Odisseia Musical: 2008, Admirável Mundo Novo- Parte II

19 de Outubro de 2008. A ideia já me perseguia há algum tempo. Ténue e disforme, ao princípio, até que maturou e se espalhou qual vírus infeccioso, ao ponto de me sufocar caso não a libertasse. Sabia apenas que tinha uma grande paixão por música e precisava de fazer algo para a cultivar. Criar um blog parecia-me então a solução perfeita. Só havia um pequeno senão: não fazia a mínima ideia de como criar um.

É aqui que entra na história a Zobaida (chamemos-lhe assim para preservar a sua identidade), amiga de longa data e autora de um blog de variedades. Seria ela a servir de alavanca aos meus intentos - só que ainda não o sabia. Contei-lhe o que tinha em mente e, sem grande hesitação, decidiu ajudar-me. Foi então que de um encontro casual, nasceu este blog: erguido com a minha visão e com a preciosa mão de Zobaida, que esteve mesmo à beirinha de integrar a equipa do Into the Music.

Contruídos que estavam os alicerces, era tempo de atribuir um nome ao blog. E essa, sim, é que foi a parte complicada. Nem Zobaida nem eu estavamos particularmente inspirados nesse dia e todas as nossas tentativas nomeadoras soavam pessimamente. Só sei que fazia questão que o título tivesse "music" lá metido desse por onde desse. A versão romantizada é esta: inspirámo-nos nesse mega êxito da altura da autoria de Rihanna, "Don't Stop the Music", no verso em que canta "let's escape into the music, DJ let it play". Mas não é verdade.

A verdade é que - preparem-se porque nunca contei isto antes - o título do blog deve-se à MTV. Não. Não foi nenhuma espécie de homenagem nem coisa que o valha. Foi plágio. Puro e vergonhoso plágio. O nome do blog foi retirado de um daqueles programas enlatados de videoclipes, simplesmente porque já tinhamos esgotado a inspiração e optámos pela primeira coisa que nos apareceu (literalmente) à frente dos olhos. Sabendo a importância que um nome tem, hoje teria feito as coisas de forma diferente.

Os primeiros tempos não foram nada fáceis. Tinha muito para dizer, pouco tempo livre para o actualizar e continuava sem perceber a mecânica do blog - não fosse eu um zero à esquerda com computadores - mas nunca, nunca mesmo pensei em desistir. Talvez porque no fundo sabia que estava a cumprir o propósito da minha existência. O resto é história...

Os temas que mais me marcaram

7º Katy Perry- "Hot n Cold", One of the Boys

Katy Perry teria passado por uma one-hit-wonder, se depois do sucesso retumbante de "I Kissed a Girl" não lhe tivesse seguido um êxito de ainda maiores proporções. Eis "Hot n Cold", pop/rock dançável da autoria do hitmaker Dr. Luke e que concentra em si um dos refrões mais inescapáveis de sempre. É pura perfeição pop.

6º Britney Spears- "Piece of Me", Blackout

É um dos momentos altos de Blackout e, provavelmente, o tema mais biográfico da carreira de Miss Spears, que evoca o sensacionalismo em seu torno e que tanto pode ser entendido como um convite, acusação ou ameaça. Repleto de distorções, sintetizadores e efeitos robóticos, foi ilustrado por um vídeo que parodia sublimemente o caos que era então a sua vida.

5º Beyoncé- "Single Ladies (Put a Ring On It)", I Am... Sasha Fierce

Sendo rapaz nem sempre é fácil identificar-me com a temática das canções de Beyoncé, quase todas à volta da emancipação feminina e, verdade seja dita, tive alguma dificuldade inicial em adaptar-me à era de I Am... Sasha Fierce. Felizmente que a minha resistência durou apenas até que o vídeo de "Single Ladies" se tornasse no primeiro fenómeno viral do século XXI. Infeccioso, hiperactivo e absolutamente irresistível, é um hino global que atravessa géneros e idades. "Oh oh oh"!

4º Madonna feat. Justin Timberlake and Timbaland- "4 Minutes", Hard Candy

Ora aqui está aquilo a que apelido de um extraordinário encontro de ícones pop que resultou num estrondoso tema, urgente, enérgico e muito condimentado, sem esquecer os versos filantrópicos que a compõem. Bateu-me forte e feio na altura e durante meses a fio estive obcecado não em salvar o mundo, mas em dançar como se não houvesse amanhã. São 4 minutos que valem por uma vida.

Os álbuns que mais me marcaram

4º Madonna- Hard Candy

O 11º álbum de estúdio de Madonna foi uma notória tentativa de a aproximar de uma nova geração de ouvintes, como a sua sonoridade próxima de uma estética dance pop e R&B e o seu leque de produtores convidados - Pharrell Williams, Timbaland e Justin Timberlake - o atestam. Talvez por isso o mérito de Hard Candy se centre mais nos seus colaboradores, do que propriamente na figura de Madonna. Daí que o álbum não tenha sido recebido de forma efusiva tanto pela crítica como pelos fãs da velha guarda, mas tenha despertado uns quantos novos seguidores para o trabalho da Rainha da Pop. Eu pelo menos gostei desta Madonna contemporânea.

Este é o álbum de: "4 Minutes", "Give It 2 Me" e "Miles Away"

3º Coldplay- Viva la Vida or Death and All His Friends

Foi com o lançamento do seu 4º álbum que deixei os Coldplay entrarem na minha vida. Talvez por isso seja o meu álbum favorito de toda a sua discografia. Viva la Vida or Death and All His Friends marca a primeira colaboração da banda com Brian Eno e foi graças a essa parceria que deram um tremendo salto qualitativo, explorando novos territórios sonoros, com canções mais experimentais e menos focadas no falsete de Chris Martin e com temáticas que lidam com os problemas da humanidade. Graças a este disco cimentaram o título de "maior banda do mundo" e tornaram-se na minha favorita. 

Este é o album de: "Violet Hill", "Viva la Vida", "Lost!", "Lovers in Japan" e "Strawberry Swing"

Fim da parte II. Fiquem desse lado e não percam o último capítulo da Odisseia Musical de 2008 já na próxima semana.

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