Vídeos Novos #500 - Uma Celebração

O boletim das efemérides do blog aponta para o quinto centenário da sua rúbrica mais antiga e activa. E vale a pena assinalá-lo porque a história da música não se conta sem as narrativas visuais que a ajudaram a moldar, que ditaram tendências e inspiraram milhões de pessoas pelo caminho.

A importância do videoclipe mantém-se de há 6 anos e meio para cá. O que mudou é a forma como o consumimos -  cada vez menos via televisão e mais online. Quando e onde quisermos. Uma e outra vez seguida de mais três ou quatro, se o impacto assim o justificar. O YouTube é a nova MTV e é graças a ele que esta celebração é possível. 

Porque, reparem, não se tratam apenas de vídeos. São - ou foram à data - novos. Publicados num curto espaço de tempo mediante a sua divulgação na plataforma. Prática melhorada com a inserção das subscrições e da chegada do gigante Vevo ao site a garantir uma maior acessibilidade e garantia de qualidade na visualização dos conteúdos. 

De entre os mais de 1000 vídeos que por aqui passaram nas páginas do Into the Music, tomei a liberdade de escolher os 5 mais marcantes dispostos por ordem cronológica. Por outras palavras, os que mais vezes me fizeram clicar no replay, pensar (e querer escrever) sobre eles e fascinar. Em 3, 2, 1:

Lady Gaga- "Bad Romance" (2009)
Realizador: Francis Lawrence
Coreógrafa: Laurieann Gibson
Troféus: 7 VMAs - Video of the Year, Best Female Video, Best Pop Video, Best Dance Video, Best Choreography, Best Direction, Best Editing; Grammy Award- Best Short Form Music Video
Visualizações: 625,546,776

O triunfo da transgressão. Como esquecer o dia em que Lady deu significado ao Gaga? A perseguição pelo ceptro da pop havia começado um ano antes, mas foi com o lançamento de "Bad Romance" que a coisa tomou proporções gigantescas. É capaz de ser o responsável pelo maior choque cultural e transgressor da cultura pop nos últimos 15 anos e desafia concepções pela inovação estética, sonora, coreográfica e visual. O mundo assistia ao nascimento da Mother Monster e ainda nada era demasiado elaborado ou esquisito - apenas uma rapariga e a sua vingança épica contra a máfia russa. Tudo perfeito.



Britney Spears- "Hold It Against Me" (2011)
Realizador: Jonas Åkerlund
Coreógrafo: Brian Friedman
Visualizações: 101,533,783

O triunfo do património. "Hold It Against Me" ganha desde logo pela revolucionária campanha promocional que envolveu o lançamento do vídeo, anunciado por pequenos teasers durante duas semanas. É o seu melhor trabalho visual desde o icónico "Toxic", porque é a primeira vez que Britney toma consciência do seu estatuto lendário na pop para construir um imaginário em seu redor, projectando assim o ido presente. Nada condiz com a letra da canção, porque não era esse o objectivo. Queria-se produzir um statement, mostrar que a Princesa da Pop continuava viva e consciente de si mesma. Objectivo cumprido - este retrato é imaculado.


Katy Perry- "Last Friday Night (T.G.I.F.)" (2011)
Realizador: Marc Klasfeld
Troféus: 38th People's Choice Award- Favorite Music Video
Visualizações: 493,435,612

O triunfo da comicidade. É ao deixarem rir Katy Perry que ela nos oferece o melhor que há em si (veja-se "Hot n Cold", "Roar" ou Birthday"). Perceber quem é o seu público e como pode chegar até ele é uma das suas grandes virtudes, frequentemente combinada com generosas doses de humor. É por isso que o casamento entre som e imagem para "Last Friday Night" resultou tão bem - uma ode a noites de farra desbragada a que se junta um concentrado visual das melhores comédias teen dos anos 80 e uma hilariante estrela da companhia na figura de Kathy Beth Terry. É o corolário da fantástica era de Teenage Dream, um dos álbuns mais significantes para a cultura pop desta década. 



Rihanna feat. Calvin Harris- "We Found Love" (2011)
Realizadora: Melina Matsoukas
Troféus: VMA- Video of the Year; Grammy Award- Best Short Form Music Video
Visualizações: 476,973,918

O triunfo da cinematografia. Quase 4 anos volvidos e ainda estremeço com o som daquele trovão... Vejamos: é o meu vídeo favorito da década, vindo da minha cantora predilecta dos últimos 10 anos. Deixa marcas não só pela ilustração e crua interpretação de uma história de amor louca, auto-destrutiva e abusiva, mas pela forma como se apresenta diante dos nossos olhos, tal e qual como uma substância alucinogénica se espalha pela corrente sanguínea - tóxica e veloz. Referências visuais retiradas de Trainspotting ou Requiem for a Dream, inspiração trazida do romance caótico entre Rihanna e Chris Brown e uma produção electro house extasiante tornam a experiência audiovisual para lá de surreal. 



Pink- "Try" (2012)
Realizadora: Floria Sigismondi
Coreógrafos: Golden Boyz e Sebastien Stella
Visualizações: 160,027,834

O triunfo da performance artística. Não será disparatado dizer que este é o melhor momento de toda a carreira de Pink - a afirmação de uma figura rebelde sempre na contracorrente dos bons costumes da indústria pop, pela concretização em formato teledisco das qualidades performativas adquiridas desde a Funhouse Tour (2009). Não será também a primeira vez que a dança contemporânea é veículo para corporizar uma relação tumultuosa, mas Pink seria a última das estrelas pop de quem se esperaria uma expressão de alma destas. É assombroso, arriscado e absolutamente lindo. 



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