AO VIVO: Isaura + D'Alva, Tradiio Sessions


Ontem foi noite de mais uma Tradiio Sessions que todos os meses leva ao Musicbox bandas e artistas que fazem parte da cada vez mais alargada bolsa de valores da plataforma (que agora até já conta com nomes internacionais). Mas o motivo da festa era luso: a estreante Isaura e os efusivos D'Alva num delicioso combo que tantos curiosos trouxe ao espaço lisboeta.

O serão iniciou-se ao som de uma das mais recentes promessas da música portuguesa, Isaura de seu nome, para quem a noite se revelava de extrema importância, uma vez que seriam ali apresentadas pela primeira vez ao vivo as canções do seu EP de estreia - Serendipity - com previsão de chegada para este Verão. O nervosismo era evidente à primeira canção, mas os sorrisos e os gritos de incentivo vindos da plateia não deixaram a jovem nortenha sucumbir à pressão. Afinal de contas, estava entre amigos e pessoas que investem capital virtual na sua arte. Acompanhada por Mike Bek no teclado (também ele produtor do EP), Isaura desfiou uma a uma as canções do registo ainda por editar, num embalo electrónico que tanto tem de Chet Faker e Son Lux como vai beber à nostalgia pop 80s de uma Whitney Houston (evidente em "Dancefloor", que assumiu como a sua "favorita" do EP) ou George Michael (no apaixonante primeiro single, "Useless").


Do alinhamento constaram também "Change It", próximo single do registo, com o toque infalível de Ben Monteiro, uma muito inventiva versão downtempo de "Love Me Harder" de Ariana Grande (oportunidade, segundo a cantora, para o público conseguir cantarolar algo), um tema repescado à discografia de Mike Bek (com o produtor a assumir o comando) e, mesmo a terminar, já com os D'Alva em palco, uma bonita rendição de "Sempre que o amor me quiser" de Lena d'Água, que ainda há escassas semanas tinha sido revisitado ali mesmo pelos Linda Martini. Prova de fogo superada para Isaura, com a certeza de que o tempo e a vida de estrada tratarão de apurar as canções e a confiança da sua intérprete. 


Com o estaminé já montado e o público praticamente conquistado, Alex D'alva Teixeira e Ben Monteiro trataram de incendiar ainda mais as hostes com a sua pop garrida, festiva e de hashtag ao peito. Apresentavam-se em modo redux (aparentemente a versão que dispensa o baterista e conta com a dupla, o guitarrista Simão e a agitadora/back up singer (?) Carol) e desfiaram uma setlist tal e qual como a sua música - livre, leve e solta - ao sabor do ambiente. Houve espaço para o velhinho "Três Tempos", "#LLS" (em modo "Jajão remix" e com direito a coreografia ensaiada), o díptico "Barulho", a trazer o caos à pista de dança numa sequência non-stop que culminou com o insano "Superfresh" de Blaya, com incitações ao "sobe e desce" maroto, para o transe colectivo de "Homologação" e o incontornável "Frescobol" a encerrar um concerto curto mas arrebatador, com o público disposto a continuar noite fora naquela torrente de energia inesgotável. 


Quão bom foi o concerto desta malta? Para alguém como eu que tinha alguma dificuldade em compreender a essência do projecto, asseguro-vos que é ao vivo que se comprova de que fibra são feitos. A garra e energia de Alex e da sua partner obrigam-nos a fazer parte da festa mesmo que não queiramos e o arrojo de Ben nos botões, a adquirir por vezes contornos de rave, merece ser celebrado. Quem já gostava, rejubilou por voltar a comungar nesta celebração. Quem se debatia por não gostar, ficou fã de vez.

Ganha a música portuguesa, ganha o Tradiio, ganhamos todos nós. Venha de lá a próxima sessão. 


* Props para a Teresa que captou em imagem os momentos acima retratados =D

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