2013: Um Balanço Sónico- Parte I

--As figuras--

10º
Disclosure

Guy e Howard Lawrence dominaram por completo a cena garage/house que tomou de assalto o panorama musical nos últimos 12 meses. Aliás, a história da música britânica em 2013 não se conta sem eles. Primeiro foram os fabuloso singles - "Latch", "White Noise" e "You & Me" - a levá-los ao circuito mainstream e em Junho veio a estreia no formato longa-duração - Settle - que recolheu rasgados elogios (da parte da Pitchfork e Spin, nomeadamente) pela frescura com que se atirava a um género que até então se arrastava em derivações pouco inspiradas. De seguida embarcaram numa bem-sucedida digressão mundial que os levou a sítios de renome como Glastonbury ou Coachella, lançaram mais dois singles de relativo sucesso - "F for You" e "Help Me Lose My Mind" - e acabam o ano com uma nomeação para os Grammy Awards na categoria de Melhor Álbum de Dança. Nada mau para dois irmãos que contam apenas com 19 e 22 anos. O futuro é deles.

--As canções internacionais--

21º Hellogoodbye- "(Everything Is) Debatable", Everything Is Debatable

Havia-me cruzado apenas uma vez com estes californianos - há 7 anos atrás, quando ainda eram uns imberbes jovens de manhas synthpop com travo de comédia adolescente. Em 2013 reencontrei-os e tive uma das maiores supresas de que me recordo nos últimos 12 meses: amadureceram enquanto banda e agigantaram o seu som, agora próximo de uns M83 com uma forte sensibilidade pop. Espantosa evolução e magnífica melodia - como eu adoro surpresas destas.



20º Unknown Mortal Orchestra- "So Good at Being In Trouble", II

Se há 12 meses atrás me tivessem dito que este tema constaria no meu best of de final de ano eu teria dito "assim de repente não me parece, a menos que me aconteça algo de muito estranho". Bem, aconteceu algo mas foi milagroso: passei a ouvir a Vodafone FM e os meus gostos musicais evoluíram por aí além. Foi assim que me apaixonei (lá para a 15ª audição) por este belíssimo pedaço lo-fi de rock psicadélico. E não foi preciso recorrer a nenhum alucinogénico para compreender a sua magia.



19º Foals- "My Number", Holy Fire

Adoro dançar. E quanto mais desafiante e menos óbvia for a batida, melhor ainda. Posso por isso dizer que "My Number" foi a minha grande jam inusitada de 2013. O facto de ser o single mais orelhudo e dançável dos Foals (obrigado, uma vez mais, Vodafone FM) também ajuda, mas há ali um je ne sais quoi que me compele a dançar de cada vez que a oiço - e tantas, mas tantas foram as vezes em que o meu corpo se moveu ao seu som. Vai uma última dança?



18º James Blake- "Retrograde", Overgrown

Não era propriamente fã do dubstep mininal de James Blake, cheio de murmúrios e silêncios. Estava demasiado fora do meu alcançe. E assim foi até ter lançado "Retrograde" em Fevereiro passado. E eis que suddenly I'm hit - tudo passou a fazer sentido. A voz (meu Deus, que voz) engrandeceu e os murmúrios foram preenchidos por uma chuva alada de sintetizadores. O tempo pára e o próprio ar imutável parece transformar-se à sua passagem. E durante 4 minutos o mundo inteiro é um sonho. Nem mais: a minha epifania de 2013.



--Os álbuns--
10º Everything Everything- Arc

Julgo que foi o primeiro álbum que ouvi em 2013, já lá vão 10 meses. Muitos outros vieram depois dele, mas de alguma maneira tinha que arranjar um lugar nesta lista para Arc, o 2º álbum dos britânicos Everything Everything. Gosto da esquizofrenia que por ali paira - é rock alternativo, pop inebriante com laivos de electrónica, R&B ginasticado e mais uns quantos géneros de difícil rotulagem - sempre com a sensação vertiginosa de estarem no fio da navalha. É intenso, complexo e verdadeiramente magnífico. E foi decisivo para a minha evolução enquanto melómano, uma vez que musicou o início da minha incursão pelo mundo indie. Inesquecível, portanto.
Pontos altos: "Cough Cough", "Radiant", "The Peaks" e "Don't Try"

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