Ídolos 2015 em retrospectiva

Poucos queriam o regresso do formato, menos ainda foram os que acompanharam o programa e, desses, apenas uma ínfima parcela sonha com uma nova temporada. Desastre, só em termos comerciais - Ídolos 6 despede-se com a certeza de se ter tornado na segunda melhor edição de sempre. Vejamos o porquê:

12 finalistas. Nenhum programa se faz sem bons talentos dentro e esta edição fez o casting mais interessante e coeso desde a terceira temporada. Concorrentes com personalidade, de várias faixas etárias e, sobretudo, com motivação e paixão para estar ali semana após semana. De estância turística para brincar-aos-artistas-pop a academia artística credível, Ídolos 6 foi um autêntico sumo concentrado sem adição de corantes.

(aqui fica uma selecção das 15 actuações mais marcantes)



Jurados. Que blasfémia era juntar o manager abespinhado, o director hipster de conteúdos temáticos com veia sarcástica e a actriz laroca sem conhecimentos musicais, lembram-se? Pois resultou às mil maravilhas - facilmente o melhor painel de jurados que o Ídolos já conheceu. Ventura, para o melhor e o pior, sabe do que fala mas nem sempre sabe como o dizer. Envolve-se, conspira e constrói altares com a mesma facilidade com que destrói sonhos. Era uma presença indispensável no Factor X e mostrou sê-lo também aqui no Ídolos - um pseudo-vilão que se deixa levar sempre pela emoção. Boucherie é um poço de deixas memoráveis que acrescentou ao característico humor corrosivo um maior sentido paternal para com os candidatos que antes não era perceptível. Telegráfico e cerebral, os anos de interregno só lhe fizeram bem. Maria João, de longe a presença feminina mais cativante e perspicaz que o formato já acolheu nas suas fileiras, justificou todos os cheques necessários à sua contratação. Vestiu a camisola e dedicou-se à causa com o melhor que sabia e podia fazer - analisando a performance, o traquejo e a evolução artística dos candidatos, deixando a crítica musical para segundo plano. 

Apresentador. Há seis anos na condução do formato, João Manzarra provou ser possível evoluir na continuidade e testar coisas novas mesmo passado tanto tempo. E tudo o que precisava era de estar a solo. Até nisso, reparem, esta edição de Ídolos foi uma boa surpresa - nunca o vimos tão solto, natural e descontraído sem perder a faceta de bom comunicador. Há muito que está pronto para novos voos, mas acho que precisava desta edição em particular na caderneta. Venha de lá esse talk show

Saber-fazer. Seis edições realizadas ao longo de 12 anos concedem ao Ídolos a máquina mais oleada do entretenimento português - e não vimos outra coisa, do primeiro ao último programa, senão boa televisão. Das polémicas que marcaram as audições ninguém se recordará, porque o que fica é essencialmente uma dezena de galas sublimemente produzidas e realizadas, com bons adereços, bons bailarinos e, sobretudo, a melhor banda ao vivo da televisão portuguesa. 

Mudança de paradigma. Já lá vai o tempo em que um formato destes era sinónimo de karaoke com os mesmos temas e as interpretações batidas de sempre. Ídolos 6 foi tão inventivo quanto se pode permitir a um talent show em 2015 - canções mais rebuscadas, algumas versões ousadas, galas temáticas na sua maioria originais e espaço para (muita) música portuguesa.

A temporada conclui-se amanhã, dia 23 de Agosto, e a renovação do formato parece improvável. American Idol tem já final anunciado para 2016, altura em que voltará para uma derradeira edição e o resto do mundo não tardará em seguir o exemplo. Nós por cá, já temos um sucessor testado (Factor X), que daqui em diante deverá ocupar o lugar do "moribundo". É verdade que Ídolos não precisava de ser ressuscitado, mas precisava de uma edição assim para se despedir com toda a honra e toda a glória. Obrigado por 12 anos maravilhosos, descansa em paz.

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