Odisseia Musical: 2009, À Flor da Pele- Parte II
Como bom apreciador de música pop que sou, sempre nutri um certo fascínio pelas cerimónias de prémios da MTV, nomeadamente, os Video Music Awards (VMAs) e os Europe Music Awards (EMAs).
Creio que é fácil perceber o porquê: é um acontecimento único que só se repete de ano em anoe que reúne uma autêntica constelação das maiores estrelas do panorama musical que se concentram num mesmo local ora para receberem prémios pelo seus trabalho, ora para actuarem ou vivo, ou, simplesmente, para darem um ar da sua graça e verem os seus colegas a fazer estas duas coisas. E pelo meio, claro, há sempre uma boa polémica.
Recordo-me que os VMAs de 2009 foram particularmente sumarentos nesse capítulo. Quem não se lembra da polémica que envolveu Kanye West e Taylor Swift, quando este decide boicotar o seu discurso de agradecimento de um prémio, demonstrado o seu desagrado por não ter sido Beyoncé a recebê-lo, num episódio que ficou imortalizado pelo "I'mma let you finish"? Quem não se recorda do momento em que Lady Gaga interpretou "Paparazzi", numa icónica actuação em que ficou banhada em sangue e inscreveu o seu nome a ouro no campeonato da pop? Ou mesmo a actuação de "Empire State of Mind", de Jay-Z e Alicia Keys, que a certa altura viram o palco ser invadido por uma Lil' Mama demasiado efusiva?
Longe vão os tempos em que essas cerimónias prendiam milhões de espectadores ao ecrã e eram sinónimo de uma noite bem-passada, recheada de fortes emoções. Actualmente, e no ano em que os VMAs comemoraram 30 edições e os EMAs assinalaram o 20ª aniversário, creio que se perdeu grande parte do encanto que os rodeava. Quero dizer, ainda alguém acredita que as polémicas são premeditadas ou que os vencedores não serão, na sua grande maioria, previamente escolhidos não com base nos votos mas graças a questões de interesse? Até as próprias actuações pecam pela falta de originalidade e já não são tão icónicas como eram no passado.
Pessoalmente os VMAs ainda me dizem alguma coisa, mas os EMAs, por exemplo, de há 2 anos para cá não me suscitam qualquer interesse - pura e simplesmente, deixei de os ver. Talvez seja um sinal dos tempos que vivemos, em que estas entregas de prémios já não fazem sentido. Ou talvez tenha sido eu que finalmente percebi que nem tudo no mundo da música se resume a ganhar ou perder, a ser ou não bem-sucedido. No final do dia importa apenas que os artistas, quer estejam no topo ou na fossa, sejam dignos aos nossos olhos e valiosos para os nossos ouvidos. E não há prémio algum que pague isso.
Os temas que mais me marcaram
9º Jay-Z feat. Alicia Keys- "Empire State of Mind", The Blueprint 3
Esta é daquelas que dá vontade de bradar a plenos pulmões: uma espécie de ode moderna da Nova-Iorque cantada por Frank Sinatra, com um fabuloso balanço hip hop de Jigga e um refrão-maior-do-que-a-vida da autoria de Alicia Keys. De carácter glorioso, é uma belíssima homenagem à cidade das luzes ofuscantes. E sabe sempre tão bem ouvi-la.
8º Rihanna feat. Jeezy- "Hard", Rated R
Nem a propósito, segue-se a discípula de Jay-Z com um dos temas mais imponentes e destemidos da sua carreira. O 2º single de Rated R marcou a sua primeira incursão em territórios de hip hop numa canção que viu nascer Rihanna em modo bad bad girl e que desafia quem se coloque no seu caminho. Num vídeo que segue uma abordagem alta-costura militar, a cantora mostra ser a mais dura no deserto e no meio dos homens.
7º Lady Gaga- "Bad Romance", The Fame Monster
Qualquer bom amante da pop, mesmo não gostando de Lady Gaga, reconhece que esta é uma das grandes canções pop dos últimos 5 anos, possivelmente o melhor tema da sua carreira. Catapultou-a para voos jamais imaginados e fez dela o ícone que é hoje: desde o experimentalismo da canção à visão rebuscada e sofisticada do vídeo, Lady Gaga estava a redefinir a face do panorama musical e era sinónimo de inovação e entusiasmo. O culto estava já ao virar da esquina.
Os álbuns que mais me marcaram
5º David Guetta- One Love
Em 2009 o DJ francês alcançava o estrelato internacional graças a One Love, 4º álbum de estúdio de uma carreira iniciada nos anos 80, mas que apenas há 7 anos atrás tinha conhecido um primeiro capítulo discográfico. Para compreendermos o fenómeno deste álbum temos que perceber que foi editado em plena era de afirmação da electropop, quando todas as manhas e truques do género eram ainda uma quase-novidade. E depois é importante porque elevou o DJ a um patamar de superstar . Pode não ser o melhor trabalho de Guetta, mas é sem dúvida o mais marcante.
Este é o álbum de: "When Love Takes Over", "Sexy Bitch", "One Love", "Memories" e "Gettin' Over"
4º OneRepublic- Waking Up
Os OneRepublic estão longe de ser a melhor banda do mundo, mas ao seu 2º álbum, à semelhança da estreia, soavam-me incrivelmente bem. Grande parte do seu encanto deve-se ao líder, Ryan Tedder, produtor/compositor que tão bem compreende os meandros da pop, mas é exactamente quando se distanciam desses cânones que mais brilham - oiça-se "Made for You", "Missing Persons 1 & 2" e "Waking Up". Ao contrário do seu mais recente trabalho, aqui ainda encontravam o equilíbrio perfeito entre temas comerciais e outros mais experimentais: é por isso, a meu ver, um álbum bem-conseguido.
Este é o álbum de: "All the Right Moves", "Secrets", "Marchin On" e "Good Life"
Fim da parte II. Para a semana prosseguimos a todo o vapor com novas memórias referentes a 2009.
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