Considerações acerca do Factor X- I

Este ano tenho sido um espectador passivo do Factor X. "Reformei-me" da análise de talent shows com o final do The Voice em Julho passado, mas não disse o adeus definitivo a este tipo de conteúdos que ainda gosto bastante de acompanhar. Apenas não sinto aquele ímpeto urgente de ter que analisar à lupa tudo o que acontece ao longo das emissões.

Para esta nova edição do Factor X consegui aguentar 8 programas em silêncio, mas uma vez que as galas em directo estão já ao virar da esquina, acho que é a altura ideal para fazer o ponto da situação e destacar alguns dos concorrentes que me arrebataram.

Não há grande diferença desta temporada para a anterior. Só passaram 7 meses entre uma e outra, por isso algo de muito mau teria que acontecer para que se esquecessem de como fazer um bom programa de entretenimento. E é isso que para mim o Factor X continua a ser - a melhor proposta de Domingo à noite.

As alterações face à edição inaugural prendem-se com a presença de um novo jurado e o alargamento da faixa etária aos 12 anos de idade, que obrigou também à reestruturação das categorias. Bem, relativamente ao Miguel Guedes acho que tem sido uma boa surpresa, tendo conquistado o seu espaço com assertividade e serenidade. Emparelhou bem com os restantes jurados que, de resto, continuam excepcionais. Já quanto à participação das crianças não acho nada bem: estarem expostas ao showbiz logo desde tão cedo só por si só já é prejudicial, mas pô-las a competir com gente adulta é ainda pior. Também não aprovo o The Voice Kids, mas ao menos a competição - que é muito fomentada pelo próprio formato -  faz-se entre semelhantes. 

Os talentos que passam pelo Factor X continuam, para meu espanto, tão bons ou melhores que na primeira edição, e é sobre eles que me debruçarei na seguintes linhas. Vamos por categorias:

Adultos

Parece-me ser a melhor categoria deste ano. A única em que concordei com todas as escolhas e a que mais gosto também. Temos o homem do blues rock, a diva soul, o cantor romântico de timbre magnífico e a bela fadista - um grupo estrondoso. Gosto particularmente da Ana Paula Cardoso - entretanto Kika Cardoso - porque não é todos os dias que se vê alguém como ela num programa destes. Teria sucesso aqui e em qualquer lado, é uma voz para o mundo inteiro ouvir. Creio que o Junqueiro será para estes adultos um melhor mentor do que foi para os jovens no ano passado. Tem a matéria-prima e a experiência suficiente para os gerir, não há como falhar.


Raparigas 

Esta deveria ter sido a categoria do Paulo Ventura. Ou pelo menos teria sido interessante vê-lo nesse papel. Temos então três vozes bastante jovens e potentes e uma outra mais crescida e num registo acústico. Prevejo um bom futuro no programa para a Marta Carvalho, que tanto me faz lembrar uma Luciana Abreu pré-Floribella e acho que é a que tem mais potencial de crescimento. Teria substituído a Mariana pela Miriam e a Inês pela Sara, mas sou só um treinador de bancada. Gosto da Isabela, mas não sei como se poderá aguentar semana após semana sempre naquele registo.

Rapazes

Aqui a Sónia também não fez as melhores escolhas. Só gosto do Matheus Paraízo, de longe o concorrente com identidade musical mais vincada, e do Rúben Pires, que tem uma magnífica voz de rádio. O Júnior tem carisma e a pose de estrela e a criança é um pequenote admirável, mas não os teria incluído. De qualquer forma, o Matheus limpa isto tudo. O que ele fez com a "Flawless" e "Brother" foi estupendo.



Grupos

Um minuto de silêncio pela perda das Burning Tears, por favor. O Ventura deve ter um problema qualquer com os duos ou com grupos que não tenham sido constituídos por ele. Só assim se explica a decisão de ter afastado as únicas raparigas que lhe poderiam ter dado a vitória. Agora ficou com duas girlsbands paupérrimas, uma dupla que não tem cabimento possível e - menos mal - um supergrupo que passa por uma versão melhorada dos Yeah Land. Uma vez mais, os nomes escolhidos são terríveis, de meter medo ao susto. Será novamente o primeiro a ficar sem candidatos. 

