Odisseia Musical: 2009, À Flor da Pele- Parte I
Antes mesmo de começar, 2009 já era sinónimo de imponência, ou não estivesse ele encarregue de fechar a década dos anos 00. Mas, como se não bastasse, trouxe consigo a instauração definitiva de um novo paradigma musical: a supremacia da electropop/dance pop/house music.
Por detrás desse movimento estiveram 3 grandes culpados: Black Eyed Peas, David Guetta e Lady Gaga - cujos respectivos esforços nesse domínio ocuparam os lugares cimeiros das tabelas da época. will.i.am e a sua troupe antecipavam o futuro e declaravam o fim da cena musical tal como a conhecíamos com The E.N.D.; Guetta partia na linha da frente rumo à conquista das pistas de dança europeias graças ao sucesso retumbante de One Love; e o que dizer de Lady Gaga, que explodiu estrondosamente e elevou a cultura pop a uma outra dimensão? The Fame Monster transformou-a no maior fenómeno musical dos últimos anos.
Mas nem só de batidas robóticas se fez 2009: houve ainda espaço para declarar os Muse como os maiores colossos do prog rock do séc. XXI; para assistir à consagração de Beyoncé como ícone geracional, e do seu marido, Jay-Z, que veio ocupar um lugar vago deixado por Eminem; assistimos à descida de Rihanna às catacumbas com uma obra discográfica negra e magistral, e vimos despontar sangue novo made in Britain: Florence and The Machine, The XX, Pixie Lott, La Roux ou Little Boots.
E depois há outra coisa que torna 2009 tão apoteótico: foi o ano em que fiz 18 anos, esse marco tão singular na vida de qualquer um. Menos na minha. Não sei se é por ter um Peter Pan dentro de mim ou se pelo facto da minha vida ter sido particularmente aborrecida nesse período. Sei apenas que gostava de ter ficado para sempre com 17. E saber o que sei hoje, claro.
Crescer é um processo bastante complicado, questionável e assustador, por vezes. Força-nos a enfrentar os nossos medos, a testar os nossos limites e a cair vezes sem conta para que a queda seguinte seja menos dolorosa. E ali estava eu a enfrentar os meus pesadelos. Pelo meio descobri uma grande força de vontade em mim e reconciliei-me com o meu passado, permitindo-me voltar a dançar - simplesmente porque me fazia feliz. No meio do caos, encontrei-me.
Os temas que mais me marcaram
12º Black Eyed Peas- "I Gotta Feeling", The E.N.D.
Eu sei, eu sei. Parece um cliché incluí-la nesta contagem, mas a verdade é que não há como escapar-lhe. Quem nunca dançou ao seu ritmo ou se sentiu contagiado por ela, que atire a primeira pedra. Por mais gasta que esteja actualmente, foi um estrondo autêntico para a época e deu o compasso a todos os hits de génese dance pop que apareceram nos anos seguintes. Para ouvir e dançar como se voltássemos a 2009.
11º David Guetta feat. Kelly Rowland- "When Love Takes Over", One Love
Recuamos ao tempo que David Guetta ainda era sinónimo de EDM excitante e criativa. "When Love Takes Over" disputou taco-a-taco o título de "Hit do Verão 2009" mas veio a perder para a senhora de cima. Catapultou Guetta para uma vasta camada de ouvintes e ressuscitou de certo modo a carreira de Kelly Rowland, a voz perfeita para o tema que se assemelha a uma espécie de "Clocks" em modo eufórico. O certo é que ainda hoje provoca borboletas no estômago.
10º Ciara feat. Justin Timberlake- "Love Sex Magic", Fantasy Ride
A temperatura sobe drasticamente com aquela que é uma das canções mais sensuais de que há memória. "Love Sex Magic" foi a primeira incursão de Ciara pelos domínios da dance pop com pitadas de funk e electro, o indiscutível melhor momento de Fantasy Ride, o seu primeiro acidente de carreira. Soltaram-se faíscas nesta parceria com Justin Timberlake - tão inusitada quanto animalesca. A química entre os dois é simplesmente explosiva: é um fogo que arde e se vê ao longe.
Os álbuns que mais me marcaram
6º Muse- The Resistance
Quando penso nos Muse vem-me à cabeça a definição de épico. E quando penso em The Resistance, associo-o de imediato a poder. Foi ao 5º álbum de estúdio que o trio de Teignmouth se tornou numa das maiores bandas rock do séc. XXI e este é precisamente o som de um grupo que se preparar para conquistar o mundo. Foi também o primeiro álbum da sua discografia que ouvi do início ao fim e ainda hoje me recordo da força com que me atingiu, daí figurar nesta lista. As influências de Queen estão aqui mais presentes que nunca, mas é na brilhante sinfonia dividida em três partes - "Exogenesis" - que Matt Bellamy e companhia sobem ao Olimpo.
Este é o álbum de: "Uprising", "Undisclosed Desires" e "Resistance".
Fim da parte I. A viagem pelas memórias musicais de 2009 ainda agora começou e temos mais 3 capítulos pela frente. Fiquem desse lado.
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