The Voice Portugal- Provas Cegas: 2º Programa

Na 2ª emissão do The Voice Portugal houve de tudo um pouco: caras novas, caras já vistas, histórias tristes, histórias felizes, decisões sensatas, escolhas imprevistas e talento, muito talento à solta. Começo, como sempre, pelas actuações que mais gostei:

Leonor Andrade, 19 anos- "Feeling Good"

Já me tinha apercebido pelos excertos do programa que a rapariga tinha arrasado, mas não sabia ao certo de que massa era feita. Acho que foi uma das melhores versões desta canção que já ouvi até hoje: veludosa, sedutora, cheia de soul, muito afinada (parecia até que estava a ouvir uma versão de estúdio) e sem mácula alguma - considerem-me arrebatado. O paleio que se seguiu e a decisão que tomou foram lamentáveis: a Marisa argumentou tão bem por ela e viu-se o quão triste ficou por não ter sido escolhida. Seja como for, acredito que chegue bastante longe no programa.


Constança Moreira, 21 anos- "Seven Nation Army"

Quer-me parecer que foi a primeira vez que alguém trouxe a uma audição esta grande malha da década passada, entretanto convertida a hino de estádio. E que grande primeira vez esta, que não esteve muito longe de um perfeito TKO. Excelente presença, atitude e um timbre delicioso que indiciam que ela poderá lançar-se a uma panóplia de estilos musicais e fazer um brilharete em todos eles. Gostei e estou ansioso por ver e ouvir mais.



Nuno Ribeiro, 16 anos- "Dia D"

Confesso que, à excepção deste rapaz, a ala masculina que ontem se apresentou ao serviço não foi lá muito entusiasmante. Este, porém, foi tremendamente inspirador: canta como se trouxesse o sol dentro dele, sabe como utilizar a voz e pisa o palco com um à vontade impressionante. Melhor ainda: gostei mais da sua versão do que a original, não tão suculenta quanto esta.



Gabriela Marramaque, 18 anos- "Lullaby of Birdland"

Foi, a meu ver, a surpresa da noite. Isto porque eu não esperava que alguém que se auto-denomina "uma personagem" (bem, pelo menos reconhece que é) e que parece ter saído de uma convenção de trajes steampunk, cantasse jazz com uma técnica tão impressionante para a idade que tem. Tendo em conta o seu registo e a postura muito peculiar, receio que fique desde logo afastada nas batalhas. Se tal acontecer será uma pena, porque o país precisa é de miúdas originais como esta.



Mariana Morais, 21 anos- "Right to Be Wrong"

Não gostei lá muito do seu discurso, mas gostei bastante de a ouvir cantar, e é isso que interessa. Sim, é a canção da praxe que já está mais do que batida em programas do género e eu teria torçido o nariz não fosse a forma como decidiu trazê-la ao palco - primeiro acompanhada apenas ao piano e depois num registo à-beira-do-precipício que tanto me agradou. É que é sempre cantada nos mesmos moldes, tão convencionais, que foi muito bom ver alguém a atacá-la sem dó nem piedade.



Vamos então aos apontamentos adicionais. Naturalmente que o Dinis Coutinho tem boa voz, mas preciso de ouvir mais dele e de preferência noutro registo para compreendê-lo melhor. Mas calma aí contigo rapaz nessas afirmações: de "gordo" e "feio" até te podes livrar, mas de arrogante se calhar já não. Estava à espera que o Bernardo Nunes desse mais de si em "Fast Car", canção que muito estimo, mas notei que a sua voz estava bastante trémula, o que afectou a prestação. Já o Fábio de Sousa trouxe ao palco uma versão inflamada de "Rolling in the Deep" e apesar de satisfatória, creio que lhe faltou alguma emoção, como assinalou um dos mentores: foi mais fumo que fogo, parece-me. Quanto ao André Carneiro, o músico de rua, teve ali um momento acústico de "isqueiros no ar", mas podia ter sido ligeiramente melhor.

Obviamente que tenho que reservar um parágrafo para me pronunciar acerca do "temível regresso de Carlos Costa", ao qual reagi com pavor a partir do momento em que vi as promos do episódio e avistei a mítica juba. É claro que me oponho à sua presença no programa: o que levará alguém que foi 3º classificado no Ídolos 3 há pouco mais de 4 anos atrás, concorrente do Festival da Canção e que, possivelmente, até já editou algum disco, a concorrer novamente a um talent show?! Já houve casos destes na edição anterior - Ricardo Oliveira e Deborah Gonçalves - mas nenhum deles alcançou a notoriedade que o Carlos teve e, dessa forma, era legítimo que concorressem. Agora ele não. Raios, não. Ainda para mais porque até fez um percurso decente no Ídolos e não havia necessidade de ir mostrar mais do mesmo e tirar o lugar a outros que nem uma oportunidade sequer tiveram (Iolanda Costa, anybody?). Ele teve a sua e se não a aproveitou, problema o dele. Queres ser um ícone? Pois olha que também não é no The Voice Portugal que o vais ser. Reconheço que tem técnica vocal e qualidades enquanto performer (e aí estava muito bem no Ídolos ou até mesmo no Factor X), o problema prende-se mesmo com a identidade artística. E cantar Whitney Houston foi dar um passo maior que a perna, que quase lhe ia custando a presença no programa. Enfim, é uma novela polémica a acompanhar de perto nos próximos episódios.

Por falar em capítulos futuros, o seguinte promete trazer o regresso de duas caras conhecidas: o rapaz (Bruno, julgo eu) que pôs o país inteiro a cantar "Anda Comigo Ver os Aviões" no Ídolos 5 e a Mariana, ex-Família Superstar, agora mais espigadota e letal, naquilo que me pareceu ser uma estrondosa versão de "Sweet Dreams". Upa upa, a coisa promete. Até para a semana!

Comentários

  1. Ya odiei que o Carlos Costa fosse para lá outra vez...o júri viu-se logo que ficou arrependido de o escolher...acho q foi o anselmo que o escolheu não foi? Enfim...Carlos Costa BE GONE! lool

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    1. Não, foi o Mickael e mesmo nos últimos segundos. Seja o que for que ele pretenda com esta nova participação, duvido muito que o consiga. Pode ser que assim aprenda a sua lição: "nunca voltes ao lugar onde já foste feliz". A primeira e mais valiosa regra da sensatez.

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