2013: Um Balanço Sónico- Parte VII

  As figuras  

4º

Daft Punk

Em 2013 os Daft Punk vieram dos confins do espaço para salvarem a humanidade da tirania reinante da electrónica massiva e francamente desinspirada que ocupou o planeta Terra há 3 anos atrás. A sua arma secreta? Obtida através da regressão no tempo com vista a resgatar o período áureo da disco e funk que nas décadas de 70 e 80 emergiu na cidade de Los Angeles e materializada em Random Access Memories, o brilhante 4º álbum da dupla francesa que marca a ferro e fogo o ano que agora chega ao fim e que ofereceu ao mundo perólas como "Get Lucky", "Instant Crush", "Doin' It Right" ou "Giorgio by Moroder". Pode-se por isso dizer que Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo vieram revitalizar um género em degradação, devolvendo-lhe alma e emoção. Não deixa de ser irónico que tenham sido dois robots a mostrar-nos isso - são eles os grandes heróis de 2013.

  As canções internacionais  

7º Lorde- "Tennis Court", Pure Heroine

"Don't you think that it's boring how people talk?" - não houve outro verso em 2013 que me trespassasse de forma tão dilacerante. Aliás, toda a canção poderia resumir-se a isto que já teria caído nas minhas boas graças. Felizmente, há mais razões de interesse: uma batída cardíaca que não é mais do que um coração em discurso directo, as influências electrónicas e trip hop que por aqui se encontram e o incrível swag de uma rapariga de 16 anos que, mesmo que não queira, está a mudar a face do panorama musical. E o vídeo, mesmo sendo silencioso, diz tanto...

6º Bastille- "Laura Palmer", Bad Blood

Não sou fã de Twin Peaks, série de culto dos anos 90 centrada na misteriosa morte de Laura Palmer, a mítica personagem que dá título ao 5º single de Bad Blood, mas gosto muito dos Bastille e das suas melodias larger than life da qual "Laura Palmer" será o exemplo máximo - dramática e triunfante q.b, faz-me querer partir numa jornada épica em busca de algo emocionante, mais do que uma vida mundana pode proporcionar. "This is your heart/ can you feel it?/ pumps through your veins/ can you feel it?" - nunca me senti mais vivo.

5º London Grammar- "Wasting My Young Years", If You Wait

Sou um grande apaixonado pela cultura londrina. Pela gramática nem tanto, mas fascina-me o poder das palavras e tudo aquilo que podemos fazer com elas. Seria expectável, por isso, que os London Grammar se tornassem nuns dos meus artistas favoritos de 2013. "Wasting My Young Years" é assombrosamente bela e fantasmagórica, francamente triste e arrebatadora, muito por culpa da voz cristalina de Hannah Reid (a melhor voz feminina que ouvi este ano, repito) e pelas palavras feridas que brotam do seu âmago atormentando. Uma juventude desperdiçada que não sobrevive à passagem do tempo. Tic tac tic tac...

4º Paramore- "Ain't It Fun", Paramore

Eu tinha tudo idealizado. Quando em Abril passado os Paramore editaram o seu 4º álbum, poucos foram os que repararam estar diante de uma fabulosa metamorfose artística. Seria com este 3º single - delicioso pedaço funk/pop rock de letra sarcástica e produção oh-so-90's - que espantariam o mundo com a maturidade/liberdade musical recém-encontrada. Só falhou um pequeno pormenor: um vídeo para a canção, que assim deitou por terra qualquer hipótese de chegar a uma vasta multidão de ouvintes. Afinal de contas, "ain't it fun living in the real world", como tão bem me vim a aperceber em 2013. Não deixa de ser uma excelente canção, a melhor alguma vez feita pelos Paramore.

  Os álbuns  

4º Bastille- Bad Blood

Não sei se será correcto chamar ao álbum de estreia dos Bastille uma estreia formidável. A crítica não engraça lá muito com eles e parece-me que não são assim tão revolucionários quanto me pareceram de início. Mas sabem que mais? Nada disso me interessa. Se é certo ou errado. Se é excelente ou péssimo. Apenas sei que Bad Blood foi  o disco mais inebriante que ouvi em 2013 - absolutamente arrebatador de uma ponta à outra, repleto de hinos que me deixam à beira de um êxtase que nunca antes tinha provado. É a emoção em prol da razão, o coração acima da mente: nos seus 40 minutos de duração, sinto-me pleno de vida e sou feliz.
Pontos altos: "Pompeii", "Laura Palmer", "Bad Blood" e "Things We Lost in the Fire"

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