A estranha e maravilhosa arte de Sia, VI

As canções

"Chandelier", 1000 Forms of Fear (2014)

17 anos separam "Chandelier" da primeira canção gravada por Sia. E foi exactamente esse o intervalo de tempo que lhe levou para conseguir o seu primeiro hit em nome próprio. Mais impressionante ainda é o facto de tê-lo alcançado aos 38 anos, idade em que muitas estrelas pop começam a pendurar as botas. "Chandelier" começou por ser "a melhor canção de Rihanna em 2014", mas cresceu proporcionalmente à sua grandeza e passou antes a ser o momento definitivo na consagração de Sia como artista a solo - mérito dela, a única intérprete capaz de conduzir um tema tão estratosférico sem sair de órbita, e da pequena Maddie Ziegler, autora de uma brilhante coreografia interpretativa que é já um marco da cultura pop. 



"Elastic Heart", 1000 Forms of Fear (2014)

Sia levou duas mãos cheias de meses para dar um 2º single a 1000 Forms of Fears, simplesmente porque o disco não precisava de mais argumentos. Mas na feliz casualidade de tê-los tido, "Elastic Heart" foi sempre a escolha óbvia. Primeiro surgiu como tema integrante da banda sonora do 2º filme da saga The Hunger Games em Outubro de 2013, numa versão com The Weeknd e Diplo. 15 meses depois era a mais recente peça da instalação visual do 6º disco da australiana, com um soberbo Shia LaBeouf a juntar-se à talentosa Maddie num vídeo que só é polémico para quem apenas consegue filtrar o conteúdo gráfico da magnífica performance.



"Big Girls Cry", 1000 Forms of Fear (2014)

Ainda fresco na memória está a peça visual que encerra a trilogia Maddie Ziegler, desvendada no início deste mês. Tal como os vídeos anteriores, "Big Girls Cry" é dirigido pela cantora e por Daniel Askill e coreografado pelo notável Ryan Heffington, também ele beneficiário de uma explosão de popularidade no meio artístico desde que iniciou a parceria com Sia. A força da interpretação de Maddie desta vez é inteiramente emocional, canalizada através de um lote inesgotável de expressões faciais que no fundo representam a desolação, a asfixia e o caos interior perpetuados pela letra. 



Os álbuns

1000 Forms of Fear (2014)

É este o álbum em que assistimos à consagração definitiva de Sia enquanto estrela pop - e é um triunfo absoluto, da concepção à execução. Nasce para dar resposta a uma obrigação contratual, mas não sem restrições impostas pela cantora, que desde logo estabelece que não é pretexto para andar em digressão ou fazer aparições promocionais. É a lei do anonimato sob uma peruca loira. É um disco emocionante, confessional e expedito nas doses certas, obscuro mas com os devidos rasgos de luz e em que Sia é uma força lírica, vocal e interpretativa. O medo, esse, é o catalisador de um álbum visceral que nunca condiciona, apenas a liberta para o infinito e mais além.


Por mim ficava aqui mais umas quantas semanas a vasculhar a obra de Sia, mas o objectivo a que me propus está cumprido. Gostei muito muito mesmo de fazer estes posts e partilhá-los com vocês - espero que a vossa admiração por esta grande senhora tenha crescido proporcionalmente à minha. Teremos encontrado marcado com ela num futuro moderamente próximo para vasculhar mais fundo a sua eclética obra. Porque, como viram, a magia de Sia não se esgota em tempo útil. 

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