The Power of Glee: As personagens

 

Muito do sucesso de Glee passa também pelas suas personagens, um bando diversificado de estudantes oprimidos e socialmente olhados de lado, que encontram no coro da escola um sítio em que são aceites e valorizados pelo seu talento e pelas suas característica únicas. Vejamos:
 
A liderar o elenco temos a apaixonante Rachel Berry (Lea Michele), a personagem mais consistente e brilhante da série. Autêntica estrela em ascensão, contorna o estereótipo da rapariga-que-nasceu-para-ser-diva a quem tudo corre bem e muito tem sofrido para chegar onde quer. São dela os momentos mais esmagadores da série, seja em termos interpretativos ou musicais. A meu ver, justificaria e bem, um spin-off baseado na sua personagem.
 
Finn Hudson (Cory Monteith), até há bem pouco tempo o protagonista masculino da história, demorou a impôr-se na série, talvez demasiado ofuscado pelo brilho de Rachel, a sua cara-metade. Mas quando se tornou no líder do coro e se transformou no porta-voz dos sonhos e esperanças do grupo, ganhou uma nova alma e tornou-se também ele num dos pilares principais de Glee. Era o natural sucessor de Mr. Shue e o seu trágico desaparecimento na vida real mudará por completo o rumo da série.
 
Kurt Hummel (Chris Colfer) é, provavelmente, a personagem mais pedagógica de Glee, graças ao fabuloso e denso retrato de um homossexual bastante extravagante e deveras único. No passado chegou a roubar o protagonismo (creio que na 2ª temporada) e parece ter nascido para dar vida a este papel. Acredito que tenha contribuído para mudar mentalidades e combater um rótulo que cada vez menos é um preconceito.
 
Ainda no lote da velha guarda encontramos Mercedes Jones (Amber Riley) e Tina Cohen-Chang (Jenna Ushkowitz), duas personagens com um imenso potencial raramente explorado. A primeira tem uma voz de bradar aos céus, qual jovem Aretha Franklin, e, apesar de sabiamente aproveitada nos números musicais, nunca conseguiu ter uma storyline à altura. Uma pena. Já a segunda, desempenha o papel da rapariga asiática que facilmente se eclipsa no meio da multidão. Com ela as coisas são mais lamentáveis: contam-se pelos dedos das mãos as vezes em que lhe atribuem falas ou solos musicais, algo que quando consegue, executa muito bem. Não percebo o porquê de continuar na série, já que para o autor não passa de um mero adereço. E é triste porque merecia bem mais.
 
De seguida, temos as duas grandes surpresas da série, na medida em que se tornaram maiores do que o esperado. São elas: Santana Lopez (Naya Rivera) e Brittany Pierce (Heather Morris). A Santana é, a par de Rachel, a minha personagem favorita. À primeira vista parece nada mais do que uma cabra malévola, mas depois percebe-se que há ali uma série de factores que a tornam assim, infeliz e arrogante. Então na 3ª temporada teve um desempenho brilhante, digno de um Emmy: foram dela as cenas mais emotivas, bem como os números musicais mais arrasadores. E depois tem aquele humor corrosivo que é simplesmente delicioso. É uma personagem fabulosa e ainda tem muito para dar à série. Até aqui, Brittany foi a sua perfeita parceira do "crime": um boneco altamente nonsense que parece viver num planeta à parte. Excelente dançarina, musicalmente pouco dotada e com um acting muito muito estranho. O certo é que, sem ela, Glee não tinha um terço da piada que tem.
 
Artie Abrams (Kevin McHale) é, para mim, a melhor voz masculina da série. Desempenha também um dos papéis mais importantes, pedagogicamente falando: o de rapaz da cadeira-de-rodas que sonha um dia poder andar. Tem sido bem aproveitado na história e gosto especialmente que seja parte integrantes dos números musicais. A deficiência motora não é vista como uma limitação, bem pelo contrário, torna-o no mais participativo e entusiasta do coro. Merece um final feliz e melhor sorte no campo amoroso.
 
Blaine Anderson (Darren Criss) veio dar uma grande dinâmica à série. É um excelente performer, destemido, confiante e sonhador e o seu enorme potencial tem sido bem explorado. Tem brilhado cada vez mais, especialmente nesta última temporada, em que teve um dos melhores momentos de sempre graças à sua versão francamente honesta e sentida de "Teenage Dream". Por vezes dou por mim a pensar se não teria sido um melhor parceiro amoroso para Rachel, ainda que a sua história com Kurt funcione extremamente bem e vá ser crucial nos próximos episódios.
 
Segue-se um trio: Quinn Fabray (Dianna Agron), Noah "Puck" Puckerman (Mark Salling) e Sam Evans (Chord Overstreet). Quinn era a cheerleader de sonho, uma quase-vilã deveras problemática: foi mãe adolescente, teve vários relacionamentos falhados, a certa altura teve uma drástica mudança de visual e personalidade, teve um acidente que a colocou numa cadeira-de-rodas e recentemente até se aventurou em experiências lésbicas. É uma personagem conturbada, sem dúvida, mas mantém sempre um charme e encanto irresistíveis em qualquer ocasião, mesmo que seja fraca cantora. Puck era o bad boy lá do sítio, o garanhão cheio de pinta e com queda para números musicais com veia aguerrida, a puxar para o rock. Tal como Quinn, também teve uma trajectória confusa, mas a storyline que o envolveu com Lauren Zizes (Ashley Fink), a obesa atrevida, foi particularmente engraçada. Por último temos Sam Evans a.k.a boca de garoupa (cortesia de Santana), o mais desinspirado do tríptico: tem uma fraca storyline, momentos musicais pouco inesquecíveis e parece não inserir naquele grupo.
 
Por fim, os adultos: Will Schuester (Matthew Morrison) e Sue Sylvester (Jane Lynch). Mr. Schue é o homem responsável por guiar estes jovens rumo ao topo do campeonato nacional de coros. É muito mais do que um professor: é o conselheiro amigo, a voz da razão e vê nos seus alunos a continuidade do seu próprio sonho que ficou por concretizar. Durante as 3 primeiras temporadas foi uma personagem crucial, ultimamente nem tanto. A sua saída deve estar para breve mas ainda gostaria de o ouvir cantar mais vezes antes que tal suceda. Já Sue Sylvester é a soberba vilã (?) da história, talvez uma espécie de cordeiro em pele de lobo. Tem tiradas de génio, tão boas que davam para encher um livro, e a sua presença confere sempre um gostinho especial aos episódios. Tem vindo a perder algum fulgor, mas no dia em que sair da história, Glee não voltará a ser o mesmo.
 
Da nova colheita de personagens nem vou falar, pois falham na tentativa de recapturar a essência da série: Marley (bocejo), Ryder (duplo bocejo), Jake (boring!), Kitty (volta Quinn, estás perdoada!) e Unique (personagem hercúlea mas que não é representativa da realidade).
 
Em suma, as personagens, na sua grande maioria, estão muito bem conseguidas e reflectem as várias faces da juventude. E quem é que não se consegue rever em nenhuma delas?
 
No próximo post falarei da música, o prato forte de Glee.

Comentários

  1. Ah também gosto muito da Santana. Às vezes é ganda bitch, mas no fundo é uma personagem boazinha ahah! Claro que também gosto da Rachel e do Blaine (grande performer mesmo). Realmente tens razão...as novas personagens ficam muito aquém... Vamos ver agora como corre a nova temporada!

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