Foi você que pediu um remix?

Considero-me um rapaz bastante eclético e tolerante até. E não é que tenha alguma coisa contra a house music e a EDM e muito menos contra as remisturas de canções (tão necessárias neste mundo como a água é indispensável a um ser humano) mas acho que há limites para aquilo que se pode fazer com elas.
 
Refiro-me particularmente a uma moda que teve início há coisa de um ano e meio e que consiste em pegar em temas indie e aplicar-lhes um remix de forma a que a canção chegue a um maior número de ouvintes. Até aqui tudo bem: isto sempre foi prática comum - seja de que género for, raro é o tema que não seja remisturado. O problema dá-se quando a nova versão supera o sucesso da primeira e toma o seu lugar, obliterando o valor da original.
 
Ora, eu conviveria bem com este assunto caso as remisturas viessem acrescentar algo de único às canções - o que não acontece. Conferem-lhe uma aura revigorada, pois conferem, e até é interessante perceber como conseguem transformar um tema tão distante da linguagem da música electrónica num hit das pistas de dança. Agora, que venham toldar a original, isso não aceito. Não, não e não.
 
E posso enunciar 3 casos gritantes que estão na origem da minha revolta: Florence and the Machine, Lykke Li e Lana Del Rey. Todas elas associadas ao circuito indie e que, certo dia, viram-se nos lugares cimeiros das tabelas graças a - adivinhem lá - um remix. Não sei até que ponto as próprias têm controlo sobre o lançamento dos singles e os moldes em que são editados (há editoras muito pouco flexíveis nesse sentido) mas tenho quase a certeza que não aprovam estas tácticas. Afinal de contas, qual é o artista que gosta de ver o seu trabalho preterido por uma versão modernizada do mesmo sobre a qual não teve input artístico nenhum?
 
Falarei agora de cada caso, mas dando destaque à versão original, ou não bastassem já os estragos que as remisturas vieram fazer:
 
Lana Del Rey- "Summertime Sadness"
 
Não vou ser hipócrita: é a primeira vez que estou a ouvir esta versão. Mas não é porque não soubesse da sua existência antes do remix. Sim, sabia. Apenas não sou um fervoroso entusiasta do trabalho de Lana Del Rey e, como tal, não tive interesse em conheçer a canção. Mas agora que a ouvi, considero-a muito mais interessante que o remix de Cedric Gervais, que lhe retira grande parte do encanto e mistério.
Efeitos do remix: #3 na Austrália, #4 no Reino Unido, #6 na Billboard Hot 100
 


Oiçam aqui o remix de Cedric Gervais: http://www.youtube.com/watch?v=5k46bC4v_GY

Florence and the Machine- "Spectrum"
 
Aqui o caso é bicudo: a remistura de Calvin Harris foi directamente lançada como 5º single de Ceremonials, mas ao mesmo tempo que tal acontecia, a banda estreava o vídeo para a canção... original. Parece-me uma coisa do género "olhem fãs, a editora obrigou-nos a fazer esta salganhada, mas mesmo assim quisemos mostrar a nossa visão para a canção original. Desculpem qualquer coisinha, XOXO Florence". Não havia mesmo necessidade...
Efeitos do remix: #1 (Reino Unido, Irlanda, Escócia), #2 (Nova Zelândia, Portugal), #4 na Austrália
 


Oiçam aqui o remix de Calvin Harris: http://www.youtube.com/watch?v=O4-6Y_91v5I

Lyyke Li- "I Follow Rivers"

A longevidade deste tema é impressionante: conta quase com 3 anos e ainda mexe nas tabelas. Obviamente que se trata de um sleeper hit (expressão utilizada para designar hits tardios, já fora do seu timing de lançamento), mesmo assim é o remix o principal culpado por essa trajectória tão longa. Uma vez mais, o original bate a remistura por uma larga margem.  
Efeitos do remix: #1 (Bélgica, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Roménia), #2 (Áustria, Irlanda, Holanda, Suíça), #3 em Portugal
 


Oiçam aqui o The Magician Remix: http://www.youtube.com/watch?v=oS6wfWu0JvA

Serei eu o único a pensar assim? Acho extremamente redutor para um artista ser conhecido graças a uma remistura e ter o seu pico comercial com ela. É que, vendo bem, isto não fará milagres nenhuns pela carreira das três. Sim, proporciona-lhes um maior mediatismo, mas acontece que as pessoas que compram a versão remix, não serão as mesmas que no futuro comprarão os seus discos e irão aos seus concertos. Daí que, a meu ver, acho que se trata de uma estratégia comercial que compensa no imediato mas não a longo prazo.
 
Não me interpretem mal. Não tenho nada contra as pessoas que coleccionam versões remisturadas e que encontram algum tipo de encanto nelas. Eu, pessoalmente, não. Para mim não dá. É só o meu ponto de vista e há muito que o queria expressar. Afinal de contas, no final do dia interessa é que se oiça música, seja lá ela em que formato ou género for.
 
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Comentários

  1. Epa sinceramente prefiro todos estes remix aos originais, mas não costumo ser assim lool! Btw adoro Jaime King!

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  2. Pois, mas também tens que ver que escolhi a nata da nata, caso contrário o post não faria sentido. LOL não sabia quem era esse Jaime. Fizeste-me ir ver à wikipédia e vim a descobrir que afinal o Jaime veste saias e é a mulher que figura no vídeo da Lana. Vá lá, já aprendi mais uma coisa hoje lol

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