à sua colecção; Pink atravessava o seu período áureo; os Coldplay davam o passo que faltava para serem considerados a maior banda do mundo; o fenómeno em torno de Rihanna adensava-se e Beyoncé entrava num patamar de excelência.

Mais importante ainda, foi nesse mesmo ano que a indústria musical fabricou as suas últimas grandes estrelas pop. O seu nome? Lady Gaga e Katy Perry. A primeira aproveitou, e bem, a onda de interesse que a electropop gerava e lançou um álbum de estreia inesquecível - The Fame - cujo verdadeiro impacto só se faria sentir no início do ano seguinte. Já a segunda, deixava um rasto de curiosidade por onde passava graças ao bombástico "I Kissed a Girl".

A par disto tudo, ocorreu ainda um movimento feminino muito interessante apelidado de "A Nova Vaga Soul". Amy Winehouse liderava esse revivalismo graças ao formidável Back to Black, e outras três revelações a ela se juntaram: uma estreante Adele, ainda longe de se tornar num ícone global, que à época editava 19; a galesa Duffy que levava "Mercy" e o álbum Rockferry ao topo das tabelas; e a australiana Gabriella Cilmi que, com apenas 16 anos, já cantava como gente crescida em "Sweet About Me". Em comum tinham o facto de terem sido abençoadas com grandes vozes e de terem alcançado um enorme êxito.

Já a nível pessoal, foi um ano de amadurecimento. Começei a perceber melhor o que me rodeava, a lidar com preocupações e incógnitas quanto ao futuro, e desenvolvi novos interesses e paixões. Em suma, apercebi-me daquilo que me poderia tornar e dei o primeiro passo rumo à concretização de um actual sonho: a criação do Into the Music. Mas sobre isso falarei no próximo capítulo.

Os temas que mais me marcaram

10º The Ting Tings- "That's Not My Name", We Started Nothing

"They call me hell, they call me Stacey, they call me her, they call me Jane, that's not my name!". Katie White e Jules de Martino foram os autores de uma das mais arrasadoras canções de 2008, que à primeira audição passaria por um qualquer tema de Avril Lavigne, mas depressa se percebe que há aqui mais do que um bombom pop punk. Depois disto, nunca mais ninguém se esqueceu do nome deles.



9º Lady Gaga feat. Colby O'Donis- "Just Dance", The Fame

Foi numa tarde quente em finais de Agosto que me deparei, pela primeira vez, com Lady Gaga. O nome era estranhíssimo, o vídeo não lhe ficava atrás, a canção soava diferente de tudo o resto  e a pose era de estrela. Apesar de bastante intrigado, achei-lhe piada. Por vezes dou por mim com saudades desta versão de Gaga: sem truques, exageros, palavras desmedidas ou pretensões mil. Era um fenómeno à espera de acontecer.



8º Pink- "So What", Funhouse

É a primeira vez que Pink pisa esta Odisseia, não que me seja indiferente, mas simplesmente porque acho que nunca tinha editado nada tão bom até à data quanto este "So What", pedaço pop rock energético da autoria de Max Martin, que lhe proporcionou o maior hit da sua carreira. A ilustrá-lo esteve um vídeo completamente hilariante que ainda hoje ninguém esquece. Não há como não gostar da sua autenticidade.



Os álbuns que mais me marcaram

6º Snow Patrol- A Hundred Million Suns

Descobri-o por intermédio de uma amiga e tornou-se um fiel companheiro para a vida. É o sucessor do estrondoso Eyes Open (2006) e apesar de não tão compelativo e adornado de óbvios êxitos, creio que assinalou uma evolução notória para a banda liderada por Gary Lightbody. É ritmicamente mais lento, mas possui uma grande beleza instrumental e profundidade lírica.  E é também mais ambicioso: oiça-se a espantosa "The Lightning Strike", uma odisseia de 16 minutos dividida em 3 partes que encerra o disco, cujo título dá o mote a um dos espaços mais icónicos do Into the Music. Mistério desfeito.
Este é o álbum de: "Take Back the City", "Crack the Shutters", "If There's a Rocket Tie Me to It" e "The Planets Bend Between Us" 

5º Duffy- Rockferry

Este álbum foi bastante importante para o meu desenvolvimento musical e impôs-se como um dos estandartes do revivalismo soul que tomou conta do panorama musical em 2008. Creio que foi a primeira vez que ouvi um disco tão fora do meu habitat natural e só me fez bem, pois expandiu os meus horizontes e deu-me alento para experimentar, no futuro, outro tipo de géneros musicais. Acho que se pode dizer que é um clássico do séc. XXI, muito bem produzido, com uma sonoridade intemporal e uma voz fabulosa. É uma pena que desde então a carreira de Duffy tenha caído no esquecimento.
Este é o álbum de: "Rockferry", "Mercy", "Warwick Avenue", "Stepping Stone" e "Rain On Your Parade"

Fim da parte I. O próximo capítulo desta Odisseia Musical de 2008 chega já nos próximos dias. Não percam.

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Comentários

  1. Esse CD dos Snow Patrol é dos melhores que tenho. Não me arrependi nada de o comprar.

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