E agora é esperar pelas galas, a parte mais emocionante do programa. Esperemos é que a produção tenha corrigido entretanto as inúmeras falhas da edição passada. Desta vez já não há desculpas. Voltarei ao assunto assim que for motivado a produzir mais considerações. Até lá, bom programa! 

Comentários

  1. Fazia antes um minuto de silêncio pelas incontáveis trapalhadas e injustiças que tanta credibilidade tiram ao programa. Nunca deviam ter dado outra vez a categoria grupos ao Ventura e aquele pseudo-grupo/dupla constituído sem mais nem menos no momento da decisão final foi uma palhaçada sem qualquer precedente na franquia.

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  2. Mas também dum programa que levou ao 3.º lugar alguém como o D8 já se espera tudo.

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  3. Todos os talent shows têm a sua quota parte de falhas e injustiças e o Factor X não é excepção. Concordo contigo em dois aspectos: não deveria ser o Ventura a estar novamente à frente dos grupos (talvez antes o Miguel) e a constituição daquela dupla foi totalmente despropositada e desrespeitosa para quem lutou para chegar até ali, apesar de gostar da voz do rapaz. Discordo relativamente ao D8 - não era o meu favorito mas acho que chegou com mérito à final tal como o Berg e a Mariana. Mas não vale a pena estar a empolar um assunto encerrado. O minuto de silêncio pela curta carreira das Burning Tears no programa é que não deveria ficar por cumprir :)

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  4. Mérito?! Nunca vi colo maior e mais flagrante neste tipo de programas, nem nenhum finalista tão sem talento. Mas adiante.

    Junto-me a ti nesse minuto de silêncio, gostava das Burning Tears (embora não acreditasse de todo na vitória delas, nem lá perto). Mas se fossemos a fazer um minuto de silêncio por cada falha ou injustiça, não saímos daqui este ano, por isso a sugestão do minuto de silêncio por todas.

    (E porque não os grupos para a Sónia? Ela já frisou tantas vezes que foi a mentora vencedora, assim víamos o que é que ela é capaz de fazer. Não é a cair-lhe no colo a categoria que tem o concorrente mais popular desde sempre que se tem grande mérito como mentora).

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  5. Humm, olha que no tempo do Ídolos os favoritismos eram mais evidentes e a falta de talento também. O rapaz marcou a diferença, e para mim esse era o intuito do programa.

    Eu não disse que as Burning Tears eram candidatas à vitória, mas sim que seriam as candidatas do Ventura com mais potencial de chegar à linha da meta. Se até no formato britânico dos grupos não reza a história (excepção feita aos One Direction e Little Mix), dificilmente aqui a tendência seria invertida. E muito menos com a qualidade dos candidatos desta edição.

    É verdade que a Sónia teve uma grande categoria, mas também foi a que fez um melhor trabalho com a matéria prima que tinha à sua disposição. O Junqueiro raramente acertava uma e o Ventura nem sempre sabia o que fazer com os grupos. Nesta temporada não questiono os cargos da Sónia e do Junqueiro, acho que foram muito bem entregues, só acho estranho o Ventura ter sido ultrapassado pelo jurado novato e numa categoria que faria todo o sentido ser atribuída ao Miguel. De qualquer forma, acredito que este ano a vitória será do Junqueiro.

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  6. Qualquer um marca a diferença quando parece que está a concorrer numa competição diferente. E se conhece o programa britânico, sabe certamente que lá concorrem todos em pé de igualdade e todos, independentemente do seu género musical, têm de cantar. A verdade é que mesmo dentro do género que ele diz que faz, o D8 não vale nadinha. Mas já chega de perder tempo a falar desse gajo que é o que ele quer.

    Não gostei muito de grande parte das escolhas de temas da Sónia o ano passado. Além de algumas escolhas sem sentido logo no bootcamp. Também foi na categoria dela que um concorrente não sabia a letra por mais do que uma vez, o que revela falta de trabalho de casa dos dois. Este ano, desde que assumiu a categoria "rapazes", tem sido uma sucessão de más decisões. Vamos lá ver como corre daqui para a frente.

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