Odisseia Musical: 2009, À Flor da Pele- Parte III

Se eu não tivesse nascido em Portugal, gostava de ter crescido no Reino Unido. Não por motivos de ordem monárquica (quero mais é que a Rainha vá passear) mas porque sou um profundo apaixonado pela cultura britânica - transpira arte, emoção e é sinónimo de inovação e coisas excitantes.

Acho que a paixão vem desde criança. Com 10 anos fui a Blackpool, não propriamente com fins turísticos mas sim a propósito de um campeonato de dança (se não fazem a mínima ideia do que estou a falar, visitem a Odisseia Musical de 2003 para se situarem). Estive lá durante uma semana, e do pouco que vi, recordo-me do maravilhoso sotaque british, do magnetismo das ruas, do tempo cinzento (chamem-me parvo mas adoro o clima de lá) e da liberdade que sentia por estar fora do meu país. Foram tempos felizes...

Mas o encanto maior deu-se com a música, claro. Em meados de 2009 começei a ser um assíduo espectador dos topes britânicos - de singles e álbuns - e foi um passo muito importante para ser o que sou hoje. Até então estava completamente enraízado na cultura americana e haviam tantas outras coisas que me escapavam... Era um autêntico mundo à espera de ser descoberto.

Não é que entretanto tenha virado costas ao mercado americano, que continua a ser o mais importante e rentável do panorama musical, mas por vezes sinto que é ligeiramente aborrecido e algo previsível. Já em terras de sua majestade, o suspense e a novidade andam de mãos dadas: há quase sempre um novo nº1 a cada semana e uma série de novas entradas relativas a diferentes géneros musicais. É um autêntico melting pot de influências.

E depois, o melhor: como já devem ter reparado, a esmagadora maioria dos Magníficos Materiais Desconhecidos provém do Reino Unido. É lá que brotam as promessas do "hoje" que se tornarão nos grandes artistas do "amanhã". Como não amar esta verdadeira meca musical, certo?

Tenho uma mão cheia de sonhos por cumprir e um deles consiste em voltar a Inglaterra. Londres, se possível. Quero embuir-me daquela cultura e estar o mais próximo que puder de onde tudo acontece. Viver lá, talvez. Trabalhar. Ir a concertos todas as semanas. Contactar com músicos e outros melómanos como eu. Enfim, respirar música. Se serei mais feliz estando lá? Não faço ideia. Mas lá que seria um rapaz bem mais realizado e completo, lá isso seria.

Os temas que mais me marcaram

6º Paramore- "Ignorance", Brand New Eyes

A transição dos 17 para os 18 tem muito que se lhe diga. A frustração e revolta são apenas duas das suas diversas caras e eu encontrei nesta canção o saco de boxe perfeito para canalizar esses sentimentos. "Ignorance" foi o turbulento 1º single retirado do 3º álbum dos Paramore e assinalou uma notória evolução para uma banda à beira de desmoronar. Ainda hoje me faz ferver o sangue.

5º Britney Spears- "3", The Singles Collection

Não sei se foi por estar a assinalar 10 anos de carreira ou simplesmente porque estava num excelente dia, mas este vídeo mostrou uma Britney que há muito não se via. "3" foi o inédito que antecedeu o seu segundo best of e, até ver, é o último grande clássico da sua carreira, que parece encapsular todas as qualidades que fizeram dela a Princesa da Pop. Com 3 se faz a festa, mas ainda há espaço para um "four-on-the-floor" (!) que marca mais uma brilhante criação de Max Martin.

4º Lady Gaga- "Poker Face", The Fame

Recuamos ao tempo em que Lady Gaga estava a tomar o mundo de assalto e tudo o que vinha dela era sinónimo de inovação e entusiasmo. "Poker Face" não só superou o sucesso do anterior single, "Just Dance", como a colocou definitivamente debaixo dos holofotes, abrindo caminho para tudo o que se seguiria. É divertida, tem um refrão robótico irresistível e revolucionou a pop da época.

Os álbuns que mais me marcaram

3º Black Eyed Peas- The E.N.D.

The Energy Never Dies. Ou o fim do paradigma musical que reinou até 2009. O 5º álbum de estúdio dos BEP, lançado após um hiato de 4 anos, viu a banda afastar-se dos moldes hip-hop com que se havia popularizado e a entregar-se de vez às tendências da dance pop e electropop que cada vez mais vinham a abraçar. Extremamente decisivo para o género de sonoridade que reinou nos anos seguintes, caiu que nem uma bomba no panorama musical (estima-se que tenha vendido 11 milhões de cópias) e graças a ele chegaram a uma nova geração de ouvintes. Nunca o futuro soou tão bem.

Este é o álbum de: "Boom Boom Pow", "I Gotta Feeling", "Meet Me Halfway", "Imma Be" e "Rock That Body"

Fim da parte III. É já na próxima semana que nos despedimos de 2009. Fiquem desse lado para descobrirem quais foram os 3 artistas, as 3 canções e os 2 álbuns mais marcantes desse ano.

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